A lista dos 10 autores best-sellers do ano passado, em terras de Isabel II foi, brilhantemente, dominado pelo sexo feminino, dado que a única excepção prende-se com a presença do escritor nipónico, Haruki Murakami.
Na análise às vendas de livros de ficção, em solo britânico, segundo a revista Bookseller, a romancista canadiana Margaret Atwood foi a romancista que mais lucrou em 2017. Para esse feito, muito contribuíram as adaptações dos seus romances “The Handmaid’s Tale”, uma produção da Hulu, baseada na sua narrativa distópica publicada em 1985, e “Alias Grace”, baseado no seu romance, também, homónimo, editado, pela primeira vez, em 1996, sendo que a adaptação televisiva é da responsabilidade da Netflix.
Por essa razão, a nível global, a autora atingiu quase 2,8 milhões de libras esterlinas (3,16 milhões de euros). Em Portugal, ela é publicada pela Bertrand Editora, uma editora que integra o grupo editorial da Porto Editora.
Já, Sarah Perry surge, de seguida, com o seu premiado “The Essex Serpent”, publicado, em Portugal, pela Minotauro sob o título de “A Serpente de Essex”. Ao todo, Perry, arrecadou 1,6 milhões de libras, aproximadamente 1,8 milhões de euros, com as vendas com a sua aclamada narrativa de estreia, visto que é o seu único livro editado.
A fechar o pódio, aparece Helen Dunmore que, infelizmente, já não está entre nós, dado que faleceu a 5 de Julho de 2017. No entanto, esta escritora, contista e poetisa britânica deixou-nos as suas duas últimas obras, “Birdcage Walk”, incluída na lista de finalistas ao Walter Scott Prize, e a sua definitiva colecção de poemas, “Inside the Wave”, vencedor de um Costa Book Award, na categoria de Poesia. No que diz respeito a vendas, Dunmore faturou 1,1 milhões de libras, ou seja, o equivalente a 1,24 milhões de euros.
Os 4º e 5º lugares são ocupados por Naomi Alderman, com o seu “The Power”, o vencedor do ‘Women’s prize for fiction’, e pela escritora italiana Elena Ferrante, autora da aclamada tetralogia napolitana, respectivamente.
O mais surpreendente é ver que Haruki Murakami, autor nipónico consagrado por diversas obras, das quais destaco: a trilogia 1Q84 e Norwegian Wood, o único homem presente nesta lista, ocupa o 6º lugar. Ainda assim, as receitas, por ele, obtidas ascendem a um milhão de libras, cerca de 1,12 milhões de euros.
A escocesa Ali Smith, autora do romance “Outono”, editado em terras lusas pela Elsinore, Zadie Smith, autora do romance “Swing Time”, livro que integrou a lista de potenciais vencedores da edição de 2017 do Man Booker Prize, tendo sido editado, por cá, pela Dom Quixote, Maggie O’Farrell, autora de “O Estranho Desaparecimento de Esme Lennox”, um romance que figura no catálogo da Editorial Presença, desde 2011, e Arundhati Roy, autora indiana, que, recentemente, voltou aos romances com “O Ministério da Felicidade Suprema”, cuja edição portuguesa é da Edições ASA, e que fez com que, de forma inédita, fosse nomeada, pela segunda vez, para o Man Booker Prize, em 2017, exactamente, duas décadas depois de ter vencido o mesmo galardão com “O Deus das Pequenas Coisas”, completam a lista dos bestsellers mais vendidos no Reino Unido, no último ano.
Todavia, é estranho e, desde já, afirmo que não sou o único a defender essa ideia, a ausência de Kazuo Ishiguro, nesta lista, sobretudo, porque é o actual Prémio Nobel de Literatura e, porque, a sua escrita foi, exaustivamente, aclamada pela sua grande força emocional. Relembro que, por aqui, todas as edições disponíveis pertencem à Gradiva Publicações, S.A. A título de exemplo, sublinho: “Os Despojos do Dia”, “Nunca me Deixes” ou, então, “O Gigante Enterrado”.
A partir da análise da publicação, acima, mencionada, as vendas de Ishiguro, naquela que é, desde os seus cinco anos, a sua terra natal totalizaram, apenas, 709 mil libras (800 mil euros), no ano passado.
Por fim, apesar do intenso domínio das mulheres nesta lista, dedicada às obras de ficção, no último ano, elas representam menos de metade dos 50 autores mais vendidos no país.
Boas leituras!