Na nossa vida, por vezes, fazemos viagens que nos marcam e nos moldam de uma forma diferente, que nos ensinam qualquer coisa, em cada passo que damos e, nos mostram um mundo que jamais sonhávamos conhecer. Inês Pinheiro colocou em livro, um romance baseado em factos reais, que retrata as experiências que vivenciou no Bangladesh. “A última viagem” é a mais recente aposta da Coolbooks, editora portuguesa integrada no Grupo Porto Editora.
As primeiras sementes foram geradas durante uma visita a um hospital, naquele longínquo país, ao constatar as condições de tratamento existentes. É a partir desta observação que a autora constrói todo o enredo. Ela leva-nos a conhecer a cidade e as ruas de Daca. Neste romance, vamos acompanhar os protagonistas na sua luta pela construção de um hospital pediátrico
Um evento trágico atinge a vida de Maria Eduarda e a sua força de vontade de continuar com este projecto, iniciado no passado, desvanece. Contudo, a vida encarrega-se de manter essa memória bem viva, não permitindo que ela se esqueça desse sonho. Por essa razão e por uma questão de honra, decide regressar ao Bangladesh para lutar pela sua concretização.
Entretanto, o surgimento do director de um laboratório farmacêutico – Carlos – vai desafiá-la e testar não apenas, a sua integridade enquanto ser humano, como também, os princípios que defende. No entanto, a moeda tem sempre dois lados e, neste caso, é o mesmo Carlos que pode tornar possível a construção do tão ambicionado hospital. Assim sendo, este é o dilema central desta protagonista.
“A Última Viagem” é mais que um simples romance, é um notável hino em honra das capacidades de sobrevivência das crianças desta cidade, que embora sejam vistas como os “heróis improváveis” desta narrativa, são elas que vencem obstáculos com um nível de superação quase transcendente, em condições inimagináveis.
Concluo com uma citação de Camões, presente n’Os Lusíadas: “Em perigos e guerras esforçados /Mais do que prometia a força humana”.
Boas leituras!