\”Livro de Vozes e Sombras\”, de João de Melo, vence o Grande Prémio de Literatura dst

Aos 72 anos, João de Melo arrecada o Grande Prémio de Literatura dst de 2021 com uma obra que já tinha sido considerada uma das melhores do ano passado pelo Ípsilon, um suplemento do jornal Público dedicado às artes e à cultura. 

O romance \”Livro de Vozes e Sombras\”, de João de Melo, editado pela Dom Quixote em junho de 2020, é vencedor da 26.ª edição do Grande Prémio de Literatura dst, segundo o que foi anunciado, no dia de ontem, pela organização, tendo o júri destacado o “apurado sentido de composição e qualidade de escrita”.

A decisão do júri, constituído pelo professor e escritor Vítor Aguiar e Silva, pelo presidente da Associação Portuguesa de Escritores, José Manuel Mendes, e, pelo professor da Universidade do Minho Carlos Mendes de Sousa, foi unânime. 15 mil euros é o valor monetário do prémio.

O júri, de acordo com o comunicado enviado à agência Lusa, realçou o “apurado sentido de composição e a qualidade de escrita no desenvolvimento de um romance que, percorrendo diversos espaços geográficos e sociais, bem como tempos convulsionados, traçam uma memória colectiva densa, avessa a todo o esquematismo, a partir de núcleos efabulatórios, nos quais avultam personagens de grande finura e poder contrastivo”.

Com os Açores, de onde João de Melo é natural, no centro da narrativa, o \”Livro de Vozes e Sombras\” é uma obra sobre as aspirações revolucionárias do pós-25 de Abril de 1974, vividas entre os Açores, Lisboa e as nações africanas, que estiveram sob administração portuguesa.

No que diz respeito à entrega do prémio, a cerimónia vai decorrer durante a Feira do Livro de Braga, agendada entre 9 e 25 de julho.

Por fim, o Grande Prémio de Literatura dst tem como objectivo distinguir “obras originais, em dois géneros literários, escritas em português por autores portugueses, contribuindo assim para a promoção e valorização das literaturas de língua portuguesa”. No ano passado, o prémio visou a área de poesia e o vencedor foi Fernando Guimarães pelo título \”Junto à Pedra\”.

Foto: João de Melo por Joana Melo

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Sobre o autor:
João de Melo nasceu nos Açores, em 1949. Aos 11 anos, deixa a sua ilha natal para prosseguir os estudos no continente, como aluno interno do Seminário dos Dominicanos, onde permanece entre 1960 e 1967. Abandonado o seminário, passa a viver em Lisboa, prosseguindo os estudos enquanto trabalha e iniciando colaborações na imprensa escrita. É, aliás, num jornal, o Diário Popular, que publica o seu primeiro conto, aos 18 anos. A partir de então publicará contos, crítica literária e poemas em diversos periódicos de Lisboa e dos Açores, integrando-se na geração literária que, sediada em Angra do Heroísmo – e ligada ao suplemento literário do jornal A União – renovou a literatura açoriana contemporânea. A incorporação no exército, com o posto de furriel e a especialidade de enfermeiro, em 1970, e a posterior ida para Angola, onde permaneceu 27 meses numa zona de guerra, marcá-lo-ão em termos pessoais e literários, sendo tema de vários livros seus, de que se destaca, na ficção, \”Autópsia de Um Mar de Ruínas\”, romance que é uma referência na literatura portuguesa sobre a guerra colonial. Já após a revolução de Abril de 1974, João de Melo licencia-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa, mantendo sempre colaboração em diversas revistas literárias (Colóquio-Letras, Vértice e, mais tarde, Sílex, Ler, etc.). No início da década de 80, torna-se professor do ensino secundário, atividade em que reparte até hoje o seu tempo com a escrita literária.

Sugestão de Leitura:

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\”Livro de Vozes e Sombras\”, de João de Melo (Dom Quixote, Wook):
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