Paul Beatty: O vencedor do Man Booker Prize, em 2016, tem o seu primeiro romance, “A Dança do Rapaz Branco”, editado, em Portugal, pela Elsinore

A aposta em Paul Beatty, o primeiro autor americano a vencer o Man Booker Prize, em 2016, por parte da Elsinore, uma chancela da 20|20 Editora, continua. Depois da edição de “O Vendido”, seguiu-se a chegada do seu primeiro romance, “A Dança do Rapaz Branco”, às livrarias nacionais.

Se na obra “O Vendido” (The Sellout, no título original), temos uma sátira mordaz, onde a narrativa acontece na cidade de Dickens, nos EUA, sendo Me, o protagonista que vai desafiar os pilares de toda uma vida urbana, questionar as leis da constituição americana, provocar, deliberadamente, os movimentos que defendem os direitos civis e, inclusivé, demonstrar uma relação entre pai e filho, construída, sobretudo, de acordo com as mentalidades de quem está prestes a entrar no século XXI, em “A Dança do Rapaz Branco” (The White Boy Shuffle, no título original), Gunnar Kaufman é um futuro poeta que possui raízes numa extensa linhagem de homens desprezíveis, pois, entre eles contam-se desde escravos a cobardes que participaram no assassinato de Malcolm X.

Habituado a viver afastado de todo e qualquer problema, dado que a sua vida, enquanto criança, foi resguardada dentro da comunidade branca de Santa Mónica, Kaufman e as suas irmãs vêem a vida ser alterada por uma enorme decisão da sua mãe: Mudar-se para a zona oeste da cidade, indo de encontro a uma ideia que, definitivamente, não lhes agradava, visto que, certamente, já tinham pressentido que seriam os principais visados.

Para eles, a atitude que tiveram ao recusar a participação num campo de férias, durante um certo verão, era algo absolutamente normal, pois, sabiam que a iniciativa era destinada às crianças negras. Em sua defesa, alegaram: “elas são diferentes de nós”.

Portanto, é neste ambiente que Gunnar vai aprender, de facto, o que é a vida, envolvido numa cultura que, a princípio, começou por negar. Os gangues, os motins, os estereótipos, a violência, a beleza das ruas e da vida da sociedade negra vão ter um impacto desconcertante para este péssimo dançarino, mas, brilhante jogador de basebol.

Acrescento, também, que tudo isto se passa, durante a década de 90, numa América, fortemente, caricaturada. Contudo, para muito de nós, vai parecer-nos, incrivelmente, familiar.

Boas leituras!

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