Conto de Mia Couto inspira filme “As aves”, de Pedro Magano, que tem antestreia marcada para amanhã em Aveiro

Filmada em Aveiro, que este ano é a Capital Portuguesa da Cultura, a longa-metragem “As Aves”, que é baseada num conto de Mia Couto e conta com a realização do cineasta Pedro Magano, tem antestreia marcada para amanhã, dia 5 de março, pelas 21h30, no Teatro Aveirense, no âmbito dessa distinção. A sessão assinala as celebrações dos 143 anos do Teatro Aveirense, inaugurado a 5 de março de 1881 e, desde então, fundamental na vida cultural da cidade e da região de Aveiro.

O filme retrata um velho isolado a viver rodeado de água. Odeia os deuses e desabafa os seus lamentos com uma caturra, a Poupa, que mantém aprisionada numa gaiola, uma metáfora da sua própria vida. No entanto, encontra nas palavras dos livros que descobre na biblioteca, durante as suas deambulações furtivas pela cidade, a sua liberdade. Esta produção cinematográfica foi inspirada no conto “A morte, o tempo e o velho”, de Mia Couto, presente no livro de contos “Na berma de nenhuma estrada”, editado em Portugal pela Editorial Caminho. Contudo, o realizador cruza essa pequena narrativa com o texto da peça clássica “As Aves”, de Aristófanes.

No que diz respeito ao realizador, Pedro Magano é natural da região de Aveiro e o filme foi rodado neste território, com grande parte da ação a decorrer na ria. Um ritmo de filmagens planeado de acordo com as marés, num local de difícil acesso e pouca mobilidade, mas com um enorme potencial visual. A narrativa é cíclica, indo ao encontro do conceito de vida repetitiva dos humanos e da dimensão cíclica do Tempo, tal como o conhecemos.

Adicionalmente. é importante referir que a antestreia de “As Aves” será acompanhada de uma exposição de fotografia de Jorge Costa, com imagens da rodagem do filme e dos lugares onde esta aconteceu, sendo que a mesma estará patente no foyer do Teatro Aveirense entre 5 e 23 de março.

Foto: Imagem do filme “As aves”, de Pedro Magano/Divulgação

Sobre o autor:
Nascido na Beira, Moçambique, em 1955. Mia Couto foi jornalista e professor, e é, atualmente, biólogo e escritor. Está traduzido em diversas línguas. Entre outros prémios e distinções (de que se destaca a nomeação, por um júri criado para o efeito pela Feira Internacional do Livro do Zimbabwe, de “Terra sonâmbula” como um dos doze melhores livros africanos do século XX), foi galardoado, pelo conjunto da sua já vasta obra, com o Prémio Vergílio Ferreira 1999 e com o Prémio União Latina de Literaturas Românicas 2007. Ainda em 2007, foi distinguido com o Prémio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura pelo seu romance “O outro pé da sereia”. “Jesusalém” foi considerado um dos 20 livros de ficção mais importantes da «rentrée» literária francesa por um júri da estação radiofónica France Culture e da revista Télérama. Em 2011, venceu o Prémio Eduardo Lourenço, que se destina a premiar o seu forte contributo para o desenvolvimento da língua portuguesa. Em 2013, foi galardoado com o Prémio Camões e com o prémio norte-americano Neustadt.

Sugestões de leitura:

Leitores residentes em Portugal:
“Na berma de nenhuma estrada”, de Mia Couto (Editorial Caminho, Wook):
https://www.wook.pt/livro/na-berma-de-nenhuma-estrada-mia-couto/15066666

Leitores residentes no Brasil:
“Na berma de nenhuma estrada”, de Mia Couto (Companhia das Letras Amazon Brasil):
https://www.amazon.com.br/berma-nenhuma-estrada-Mia-Couto/dp/8535927557
“As aves: Uma comédia grega”, de Aristófanes (eBook, Expresso Zahar, Amazon Brasil):
https://www.amazon.com.br/As-aves-Uma-com%C3%A9dia-grega-ebook/dp/B00HSNYXFA

Boas leituras!

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