O romance de estreia de James Baldwin, “Se o disseres na montanha”, chega a Portugal no mês da Consciência Negra

No mês em, que se celebra, no Brasil, o mês da Consciência Negra, surge, em Portugal, 65 anos depois da sua publicação original nos EUA, “Se o disseres na montanha” o romance de estreia de James Baldwin, uma das vozes literárias negras mais aclamadas do século XX. O livro está em pré-venda na Wook e estará, a partir de 19 de Novembro, nas livrarias portuguesas.

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“Se o disseres na montanha”, de James Baldwin
(Trad. Isabel Lucas, ed. Alfaguara Portugal, 248 páginas)

Se só pudesse escrever um livro, na vida, seria este.”
—  James Baldwin

Foi desta forma que Baldwin reagiu às excelentes críticas sobre este seu primeiro romance editado, pela primeira vez, nos EUA, em 1953. Porém, ele só agora chega a Portugal, sucedendo a “Se Esta Rua Falasse” (ed. Alfaguara Portugal), a narrativa que começou a preencheu o vazio que existiu, até Setembro de 2018, no que diz respeito às obras do autor disponíveis neste país.

A edição portuguesa de “um dos 100 melhores livros de sempre”, segundo a TIME, possui 248 páginas e foi traduzida por Isabel Lucas, escritora, crítica literária e jornalista do Público.

Quanto à premissa desta narrativa, ela é inspirado na juventude do autor, dado que o romance retrata a luta dramática de John Grimes, um jovem que procura desenhar a sua individualidade no seio de uma comunidade segregada, no bairro nova-iorquino do Harlem.

John Grimes quer construir, para si, um destino diferente, recusando-se a seguir os passos do padrasto, ministro da Igreja Pentecostal, tal como a família e a comunidade lhe tinham reservado, No entanto, numa comunidade discriminada, a liberdade de escolher pode não estar nas suas mãos, e condená-lo a uma segregação ainda mais profunda, dentro de si e entre os seus semelhantes.

“‘Se o disseres na montanha’ é o primeiro e o mais ambicioso romance de James Baldwin, que se constituiu desde logo como um marco para muitos outros escritores, ao mesmo tempo que foi conquistando o lugar de clássico da literatura americana. Nota-se uma precisão lírica e um poderoso simbolismo, com fúria e compaixão, características que Baldwin espelha em John, traçando o retrato da luta que ele próprio travou pela autodeterminação — emocional, moral e sexual —, o que transformou a sua história individual na odisseia coletiva de um povo marcado pela segregação.\”
—  Alfaguara Portugal

Durante o processo de escrita de “Se o Disseres na Montanha”, James Baldwin não criou apenas novas possibilidades para a literatura dos Estados Unidos, como permitiu aos americanos despertar para uma nova forma de se verem a si mesmos. Para além deste romance, os seus ensaios “Notes of a Native Son” (1955) e Nobody Knows my Name: More Notes of a Native Son (1961), ambos sem qualquer edição disponível no português de Camões, carregam, de forma ainda mais particular, as preocupações sobre a condição humana que dominaram a vida deste icónico autor.

Relembro que o seu nome voltou a ser bastante falado, três décadas depois da sua morte, ocorrida em 1987, com a estreia, em 2017, de um documentário adaptado de um dos seus livros, “Eu Não Sou o Teu Negro”, e a adaptação cinematográfica, realizada pelo premiado cineasta Barry Jenkins, conhecido pela longa metragem “Moonlight”, do romance Se Esta Rua Falasse, em 2018, no qual Regina King arrecadou um Oscar, na categoria de Melhor Actriz Secundária. Obviamente, estas adaptações ajudaram a relançar a obra do activista negro James Baldwin que ficou na história como um dos nomes maiores da literatura norte-americana e uma das vozes mais influentes do movimento dos direitos civis.

Foto: James Baldwin por Ralph Gatti

Sobre o autor:
Nascido em Nova Iorque em 1924, no bairro de Harlem, onde cresceu e estudou, James Baldwin partiu para França em 1948 para fugir ao racismo e homofobia existente no seu país de nascimento. Em 1953, publicou o primeiro romance, “Se o disseres na montanha”, que foi recebido com excelentes críticas. Entre as suas obras mais importantes encontram-se “Se esta rua falasse”, “O quarto de Giovanni”, “Da próxima vez, o fogo”, “Going to meet the man”, “Notes of a native son”, “Another country”. Desde cedo que se destacou como romancista, ensaísta, poeta e dramaturgo. A par desse percurso multifacetado a nível da escrita, ainda se notabilizou como uma das vozes mais influentes do movimento de direitos civis. Foi o primeiro artista afro-americano a aparecer na capa da revista Time. Faleceu, a 1 de dezembro de 1987, devido a um cancro no estômago, em Saint-Paul-de-Vence, em França. Em 2017, trinta anos após a sua morte, voltou ao palco graças a um documentário baseado na sua obra: ”I am not your negro”.

Sugestões de Leitura:

Leitores residentes em Portugal:
“Se o disseres na montanha”, de James Baldwin (Alfaguara Portugal, Wook):
https://www.wook.pt/livro/se-o-disseres-na-montanha-james-baldwin/23579758
“Se esta rua falasse”, de James Baldwin (Alfaguara Portugal, Wook):
https://www.wook.pt/livro/se-esta-rua-falasse-james-baldwin/22177255

Leitores residentes no Brasil:
“O quarto de Giovanni”, de James Baldwin (Companhia das Letras, Amazon Brasil):
https://www.amazon.com.br/quarto-Giovanni-James-Baldwin/dp/8535931325
“Se a Rua Beale Falasse”, de James Baldwin (Companhia das Letras, Amazon Brasil):
https://www.amazon.com.br/rua-Beale-falasse-James-Baldwin/dp/8535931945
“Terra estranha”, de James Baldwin (Companhia das Letras, Amazon Brasil):
https://www.amazon.com.br/Terra-estranha-James-Baldwin/dp/8535931384
“Notas de um filho nativo”, de James Baldwin (Companhia das Letras, Amazon Brasil):
https://www.amazon.com.br/Notas-filho-nativo-James-Baldwin/dp/853593376X

Boas leituras!

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