Entrevista com Vera Valadas Ferreira, Assessora de Comunicação, Grupo Porto Editora

Durante 22 anos, Vera Valadas Ferreira escreveu sobre diversas artes desde a Música, passando pelas Artes Plásticas e pela Literatura, no papel de jornalista. Leitora compulsiva, desde os 7 anos, leu vários clássicos literários, quer nacionais, quer internacionais. Actualmente, na qualidade de assessora de comunicação da Divisão Editorial Literária de Lisboa do Grupo Porto Editora, gere os catálogos das chancelas Assírio & AlvimSextante EditoraEditora Livros do Brasil e, também, alguns títulos da Porto Editora. Fiquem a conhecer, de forma mais profunda, o trabalho desta pessoa apaixonada pela literatura.

SEL – Como se tornou leitora?
Vera Valadas Ferreira –
Aos 7 anos, já era uma leitora compulsiva. Os livros foram a minha grande companhia de infância, talvez, também por ser filha única. Nos aniversários e no Natal pedia, sempre, aos meus pais, livros de presente. E ainda, hoje, continua a ser a melhor das prendas que alguém me pode oferecer. Logo, em pequena, li muitos dos grandes clássicos portugueses e estrangeiros, e até títulos que não seriam propriamente para a minha idade, mas, aos quais tive livre acesso graças às bibliotecas dos meus pais, tios e primos. Lembro-me de que, aos 9 anos, o meu autor preferido já era Vergílio Ferreira. Ainda conservo alguns desses exemplares, já bem velhinhos, na minha estante. 

SEL – Na sua família, tem alguém que goste de ler?
Vera Valadas Ferreira –
Não, particularmente. 

\”O que mais me fascina é ter a oportunidade de ajudar a revelar, para o público em geral, grandes histórias, grandes textos, grandes autores. Formar e informar leitores. Nutrir a paixão pela literatura.\” — Vera Valadas Ferreira

SEL – Recorda-se de qual foi o primeiro livro que leu, na íntegra?
Vera Valadas Ferreira –
Tirando os livros da Anita – que, hoje, se chama Martine, e cuja coleção tinha toda, (publicada até 1985) –, o primeiro livro que li na íntegra deve ter sido o ‘Rosa, Minha Irmã Rosa’, de Alice Vieira. Li e reli todos os livros dela. O mesmo aconteceu com ‘O Cavaleiro da Dinamarca’, de Sophia de Mello Breyner Andresen. Gostava muito das coleções ‘Uma Aventura’, ‘Os Cinco’, ‘Os Sete’ e ‘Patrícia’. 

SEL – Tem algum género literário, algum(a) autor(a) favorito(a)?
Vera Valadas Ferreira –
Particularmente, gosto de biografias. Mais de metade da minha coleção privada são biografias, muitas em língua inglesa, de músicos, atores, artistas plásticos e políticos. Por isso, cativam-me, de imediato, também, as histórias escritas na primeira pessoa. Procuro ler romances de todas as latitudes, apesar de ter mais dificuldade em identificar-me com as escritas africana e brasileira. Creio que, sazonalmente, certos estilos e autores vão estando na moda: os sul-americanos, os japoneses, os nórdicos. Adoro, igualmente, a escrita e a cultura escandinavas. Gosto de policiais, mas também de grandes sagas históricas. Quanto a autores, no meu coração cabem mesmo muitos, mas… todas as pessoas deviam ler Javier Marías. Este ano, até ao momento, o autor que mais me impressionou foi o Philippe Besson e o seu ‘Deixa-te de Mentiras’.

SEL – Quando está a ler um livro, qual é a característica que faz com que não largue a história?
Vera Valadas Ferreira –
Emoção, honestidade, ritmo, contenção nas palavras, ausência de gralhas.

\”Decidi que queria ser jornalista aos 12 anos. Fui jornalista, durante 22 anos, sempre, na área da Cultura, escrevendo sobre Artes Plásticas, Literatura e Música. Quando comecei a equacionar experimentar a assessoria de comunicação, o universo literário era aquele que mais me encantava.\” — Vera Valadas Ferreira

SEL – De forma resumida, como é o seu dia a dia enquanto assessora de comunicação?
Vera Valadas Ferreira –
É bastante intenso. A minha função passa pela escrita e envio das notas de imprensa da cada livro, pela gestão do envio de exemplares das obras para os media, pela gestão dos pedidos de entrevistas ou solicitações de presença em eventos junto dos autores, pelo acompanhamento constante dos autores estrangeiros que nos visitam, pela gestão das redes sociais das várias chancelas, pela planificação e acompanhamento dos eventos de lançamento de livros, entre outras tarefas. São muitos textos, reuniões de brainstorming, emails por enviar/responder, telefonemas, assuntos para opinar/aprovar. É uma função muito estimulante, que proporciona o prazer de conhecer novas histórias e pessoas. Todos os dias são distintos porque todos os livros são distintos. 

SEL – Nos dias que correm, quais são os principais desafios para quem escolhe trabalhar com literatura?
Vera Valadas Ferreira –
O espaço que a Cultura, em geral, tem nos media, ainda não é diretamente proporcional ao bem que ela faz à alma e à formação do indivíduo. Outro desafio é despertar o prazer da leitura na geração entre os 15 e os 25 anos, para a qual os livros são vistos como uma obrigação académica.

SEL – Qual é o conselho que dá para quem quer construir uma carreira e trabalhar com livros?
Vera Valadas Ferreira – Ler muito.

\”Os influencers digitais ligados aos livros são uma interessante via de divulgação das nossas propostas literárias com a vantagem, muitas vezes, da segmentação de públicos, quase sempre com a mais-valia da globalização da mensagem. O interesse de alguns bloggers pela literatura é genuíno, e desde tenra idade, pelo que o respeito pelos livros e autores é enorme. Há, ainda, uma grande sinceridade na escolha dos títulos e no teor das publicações, algo que cativa bastante os seguidores\” — Vera Valadas Ferreira

SEL – Qual é o balanço que faz da sua experiência nesta área?
Vera Valadas Ferreira –
Extraordinário. Todos os dias, aprendo. Todos os dias, dou o meu input com algo que aprendi no passado.

Foto: Vera Valadas Ferreira/Arquivo Pessoal

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Boas leituras!

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