Fernando Baldraia contratado para ser o editor de diversidade do Grupo Companhia das Letras

Numa altura em que o racismo volta a ser falado, a nível mundial, e o movimento Black Lives Matter volta às primieras páginas dos jornais, a Companhia das Letras, o maior grupo editorial brasileiro. fundado, em 1986, pelo editor Luiz Schwarcz, tomou a decisão de contratar o historiador Fernando Baldraia, que vai ocupar o cargo de editor de diversidade e, além disso, vai trabalhar com as chancelas do grupo, a fim de trazer mais diversidade de livros e autores para o catálogo.

No início do mês de junho, um grupo de trabalhadores da indústria editorial mundial foi formado para adotar ações coletivas contra o racismo. Sem qualquer dúvida, a iniciativa era uma resposta às mortes de George Floyd, Breonna Taylor, Ahmaud Arbery, Tony McDade e \”os muitos outros negros\”. Entre as ações do grupo, estava tirar um dia de folga para trabalhar ao serviço da comunidade negra e, também, a formação de um fundo.

Um dos desdobramentos desta primeira ação, empreendida pelos trabalhadores, foi um compromisso público, levado a cabo por parte de grandes editoras, em garantir apoio à diversidade. A Penguin Random House, o segundo maior grupo editorial do mundo, no que diz respeito aos livros de interesse geral, enviou uma carta aos seus funcionários, nos EUA, a reconhecer que, embora a empresa tenha feito progressos na diversificação de sua força de trabalho e nos conteúdos que publica, deveria fazer mais. Em 2019, a empresa criou o seu Conselho de Diversidade e Inclusão. Nesta mesma ocasião, a Simon & Schuster e o Hachette Book Group também lançaram iniciativas semelhantes.

Em termos da participação do Brasil, na última terça feira, dia 28 de julho, os funcionários do Grupo Companhia das Letras, do qual a Penguin Random House é sócia, receberam uma extensa carta com os principais atos que a empresa vai, a partir de agora, adotar.

O Grupo Companhia das Letras realça, através  fo documento que formaliza a contratação de Fernando Baldraia para o recém-criado cargo de editor de diversidade, que terá uma atuação transversal nos diversas chancelas que compõem o grupo. Ele, que é doutor em História pela Universidade Livre de Berlim, terá como foco principal a busca de novas vozes, causas, projetos e ideias que não chegam ao meio editorial.

Além de Baldraia, o grupo anunciou que Ana Paula Xongani e Samuel Gomes vão ser editores convidados da Paralela e auxiliarão no processo de avaliação de originais e seleção de títulos.

Outra das novidades previstas é a realização de um censo, entre seus funcionários e no seu catálogo. Esta será uma ferramenta que vai gerar um diagnóstico da situação atual e, obviamente, ajudar na definição de novas iniciativas e metas.

A partir de 2021, o Grupo Companhia das Letras vai iniciar um programa de trainee e de estágios com duas vagas anuais, destinadas a pessoas que atendam aos quesitos de diversidade racial. Os selecionados deverão passar pelas diversas áreas da empresa, participar de um curso sobre o mercado e sobre a profissão, que passará a ser oferecido, de forma gratuita, a estudantes com baixos rendimentos que se enquadrem no perfil.

Além das iniciativas focadas na sua força de trabalho, a empresa anunciou uma série de cerca de 100 projetos que deverá trazer mais diversidade ao seu catálogo.

Na Companhia das letras, teremos a \”Enciclopédia Negra\”, de Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz, que tem o objetivo ampliar a visibilidade de cerca de 500 negros e negras que foram invisibilizadas pela violência, e \”Memórias\” , do cacique Raoni

Na Zahar, teremos \”Por um feminismo afro-latino-americano\” , que reunirá um panorama da obra de Lélia Gonzalez, e \”Um apartamento em Urano\” , em que o filósofo espanhol Paul B. Preciado analisa processos contemporâneos centrais de mutação política, cultural e sexual;

Na Companhia das Letrinhas, \”Sejamos todos feministas\”, vai chegar uma adaptação do best-seller de Chimamanda Ngozi Adichie para o público infantojuvenil, com ilustrações e projeto gráfico de Juliana Rangel, e o novo livro de Emicida cujo título provisório é \”E foi assim que eu e a escuridão ficamos amigas\” . Nele o rapper conta a história de uma menina que tem medo de escuro e de outra que teme a luz.

Na Paralela, vamos ter \”Guardei no armário\” , um relato de um jovem nascido na periferia de São Paulo que superou o racismo e a homofobia, escrito por Samuel Gomes;

Na Quadrinhos na Companhia, teremos \”Tambores do Maranhão\”, um livro que trata da Rebelião de Viana, criado por Marcelo D’Salete, Flávio Gomes e Lilia M. Schwarcz;

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Boas leituras!

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