No centenário de José Saramago, o documentário “José e Pilar” regressa aos cinemas

“José e Pilar”, o icónico documentário que, em 2011, abriu uma janela para a vida íntima do Nobel da Literatura, regressará aos cinemas para marcar o 100.º aniversário de José Saramago, através de uma parceria entre a JumpCut, os Cinemas NOS e a Fundação Saramago.

A 16 de novembro, “José e Pilar” terá uma exibição única e exclusiva nas salas NOS, de norte a sul do país, fazendo ao longo do mês parte da programação cultural das embaixadas portuguesas espalhadas por todo o mundo. A 30 de Novembro, haverá uma sessão especial do filme que retrata a vida e a obra do génio da literatura.

Co-produzido pela portuguesa JumpCut, de Miguel Gonçalves Mendes, pela El Deseo, de Pedro Almodóvar (“Fala com Ela”) e pela O2 Filmes, de Fernando Meirelles (“Cidade de Deus”), este documentário acompanha os dias de José Saramago e da sua mulher, a jornalista e ativista Pilar del Río, numa altura em que o escritor tem de finalizar o livro “As pequenas memórias” e lidar com uma agenda ultra-preenchida para promover aquele que viria a ser o seu penúltimo romance, “A viagem do elefante”.

Durante quatro anos, Miguel Gonçalves Mendes filmou José Saramago e Pilar del Río na intimidade de Lanzarote, em viagens de trabalho por todo o mundo, em festas com os amigos e a família, o que resultou, também, “numa comovente história de amor”, avaliou Fernando Meireles no jornal “Público”, constituindo o documentário português que, até hoje, chegou a mais gente (mais de dois milhões assistiram ao filme em sala).

“José e Pilar” não foi nomeado. No entanto, foi o primeiro documentário a ser submetido por Portugal para concorrer ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro. Nos maiores prémios da indústria, coube-lhe ainda a honra de ter sido o primeiro filme português a ter um tema original, neste caso, “Já Não Estar”, interpretado por Camané, a integrar a shortlist na corrida aos Óscares.

Para além da estreia em Portugal, o filme estreou comercialmente na Argentina, Brasil, Espanha, Estados Unidos e México. Nos EUA, “José e Pilar” a estreia ocorreu no MoMA, em Nova Iorque. Nas salas portuguesas e brasileiras permaneceu em cartaz durante cinco meses consecutivos.

O documentário foi visto por mais de 2,5 milhões de espectadores. No mesmo ano da estreia, foi ainda lançado o livro de entrevistas inéditas. Só em Portugal, editado pela Quetzal, vendeu nesse ano mais de 6 mil exemplares. A obra foi ainda publicada no Brasil (Companhia das Letras) e em Espanha, México, Uruguai, Argentina e Chile (ed. Alfaguara).

O livro serviu para incluir material inédito: entre novos momentos de entrevista ou reflexões sobre os entrevistados, estas edições ajudaram a complementar a experiência cinematográfica, fornecendo uma perspetiva mais aprofundada sobre o casal.

Nesse sentido, Miguel Gonçalves Mendes encontrou outra forma de fazer permanecer as palavras de “José e Pilar”, acrescentando, ao seu trabalho cinematográfico, edições em livro e banda sonora com informações que não couberam nos filmes e que complementam as imagens e os sons, dando-lhes um maior alcance.

Nascido em 1978, na Covilhã, Miguel Gonçalves Mendes estudou Realização (especialização em montagem) na Escola Superior de Teatro e Cinema. Grande parte do seu trabalho documental resultou no retrato de vários ícones da cultura portuguesa. Além de Saramago, traçou o retrato de Eduardo Lourenço (“O Labirinto da Saudade”), Mário Cesariny (“Autografia”) e Álvaro Siza Vieira (“O Labirinto da Saudade”).

Foto: Documentário \”José e Pilar\”, de Miguel Gonçalves Mendes/Divulgação

Sobre o autor:
Nascido a 16 de Novembro de 1922, na aldeia de Azinhaga, José Saramago foi obrigado, devido a dificuldades económicas, a interromper os estudos secundários, tendo, a partir desse momento, exercido diversas atividades profissionais: serralheiro mecânico, desenhista, funcionário público, editor, jornalista, entre outras. O seu primeiro livro foi publicado em 1947. No entanto, só em 1976, é que passou a viver, exclusivamente, da literatura, primeiramente, como tradutor e, depois, como autor. Romancista, dramaturgo, cronista e poeta, em 1998, tornou-se o primeiro autor de língua portuguesa a receber o Prémio Nobel de Literatura.

Boas leituras!

Leave a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Scroll to Top