Entrevista com Richard Zimler, autor de “O último cabalista de Lisboa” e “Os anagramas de Varsóvia”

No âmbito da Iniciativa \”Autores que nos unem\”, inserida na 87ª edição da Feira do Livro de Lisboa, hoje, trago-vos uma entrevista com Richard Zimler. Este prestigiado autor luso-americano é formado em Religião Comparativa pela Universidade de Duke e Mestre em Jornalismo pela Universidade de Stanford. Actualmente, vive na cidade do Porto. “O último cabalista de Lisboa” e “Os anagramas de Varsóvia” são apenas duas das suas obras já publicadas, ambas pela Porto Editora. Venha conhecer melhor este escritor que trocou os arredores de Nova Iorque pela invicta com o Rio Douro como pano de fundo.

Como surgiu a vontade de ser escritor?
Em criança já escrevia pequenos textos, porém, nunca pensei que pudesse vir a ser escritor. O facto de pertencer à classe média alta de Nova Iorque, condicionava fortemente qualquer intenção minha de construir uma carreira no mundo artístico. Nos anos 60, querer ser cantor, bailarino ou escritor era algo que as famílias, especialmente, da classe social à que eu pertencia, normalmente desprezavam. Geralmente, preferiam que os filhos fossem médicos ou advogados Só comecei a escrever mais seriamente em 1987, onde o género literário escolhido foi o conto.

O que o inspira a escrever sobre temas tão distintos como a Inquisição e a Segunda Guerra Mundial, sobretudo, a partir dos judeus dos guetos de Varsóvia?
Gosto de novos desafios e não quero repetir-me. Em todos os meus livros, abordo temas universais, tais como: o amor, a amizade, a traição, o sofrimento, entre outros. Ao escrever sobre estes temas, penso que o leitor terá uma maior facilidade em se identificar com as minhas personagens. 

Quanto tempo demorou o processo de pesquisa para escrever “O último cabalista de Lisboa”?
O período de pesquisa para essa obra durou 1 ano. Foi um processo extremamente difícil, sobretudo, pela escassez de documentos em condições razoáveis nos nossos dias. Para mim, uma história deve ter factos credíveis para poder manter o leitor preso à trama. Tendo em conta esse aspecto, a minha missão principal era perceber o modo de vida dos portugueses no século XVI.

Quais são as suas principais referências literárias?
Os meus autores favoritos são:  Dostoievski, William Faulkner, Phillip Roth, Willa Cather, Ignázio Silone e Primo Levi.

Como descreve a sua experiência de viver em Portugal?
No início, a minha adaptação foi muito complicada. Iniciei a minha vida aqui, a dar aulas de jornalismo na Escola Superior de Jornalismo e, depois, mudei para a Universidade do Porto. Tive que aprender português muito rapidamente. Depois da publicação de “O Último Cabalista de Lisboa” em 1996, a minha vida mudou, pois, o meu primeiro romance foi um sucesso. Foi essa altura que percebi que talvez pudesse viver da escrita e, escrever a tempo inteiro.

Qual seria o seu conselho para quem quer ser escritor?
Ler, ler, ler… Ler os os melhores melhores livros, pois, a leitura ensina-nos involuntariamente a escrever.

Foto: Richard Zimler por Nuno Ferreira Santos

Sobre o autor:
Nascido em 1956 em Roslyn Heights, um subúrbio de Nova Iorque, Richard Zimler fez um bacharelato em Religião Comparada na Duke University e um mestrado em Jornalismo na Stanford University. Trabalhou como jornalista durante oito anos, principalmente na região de São Francisco. Foi viver para o Porto, em 1990, onde lecionou Jornalismo, primeiro, na Escola Superior de Jornalismo e, depois, na Universidade do Porto. Atualmente, tem dupla nacionalidade, americana e portuguesa. Desde 1996, publicou doze romances, uma coletânea de contos e seis livros para crianças. A sua obra encontra-se traduzida para 23 línguas.

Sugestões de leitura:

Leitores residentes em Portugal:
“O último cabalista de Lisboa”, de Richard Zimler (Porto Editora, Wook):
https://www.wook.pt/livro/o-ultimo-cabalista-de-lisboa-richard-zimler/15037796
“Os anagramas de Varsóvia”, de Richard Zimler (Porto Editora Editora, Wook):
https://www.wook.pt/livro/os-anagramas-de-varsovia-richard-zimler/16133774

Boas leituras!

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