Em Nova Iorque, FBI detém antigo funcionário da divisão britânica da Simon & Schuster acusado de roubar manuscritos não publicados de vários autores

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Foto: Margaret Atwood por Leonardo Cendamo

Antigo funcionário da editora Simon & Schuster no Reino Unido, Filippo Bernardini, foi detido em Nova Iorque pelo FBI e está acusado de fraude e de roubo de identidade, visto que se apropriou indevidamente de centenas de manuscritos de vários autores desde 2016. Ente os autores prejudicados estão nomes consagrados como Margaret Atwood e Ian McEwan, mas também autores estreantes.

De acordo com o comunicado disponibilizado pelo Ministério Público do Distrito Sul de Nova Iorque, o antigo funcionário da editora Simon & Schuster no Reino Unido, vai ser esta quinta-feira presente a tribunal, enfrentando acusações de fraude e roubo de identidade, que acarretam uma sentença de prisão até duas décadas.

Com a detenção, poderemos colocar um ponto final num mistério que assolou a indústria editorial internacional durante vários anos, tendo sido afectados por estes roubos de manuscritos múltiplos autores.

Se recuarmos um pouco no tempo até agosto de 2020, a revista New York publicou uma extensa investigação sobre o caso, sem sucesso em desvendar o mistério, escrevendo agora um dos autores desse trabalho que Bernardini, que falará 10 línguas, encaixa no perfil para o qual tendiam muitos: “Um funcionário de baixo-nível do sector, alegadamente usando o seu conhecimento íntimo do negócio para fins nefastos.”.

“Bernardini criava estas contas ao registar mais de 160 domínios na Internet que foram feitos para ser passíveis de confusão com as entidades reais, incluindo pequenos erros tipográficos que seriam difíceis de identificar para um destinatário médio. Entre outras coisas, Bernardini substituía o “m” minúsculo com “rn” minúsculas, para aparentarem o “m\”.”

Departamento de Justiça

Adicionalmente, o mesmo comunicado acrescenta que Bernardini levaria a cabo este esquema desde Agosto de 2016, reforçando o facto de que “manuscritos pré-publicados são valiosos e a divulgação não-autorizada dos mesmos pode minar, de forma dramática, o negócio editorial.”.

No final de 2020, o prestigiado The New York Times escrevia, num texto sob o título “Por que raio está alguém a roubar manuscritos de livros por publicar?”, que a pessoa responsável pelos roubos enviava “emails” a figuras do meio usando jargão da área e à medida de cada um dos destinatários, para que aparentassem ser enviados por um agente literário particular a um dos seus autores, ou um editor a contactar um “olheiro”, com pequenas alterações feitas aos domínios a partir dos quais enviava.

Citado pela agência Associated Press, através de uma comunicado, a Simon & Schuster mostrou-se “chocada e horrorizada” por ter descoberto as alegações de fraude e roubo de identidade por um funcionário seu no Reino Unido.

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Boas leituras!

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