“Contos de imaginação e mistério” e o modo de escrever de Edgar Allan Poe

Neste mês de Outubro que é conhecido, devido ao Halloween e, entre nós, os leitores, como o mês dos livros de terror, horror, mistério e suspense, Vitória Mansano traz-nos um texto sobre Edgar Allan Poe, um dos maiores embaixadores deste tipo de literatura.

O livro “Contos de Imaginação e Mistério”, de Edgar Allan Poe, publicado pela Tordesilhas Livros, conta com um belíssimo trabalho, do produtor gráfico, Harry Clarke (1889-1931).

As suas ilustrações demonstram o seu verdadeiro talento pelo desenho, cujo detalhismo e perfeição fazem jus, ao acompanhar cada história de Poe. Não apenas representa mas, também, irriga o imaginário literário. No que toca à tradução, ela foi realizada por Daniel Knight, que possui bacharel em Letras pela USP (Universidade de São Paulo).

Além disso, a edição possui, no seu prefácio, um ensaio de um dos maiores poetas modernos franceses, Charles Baudelaire. E digo mais, tal edição mostra um trabalho impecável, desde a capa, até o material utilizado nas páginas. É um daqueles livros que vale a pena expor na prateleira do quarto.

Quanto ao ensaio, ele foi publicado, somente, oito anos após a morte de Poe, em 1857.

Se quer exemplos da enorme influência do autor, tanto Baudelaire, quanto vários outros ilustres escritores, foram fortemente influenciados pelo seu estilo de escrita.

Mas, quem é Edgar Allan Poe? No prefácio, Baudelaire descreve-o com palavras que, até hoje, não se modificam:

“Do seio de um mundo esfomeado por materialidade, Poe jogou-se no sonho […]. Poe foi sempre grande”.

Nascido em Boston, nos Estados Unidos da América, em 1809, morre aos 40 anos. Foi um importante escritor e contista, além de ser crítico literário e considerado um dos escritores mais significativos do século XIX.

A sua morte é, até hoje, ainda um Mistério. A sua influência, não somente tocou o campo literário, mas também o cinema, a música, a televisão, entre muitos outros formatos.

Escusado será dizer que Poe possui contos magníficos acerca do mistério, suspense e terror. Digamos que a sua consagração, muito mais do que apenas contar bem, parte de um imaginário que surpreende até hoje seus leitores, mostrando um novo mundo.

Confesso que, na minha adolescência, quando o li, nas primeiras vezes, senti uma grande angústia perante as imagens, as quais pareciam-me cruéis e grotescas, com um enredo envolto de suspense.

Apesar disso (e por causa disso) nunca mais deixei de lê-lo, e, consequentemente, admirá-lo.

Dos diversos contos incluídos nesta edição, destaco “O Poço e o Pêndulo”, “O Coração Denunciador”, “Os Assassinatos da Rua Morgue”, entre tantos outros.

No entanto, “O Gato Preto” foi o conto que mais me marcou e, ao mesmo tempo, até hoje, mais me fascina.

O narrador-personagem, não identificado, retrata, no início, a sua paixão pelos animais e, principalmente, por um gato.

Nesse conto, a construção do enredo traz surpreendentes modificações acerca das atitudes dessa personagem e, obviamente, as suas condições psicológicas diante delas. Logo no início, o narrador expõe:

“Mas amanhã morrerei e hoje quero desafogar minha alma”.

Uma das grandes genialidades de Poe é escrever um conto de “Forma Simples” – em termos do estudioso em arte, André Jolles – porém, com uma complexidade de um mundo, que se alimenta, e nunca deixará de se alimentar, do Extraordinário.

Boas leituras!

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