Prémio LeYa 2017: João Pinto Coelho vence com o romance “Os Loucos da Rua Mazur”

Finalista do mesmo prémio, em 2014, com o seu romance de estreia “Perguntem a Sarah Gross”, editado posteriormente pela Dom Quixote, João Pinto Coelho volta ao seu registo de romance histórico com “Os Loucos da Rua Mazur” que, mais uma vez, à semelhança da obra anterior, entrelaça, de forma brilhante, tempos paralelos, o que contribuiu para que arrebatasse o maior prémio literário para uma obra original escrita em língua portuguesa.

As qualidades de efabulação e verosimilhança em episódios de violência brutal com motivações ideológicas-políticas e étnico-religiosas, emergindo do fundo de uma convivência comunitária multisecular. A acção principal ocorre, imediatamente, antes da Segunda Guerra Mundial, na Polónia, duas qualidades que não passaram despercebidas ao júri deste notável prémio, onde o valor monetário atribuído ao vencedor é de 100,000 euros.

Após a edição de 2016, na qual o júri decidiu não atribuir o prémio, por falta de qualidade nas obras submetidas para apreciação, 2017, volta a ser um ano digno de registo. 400 obras inéditas, oriundas de 18 países, concorreram e o anúncio do vencedor foi feito hoje, na sede do grupo editorial LeYa, em Alfragide.

Presidido por Manuel Alegre, vencedor do Prémio Camões do presente ano, o restante painel de notáveis foi constituído por Nuno Júdice, Pepetela e José Castello, escritores, e ainda José Carlos Seabra Pereira, Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Lourenço do Rosário, Reitor do Instituto Superior Politécnico e Universitário de Maputo, e Rita Chaves, Professora da Universidade de São Paulo.

Nas palavras de Alegre, “Os Loucos da Rua Mazur é um romance bem estruturado, bem escrito, que capta a atenção do leitor, quer pelo tema quer pela construção em tempos paralelos, um no passado imediatamente anterior à Segunda Guerra Mundial e no início desta, e o outro no mundo atual”. No comunicado divulgado, ainda sublinhou: “Não cedo ao facilitismo do romance histórico, embora a história seja parte da ação e nos apresente uma visão inédita da tragédia resultante das invasões russa e nazi da Polónia.”

Outros dos aspectos que mereceu grandes elogios foi a criação de personagens com densa singularidade existencial, no triângulo perturbador de amizade e conflito amoroso dos protagonistas, tal como de figuras secundárias com valor simbólico.

Por último, o júri salientou, de forma consensual, “a força humana de um protagonista, o velho livreiro cego, que irá ficar como uma figura inesquecível da nossa ficção mais recente”.

Na opinião de Vamberto Freitas, do jornal diário Açoriano Oriental, “Não tem sido nada comum na nossa literatura, esta audácia formal e temática […], João Pinto Coelho junta-se agora a um rol de ficcionistas internacionais, sem lhes dever absolutamente nada.”

Boas leituras!

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