Entrevista com Kelly Christi, autora de “Quasi di verdadi”

Boa tarde, sonhadores, a fim de inaugurar “Na Rota da Escrita”, novo formato de conteúdo no Sonhando Entre Linhas, entrevistamos a jornalista, blogueira do “Pequenos deleites” e escritora, Kelly Christi. Apenas 1 dia após o lançamento de “Quasi di verdadi” em formato digital, uma coletânea de contos curtos, que têm a vida urbana como cenário principal através da sua Litteral Conteúdos. Convidam-vos a conhecê-la melhor. Venham daí!

Como se tornou leitora?
Hum… tenho o habito de ler desde pequena, então, eu nem lembro mais como me tornei leitora, tenho a impressão que fui crescendo com isso, meu contacto com os livros foi muito cedo e como várias crianças comecei com os clássicos infantis, sabe… “Rei Leão”, “ Bela e a Fera”, Pequeno Príncipe”, esses de praxe.

Como e quando surgiu o gosto pela escrita?
Foi um pouco mais tarde, na adolescência que eu reparei que eu gostava de expressar ideias no papel, criar histórias também.

Quem são as suas referências literárias?
Eu tenho muitas na verdade, eu tive um escritor marcante para cada fase da minha vida , mas acho que Franz Kafka, Virgínia Woolf, Charles Bukowski, Clarice Lispector, Nelson Rodrigues, Luís Fernando Veríssimo, Dalton Trevisan, Rubem Fonseca, Caio Fernando Abreu, Marcelo Rubens Paiva, essa galera toda aí e mais um pouco.

Quando está a ler uma história, o que mais a surpreende?
O clímax, inclusive aqueles que são bem sutis, mas mudam o percurso todo da história… Acho demais.

Este é o seu primeiro livro, o que sentiu ao terminá-lo?
Alívio e friozinho na barriga ao mesmo tempo, porque depois que a gente termina a história vem todo um processo, de sentar com o designer para pensar na capa e no projeto gráfico,. Depois, fazer a revisão do texto, etc.

Como é o seu processo criativo para elaborar uma história?
Depende do que é para ser escrito. No blog, é mais leve e objetivo porque são crónicas sobre alguma coisa que vivi, que penso ou que está acontecendo em algum lugar. Já nos contos, eu gosto de rascunhar o personagem e ficar matutando um pouquinho, buscar outras referências sobre o assunto. Também gosto de pensar no projeto como um todo. Nesse livro, por exemplo, eu queria que ele fosse curto, ele foi todo pensado para ser assim e ser digital, , então eu tive que pensar em contos que estivessem dentro dessa proposta.

“Quasi di verdadi”, de Kelly Christi
(ed. Litteral Conteúdos, 36 páginas)

Qual é o seu principal objetivo com o lançamento de “Quasi di verdadi”?
Mostrar às pessoas, a minha outra veia literária que é vai além da crônica, eu já tinha publicado alguns em revistas literárias, mas não um livro. E que ler nem sempre é carregar um livro, não que não seja bom aquele cheirinho de um livro novo, muito pelo contrário, mas também existem outras formas de leitura com a vida digital, que merecem uma chance e que também podem ser interessantes, o e-book é uma delas.

A sua escrita flui bastante bem, é leve, descontraída e tem humor. Estará este seu estilo de escrever relacionado com o seu modo de viver?
Sem dúvida. Eu sou meio assim mesmo, eu observo os dramas quotidianos, mas ao mesmo tempo sou sarcástica e coloco essa pitada de humor nas coisas, é meu modo de encarar a vida, então isso acaba refletindo na escrita em algum momento.

Para você qual foi o tema sobre o qual teve mais dificuldade em escrever?
Tem um conto em que a personagem central e a amiga dela são defendidas por um travesti, não foi difícil, mas foi desafiador porque eu não conheço nada do mundo dos travestis ou LGBT no geral, eu conversei com alguns deles numa balada em São Paulo, que estava com amigos e tudo mais, pra entender o que passavam, achei que era um bom tema a ser abordado. Outra coisa desafiadora foi criar personagens masculinos em contos curtos ( o que é mais difícil ainda) porque. eu só criava personagens femininos até então, no blog também sou eu mesma falando de algumas situações que sinto e eu estava um pouco cansada dessa zona de conforto, então o legal é que eu consegui experimentar isso em alguns contos, mesmo que sejam curtos.

Tem alguma frase que resuma a ideia central deste e-book?
“De perto, ninguém é normal..”

Em algum momento durante o processo de escrita, você pensou em desistir?
Sim, várias vezes. Já bateu aquela dúvida existencial se eu estava fazendo a coisa certa ou não. Já passei por editora que disse sim para o meu livro, com ele no prelo e depois disse não, foi uma enorme falta de profissionalismo, mas aconteceu comigo, por outro lado isso me impulsionou a criar o meu próprio selo e colocar em prática tudo o que aprendi em edição de texto e na linguística, é um projeto novo ainda, mas espero que eu consiga ajudar outros autores novos.

O que você aconselha a quem quer começar uma carreira como escritor?
1. Descobrir o seu estilo e sempre tentar melhorar no mesmo.
2. Buscar uma forma de treinar com frequência, o blog é uma ideia, o Facebook é outra ideia para quem se sente a vontade, o diário também é outra, mas sempre tentar escrever com frequência.
3. Ler bastante, isso ajuda a melhorar a escrita inconscientemente, a gente nem acaba percebendo, mas faz toda diferença.
4. Saber reconhecer o que é crítica construtiva e aquela que é de gente idiota, só para te colocar para baixo e saber ignorá-las.

Espero que gostem.
Se alguém tiver sugestões para um autor que deva ser entrevistado pelo Sonhando Entre Linhas, pode deixar mensagem no inbox da página.

Foto: Kelly Christi/Divulgação

Sugestão de leitura:

Leitores residentes no Brasil:
“Quasi di verdadi”, de Kelly Christi (eBook, Litteral Conteúdos, Amazon Brasil):
https://www.amazon.com.br/Quasi-di-Verdadi…/dp/B06Y6KSM4L

Boas leituras!

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