Banda Desenhada: Albert Uderzo, co-criador de Astérix e Obélix, falece, aos 92 anos, na sua casa de Neuilly-sur-Seine, em França

Na última terça-feira, desapareceu, aos 92 anos, devido a um ataque cardíaco, aquele a quem o jornal francês Le Monde apelida de “um monumento, em todos os sentidos das palavras”. Para o igualmente célebre Le Figaro, Albert Uderzo foi um “gigante de talento monstruoso”. Co-criador da longa coleção de banda desenhada Asterix, com René Goscinny, em 1959, Albert Uderzo deixa, para sempre, um legado inegável às gerações do mundo inteiro que, durante 61 anos, cresceram com os gauleses Astérix e Obélix. Em Portugal, a coleção é editada pela Edições ASA.

A informação foi avançada à Agência France Press por familiares. “Ele morreu enquanto dormia na sua casa em Neuilly, de ataque cardíaco não relacionado com o coronavírus”, confirmou o genro, Bernard de Choisy, adiantando que Uderzo se sentia “cansado” há já algumas semanas.

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Fonte: Edições ASA

Em 1959, Uderzo criou Astérix — a história de uma irredutível aldeia de gauleses que conseguem evitar a conquista pelos romanos graças à poção mágica que o druida Panoramix prepara — com o escritor e argumentista René Goscinny para o jornal Pilote.

Para Uderzo, o facto de o nome começar por A, dando origem a Astérix, foi uma mania de Goscinny: “Desde que o nome do herói comece por um A vai sempre ficar nos primeiros lugares das prateleiras. Eles ligam à ordem alfabética.”

Todavia, o primeiro álbum da famosa série, Astérix, o Gaulês, só foi publicado dois anos depois, sendo seguido por Astérix e os Normandos. Lançado em 1966, este último vendeu mais de um milhão de exemplares. Nesses anos, a série tornou-se tão famosa que o primeiro satélite francês, lançado em 1965, se chamou Astérix-1.

Juntos, Goscinny e Uderzo, criaram 24 dos 38 livros publicados desta coleção transgeracional. Recordo que René Goscinny faleceu, vítima de um ataque cardíaco, aos 51 anos, a 5 de novembro de 1977.

Numa entrevista que deu, em exclusivo, ao Público, na véspera da publicação de mais um volume da colecção, em Portugal, no ano de 2005, Albert Uderzo, quando questionado sobre como é que via o futuro de Astérix, respondeu: “Há uma coisa que respondo a todos os que me perguntam o que vai acontecer depois da minha morte: Astérix não voltará a existir na banda desenhada. Poderão ser feitos filmes, ser editados álbuns, ser concedidas licenças, etc., mas não me agrada a ideia de que o personagem pudesse ser deformado completamente por quem viesse a pegar nele.”

Na longa lista de homenagens ao desenhista francês, Gillaume Canet, que já anunciado como o realizador da próxima aventura do intrépido chefe gaulês e do seu amigo Obélix no cinema, intitulado Astérix et Obélix, l’Empire du Milieu (Astérix e Obélix, o Império do Meio), vai também encarnar o protagonista, o que faz com que a sua homenagem seja destacada de forma particular.

Canet revelou, através da sua conta de Instagram a importância de Uderzo para a sua formação ao afirmar: “Eu lia as BD do meu pai e, hoje, continuo a lê-las com os meus filhos”.

Acrescentou, igualmente, o que sentiu, durante o seu trabalho de pré-produção da rodagem de “Astérix et Obélix, l’Empire du Milieu”, ao conhecer um dos pais de Astérix e Obélix: “Tive a felicidade de conhecer Albert Uderzo nos últimos meses. Foi uma emoção e uma experiência muito forte falar com ele, descobrir o seu olhar de criança.”

Mais de 60 anos depois da criação da história dos “irredutíveis gauleses”, a banda desenhada permanece uma das mais populares de sempre. As aventuras do pequeno Astérix e do seu grande e forte companheiro Obélix venderam perto de de 400 milhões de exemplares em todo o mundo e inspiraram mais de uma dezena de filmes, com personagens reais e animadas. A série está traduzida em mais de 107 línguas e dialetos, incluindo o mirandês.

Foto: Albert Uderzo por Stephane de Sakutin

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Sobre o autor:
Nasceu, em 1927, na cidade de Fismes, no Marne. Aos cinco anos, Albert Uderzo já demonstrava uma incrível aptidão para desenhar. Totalmente autodidata, conheceu, em 1951, o parisiense René Goscinny (1926-1977), que viria a ser o seu parceiro. Em 1959, no primeiro número da revista Pilote, que a dupla de amigos ajudaram a criar, é publicada, na página 20, a primeira prancha com as aventuras de Asterix. Em 1961, a publicação do primeiro álbum, Asterix, o gaulês. No dia 5 de novembro de 1977, morre René Goscinny, deixando incompleto o álbum Asterix e os belgas. Em 1980, Uderzo passa a escrever e desenhar os álbuns da série.

Sugestões de Leitura:

Leitores residentes em Portugal
“Astérix, o Gaulês” – Volume 1, René Goscinny e Albert Uderzo (Edições ASAWOOK):
https://www.wook.pt/li…/asterix-o-gaules-rene-goscinny/39719
“Astérix – A Foice de Ouro” – Volume 2, René Goscinny e Albert Uderzo (Edições ASA, Wook):
https://www.wook.pt/…/asterix-a-foice-de-ouro-rene-go…/39721
“Astérix e os Godos” – Volume 3, René Goscinny (Edições ASA, Wook):
https://www.wook.pt/…/asterix-e-os-godos-rene-goscinny/39720
“Astérix Gladiador” – Volume 4, René Goscinny e Albert Uderzo (Edições ASA, Wook):
https://www.wook.pt/l…/asterix-gladiador-rene-goscinny/39717
“A Volta á Gália de Astérix” – Volume 5, René Goscinny e Albert Uderzo (Edições ASA, Wook):
https://www.wook.pt/…/a-volta-a-galia-de-asterix-ren…/171319

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Boas leituras!

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