Esta é, sem dúvida, uma boa forma de mostrar o poder da literatura: quando os livros e a leitura extrapolam as livrarias, as bibliotecas e atravessam campos de futebol, fazendo com que um jogador profissional de futebol comece a ver o mundo com outros olhos e, além de tudo isso, permitem que ele, ainda que ache que recomendar livros seja uma tarefa difícil, insista em mostrar que esse gesto pode mudar as pessoas e ajudar a criar “uma sociedade mais preparada“.
Normalmente, dizem que quem joga futebol, ou se interessa pelo desporto, não é muito adepto de ler. No entanto, Francisco Geraldes, futebolista que já jogou em equipas como o Sporting Clube de Portugal e, neste momento, representa o Rio Ave Futebol Clube, é uma prova de que isso não é 100% verdade.
Continuando a explorar essa ideia, há cerca de 4 anos, os hábitos de leitura do jovem atleta que, neste momento, tem 25 anos, foram notícia porque descobriram que ele tinha o costume de ler, horas antes de cada jogo de futebol, sendo que, nessa altura, a sua leitura era \”Ensaio sobre a Cegueira\”, de José Saramago. Mesmo depois de ter sido acusado de carregar um livro, sempre, para fingir o hábito de que está sempre a ler, ele manteve essa prática. Assim sendo, podemos afirmar que os dias de Geraldes não são preenchidos somente por futebol.
Entretanto, recentemente, fruto de uma parceria entre o Rio Ave Futebol e o PNL2027, Plano Nacional de Leitura instituído em Portugal, vamos poder conhecer melhor a faceta de leitor de francisco Geraldes.
“A leitura junto dos mais novos, mostrando que o livro é o alimento da alma, do conhecimento, da partilha, da experiência e da sabedoria.” — Francisco Geraldes
Todavia, o futebolista reconheceu, através de uma entrevista para o podcast Ponto Final, Parágrafo, criado e dinamizado por Magda Cruz, que o facto de vivermos, actualmente, numa bolha de consumo rápido, onde queremos conteúdos instantâneos e de fácil acesso, algo que não é tão fácil de ser conseguido quando recorremos aos livros, dado que a leitura dos mesmos requer tempo, as pessoas, no geral, estão a perder esses hábitos.
“Com esta iniciativa pretendo criar consciência. Creio que terá sido essa a mais valia que a literatura me deu: um despertar. Através da criação das minhas próprias imagens, emergi e tomei consciência de muitos estados de espírito e visões que sempre me foram alheias. Saí diferente daquele que era quando entrei. Quando se termina um livro de Saramago, Valter Hugo Mãe, Fernando Pessoa, Orwell, Kafka ou Thoreau: nunca se é a mesma pessoa depois de se abrir um livro e de o começar a ler. É isto que quero levar o leitor a experienciar.” — Francisco Geraldes
Neste vídeo do primeiro episódio, que tem como “cenário” a Casa-Museu de José Régio, conceituado escritor natural de Vila do Conde, Geraldes recomenda obras como “O Principezinho“, de Antoine de Saint-Exupéry, de onde lê um excerto e faz um paralelismo com a filosofa política Hannah Arendt, “Alice no País das Maravilhas“, de Lewis Carroll, “A Noite“, de Elie Wiesel e “Mil Sóis Resplandecentes“, de Khaled Hosseini.
Quanto à sua próxima leitura, ele tem como opções, \”Ratos e Homens\”, de John Steinbeck, novela editada em Portugal, pela Livros do Brasil ou a edição brasileira de \”Perto do Coração Selvagem\”, de Clarice Lispector, publicada pela Editora Rocco.
Adicionalmente, é importante salientar que Geraldes escreveu duas crónicas para a Comunidade Cultura e Arte, intituladas \”Modernidade líquida\” e \”Não matem a cotovia\”.
Foto: Francisco Geraldes; Fonte: Rio Ave FC
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Boas leituras!