No primeiro dia das comemorações do centenário de José Saramago, o autor foi condecorado pelos “serviços únicos prestados à cultura e à língua portuguesas”

A título póstumo e na qualidade de Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo Sousa condecorou José Saramago, no dia de ontem, com o grande-colar da Ordem de Camões, pelos “serviços únicos prestados à cultura e à língua portuguesas”, no arranque das comemorações do centenário do nascimento do escritor. Relembro que o único Nobel de Literatura da língua portuguesa faleceu a 18 de junho de 2010, aos 87 anos.

A condecoração foi entregue à presidente da Fundação José Saramago e viúva do escritor, Pilar del Río, numa cerimónia que teve lugar no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa, antes do concerto de abertura oficial das comemorações deste centenário.

\”José Saramago, Prémio Nobel e Prémio Camões, bem merece que lhe seja conferida hoje, a título póstumo, outra distinção que evoca o nosso poeta quinhentista: a Ordem de Camões, definitivamente institucionalizada neste ano, e que se destina a galardoar serviços únicos prestados à cultura e à língua portuguesas. E estou certo de que essa definição e o grande-colar que vou entregar a Pilar del Río contêm, em si mesmos, a justificação deste gesto tão merecido e tão simbólico, em nome de Portugal.” — Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa

A assistir a este momento solene estavam, entre outros, o primeiro-ministro, António Costa, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, e o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas.

O consagrado autor nasceu a 16 de Novembro de 1922. na aldeia de Azinhaga. Devido a dificuldades económicas, José Saramago foi obrigado a interromper os estudos secundários, tendo, a partir desse momento, exercido diversas atividades profissionais: serralheiro mecânico, desenhista, funcionário público, editor, jornalista, entre outras. O seu primeiro livro foi publicado em 1947. No entanto, só em 1976, é que passou a viver, exclusivamente, da literatura, primeiramente, como tradutor, depois, como autor. Romancista, dramaturgo, cronista e poeta, em 1998, tornou-se o primeiro autor de língua portuguesa a receber o Prémio Nobel de Literatura.

Com um ano de avanço, o dia de ontem serviu de ponto de partida para as comemorações do centenário do seu nascimento, sendo que durante este ano, o programa será diversificado e terá uma escala internacional.

O Presidente da República referiu ainda que “a Fundação [José Saramago], as escolas, as bibliotecas, os teatros, os poderes públicos e a sociedade, em Portugal e por todo o mundo”, irão comemorar esta data e que, “desse vasto programa, este é um dos momentos marcantes e mais institucionais”.

Numa intervenção de cerca de cinco minutos, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que José Saramago seria o primeiro a reconhecer “que as palavras fazem coisas, levantam as pessoas da opressão, mudam-lhes o destino, mudam o que acontece, revêem a história, permitem o futuro”.

\”A um escritor, e a um escritor como Saramago, é dado fazer acontecer o seu próprio destino, que é contrário de um destino: pertencer ao sítio onde se nasceu, mas ir mais longe, trabalhar a palavra dos outros como tradutor ou a actualidade como jornalista e escrever textos seus que vão muito além da circunstância, chegar aparentemente tarde ao cânone e nele se integrar com uma força indesmentível e irresistível, escrever para os portugueses e atingir todo o mundo.” — Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa

Adicinalmente, o chefe de Estado assinalou e realçou o alcance da “palavra do escritor” que, “sendo individual, dirige-se a todos, e chega a muitos, muitos, muitos milhões”, e realçou depois que a “palavra do Presidente”, por sua vez, “representa muitos, alguns milhões”, em nome dos quais atribuiu a Saramago a distinção póstuma com o mais alto grau da Ordem de Camões.

Como parte das comemorações em jeito de homenagem, a Porto Editora, casa editorial que edita as obras do autor em Portugal, começou a reeditar os livros deste nome incontornável da literatura portuguesa e universal com novas capas. Todos estes 8 livros chegam às livrarias lusas a 29 de novembro.

Foto: José Saramago por José Santos

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“As Intermitências da Morte”, de José Saramago (Porto Editora, Wook):
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“Ensaio sobre a Cegueira”, de José Saramago (Porto Editora, Wook):
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“O Ano da Morte de Ricardo Reis”, de José Saramago (Porto Editora, Wook):
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\”A Viagem do Elefante”, de José Saramago (Porto Editora, Wook):
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