Natália Correia: Um quarto de século depois do seu desaparecimento, surgem dois inéditos que serão publicados, este mês, pela editora Ponto de Fuga

Quantas vezes, depois de longos anos sem mexer no passado, nós, os amantes da literatura, não encontramos verdadeiras obras-primas? No caso de Natália Correia, não poderia ser diferente. Com uma obra que viaja por entre vários géneros literários, a poetisa, romancista, ensaísta e dramaturga, nascida nos Açores, em 1923, foi, também, uma das grandes vozes na luta pelos direitos humanos. A 10 dias de se completar um quarto de século desde a sua morte, ocorrida a 16 de Março de 1993, a editora Ponto de Fuga vai editar “Entre Raiz e a Utopia” e “Descobri que era Europeia”, duas obras que, até este momento, mantiveram o estatuto de serem inéditas.

Parece que foi ontem, mas, Natália Correia já partiu há, praticamente, 25 anos. Todavia, o seu legado mantém-se e, por isso, este mês, chegam às livrarias nacionais, dois inéditos da multifacetada autora açoriana. Ambos, serão editados pela Ponto de Fuga, uma editora portuguesa independente que, desde o ínicio, se preocupa em editar obras de autores de referência, independentemente. do género literária. O duplo lançamento está marcado para o próximo dia 16 de Março, o dia em que, caso fosse viva, correia, completaria o seu 94º aniversário.

As Introduções e as notas incluídas neste par de obras de valor singular, ficaram a cargo de ngela de Almeida, uma poetisa e investigadora científica portuguesa, licenciada em Literatura Portuguesa, nascida, igualmente, nos Açores.

Quanto aos títulos que nos vão chegar, em breve, o primeiro a ver a luz dos das livrarias é “Entre Raíz e a Utopia – Escritos sobre António Sérgio e o Cooperativismo”. Através dele, Natália vai retratar António Sérgio, ensaísta, pensador e cooperativista português, nascido, ainda, em Damão, na índia Portuguesa, na segunda metade do século XIX, com quem teve uma relação de espantosa cumplicidade. Para aqueles que, como eu, gostam de cronologias, posso revelar que o período temporal abordado se situa entre 1946 e 1958.

Entretanto, permitam-me um parêntesis, pois, quero, também, salientar que o autor mencionado tem em “Contos Gregos”, a sua obra-prima. Por meio desta narrativa, destinada ao público infanto-juvenil, Sérgio, reconstrói o fascinante universo da mitologia grega. Reeditada, em 2016, pela Porto Editora, a obra faz parte do Plano Nacional de Leitura, sendo uma das leituras aconselhadas para os alunos do 6º ano de escolaridade.

Voltando, agora, aos inéditos de Natália Correia, “Descobri que Era Europeia – Impressões duma Viagem à América” é, antes de mais, um diário sobre a viagem que a autora realizou aos Estados Unidos da América, precisamente, a meio do século XX, dado que a mesma se realizou em 1950. Ainda que tenha sido publicada uma 1ª edição deste diário, logo, no ano seguinte, ou seja, em 1951, mais tarde, a autora fez alterações, adicionou outros textos, na esperança que houvesse uma 2ª edição, o que não se veio a verificar.

Contudo, parece que vem na altura certa, uma vez que sairá, justamente, num mês que, por norma, é dedicado às mulheres. Tendo, muito provavelmente, isso em linha de conta e com o texto revisto, com base nessa “segunda edição” que estaria a ser preparada por Correia, esta obra contém fotografias e reproduções de documentos que se encontram no espólio da escritora açoriana. Segundo a Agência Lusa, alguns textos inéditos foram, semelhantemente, incorporados.

Boas leituras!

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