Obras de Dostoiévski, Gabriel García Márquez, Victor Hugo ou Naguib Mahfouz são proíbidas no Kuwait

Mais de cinco mil obras literárias foram proibidas durante um festival literário que abriu portas, no Kuwait, e decorre até ao próximo dia 24 de Novembro. A proibição suscitou protestos em setembro nas ruas e nas redes sociais como o Twitter, onde a hashtag #Banned_In_Kuwait tem sido uma das mais utilizadas para o efeito.

Hind Francis, a activista que pertence ao Meem3, um grupo anti-censura do Kuwait, revelou o seu estado de espírito, face a este período de censura que se está a viver, em declarações ao The New York Times: “Agora os livros tornaram-se drogas. Temos de ter os nossos traficantes de livros proibidos”.

Além dela, Saad al-Anzi, que dirige o Festival Literário Internacional do Kuwait, garantiu que outros 948 livros se juntaram à já extensa lista de quatro mil já proibidos, pelas autoridades, nos últimos quatro anos.

Entre os livros banidos, encontramos, infelizmente, obras como “Os Irmãos Karamázov”, o último romance do romancista Fiódor Dostoiévski, editado em Portugal pela Relógio D’Água, numa tradução para a língua portuguesa, directamente do russo, levada a cabo por António Pescada; “Cem Anos de Solidão”, de Gabriel García Márquez, a colossal saga da família Buendía, editada pela Dom Quixote, e que lhe valeu o Nobel de Literatura em 1982; “Nossa Senhora de Paris”, de Victor Hugo, um romance que foi escrito para reforçar a importância de recuperar a Catedral de Notre-Dame que, nessa altura, se encontrava abandonada; ou, ainda, “Os Filhos do Nosso Bairro”, de Naguib Mahfouz, um autor egípcio que recebeu o Nobel de Literatura em 1988. Curiosamente, “1984”, de George Orwell, cuja edição portuguesa saiu pela Antígona – Editores Refractários, é, ao mesmo tempo, uma das obras que compõem o trio de distopias clássicas, ao lado de “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, e “Fahrenheit 451”, de Ray Bradbury, apesar de uma das traduções ter sido censurada, uma outra foi aprovada.

Esta medida de actuação está ancorada numa lei de 2006 para “a imprensa e publicações” que justifica a censura dos livros mediante ofensas ao Islão ou ao poder judicial do país, além de ameaças à segurança nacional e o incentivo a atos imorais.

Entretanto, um recente comunicado do Ministério da Informação, citado pelo New York Times, afirma que “Não há proibição de livros no Kuwait. O que existe é um comité de censura para livros que examina todos os livros.”

Boas leituras!

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