“Marquesa de Alorna”, de Maria João Lopo de Carvalho

Leonor, Alcipe, condessa d´Oeynhausen, marquesa de Alorna são os vários nomes dados esta gloriosa mulher. Tal como os verdadeiros artistas, Leonor de Almeida foi uma mulher incompreendida e não aceite pela sua sociedade.

“Marquesa de Alorna”, de Maria João Lopo de Carvalho
(ed. Oficina do Livro, 688 páginas)

Uma cidadã à frente do seu tempo, Alice (seu nome artístico) era uma poetisa rebelde e culta. Com a sua personalidade forte, conseguiu conquistar as elites europeias. O imperador José da Áustria encantou-se pela sua beleza física e intelectual.

No entanto, esta mulher passou por vários momentos traumáticos. A sua infância ficou marcada pelo terramoto de Lisboa, a 1 de Novembro de 1755. Já era uma criança muito inteligente para a altura e muito imaginativa. Quando Sebastião de Melo, o afamado Marquês do Pombal, ascende a Primeiro-Ministro, Leonor é obrigada a refugiar-se no convento de Chelas. Ao pertencer à família dos Távoras, uma das mais antigas famílias aristocratas e em que um dos membros está envolvido num escândalo, toda a sua família corre perigo. Seus avós são assassinados e o seu pai é preso.

Alcipe é criada segundo os costumes rigorosos do convento, rodeada de padres e freiras juntamente com a sua irmã devota. Mas isso não a impede de se tornar numa mulher irreverente. Recebe mestres ingleses e declama poesia. Passa anos e toda a sociedade já conhece esta afamada mulher.

Os seus únicos confortos são as cartas que escreve para a sua amiga Tirse e os serões de poesia. É num desses encontros literários que ela conhece Carlos Augusto, um conde alemão que se apaixona loucamente por ela. Contudo ele para além de estrangeiro também é protestante, o que faz com que o seu pai seja contra esse casamento. Leonor acaba por ouvir seu coração e une-se em matrimónio com Carlos.

É esse casamento que permite libertá-la do convento e a leva a conhecer o resto da Europa. Carlos mostra-se um marido apaixonado e dedicado. No entanto esconde um segredo que é capaz de distanciá-lo da sua legítima esposa. Quando morre em combate, a condessa já com filhos criados parte para França. Lá ela conhece um general francês que lhe pede ajuda para derrotar Napoleão. Henri é vinte anos mais novo do que Alcipe, torna-se seu amante e vive um amor breve e avassalador ao seu lado.

Com a morte do seu irmão, Leonor torna-se marquesa. É nesse período que ela conhece Alexandre Herculano e impulsiona a sua carreira literária. Quando morre, Alexandre a descreve com estas palavras: “Aquela mulher extraordinária, a quem só faltou outra pátria, que não esta pobre e esquecida terra de Portugal, para ser uma das mais brilhantes provas contra as vãs pretensões de superioridade excessiva do nosso sexo, é quem eu devi incitamentos e proteção literária quando ainda, no verdor dos anos, dava os primeiros passos na estrada das letras.”

No seu primeiro romance histórico, Maria João Lopo Carvalho desenvolve uma bela biografia repleta de emoção. Na introdução, declara que esteve em Almeirim no quarto da marquesa. E cresceu a ouvir a história de Leonor Almeida. Tenho estudado profundamente a história desta personalidade histórica. Por isso, este romance não é só uma simples narrativa, mas uma homenagem à marquesa de Alorna. Que as grandes figuras da nossa História seja sempre lembradas!

Foto: Maria João Lopo de Carvalho por Pedro Garcia

Sobre a autora:
Nascida em Lisboa em 1962, Maria João Lopo de Carvalho licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade Nova de Lisboa. Foi professora de Português e de Inglês, criou a primeira escola de Inglês para os mais novos e trabalhou como copywriter em publicidade. Passou ainda pelas áreas de Educação e Cultura da Câmara Municipal de Lisboa. Tem mais de setenta títulos editados, entre romances, livros de crónicas, manuais escolares e livros infantojuvenis, a maior parte deles no Plano Nacional de Leitura. É presença regular na comunicação social e todos os anos visita escolas do país para incentivar o gosto pela leitura. Escreveu três romances históricos: “Marquesa de Alorna” (2011), que está atualmente a ser adaptado à televisão, “Padeira de Aljubarrota” (2013) e “Até que o Amor me Mate” (2016).

Sugestão de leitura:

Leitores residentes em Portugal:
\”Marquesa de Alorna\”, de Maria João Lopo de Carvalho (Oficina do Livro, Wook):
https://www.wook.pt/livro/marquesa-de-alorna-maria-joao-lopo-de-carvalho/11449681

Boas leituras!

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