“Sensibilidade e Bom Senso”, de Jane Austen #2: O início de tudo

Neste texto, Ana Beatriz Ribeiro traz a sua analíse sobre os acontecimentos iniciais de “Sensibilidade e Bom Senso”, o primeiro romance de Jane Austen, editado pela Editorial Presença.

Logo que um pai, patriarca de família, falece, os seus bens são imediatamente herdados pelo parente masculino mais próximo. E é assim que este livro começa.

Mr. Dashwood falece, deixando à sua segunda mulher, Mrs. Dashwood, e as três filhas, Elinor, Marianne e Margaret, a cargo do seu filho, fruto do seu primeiro casamento, Mr. John Dashwood. E, nos seus últimos momentos, pede-lhe que cuide da sua mulher e das suas filhas e este acata esse derradeiro pedido do pai.

Mr. John Dashwood estabelece um valor para dar a cada uma para que possam viver razoavelmente. Contudo, assim que fala com a sua esposa, Fanny Dashwood, esta convence-o a reduzir esse valor, usando como desculpa a vontade de querer deixar um bom rendimento ao seu filho, sendo que este não se sentiria feliz no futuro por ver a sua herança diminuída. Acatando o conselho da esposa, Mr. Dashwood reduz o valor e considera que isso é uma decisão muito justa para as quatro mulheres que tinha a seu cargo.

 O tempo foi passando e Norland acolheu toda esta família. Todavia, o ambiente familiar não era o melhor, sobretudo, entre Fanny e Mrs. Dashwood, visto que a nova proprietária fazia questão de referir constantemente o seu novo estatuto e os seus novos privilégios. E, enquanto isto acontecia, Mr. Dashwood, aconselhado pela esposa, ia reduzindo cada vez mais a ajuda que ia atribuir à segunda esposa do seu pai.

Quando Mrs. John Dashwood se tornou verdadeiramente insuportável, Mrs. Dashwood decidiu sair de Norland e começou a procurar uma casa para si e para as suas filhas. E acabou por receber uma carta de um primo, Sir John Middleton, que estava disposto a disponibilizar-lhes um chalé. E, logo que os pormenores foram acertados, a mudança começou.

Mr. Dashwood que pretendia ajudar Mrs. Dashwood e as suas meias-irmãs, a fazerem a mudança e a acarretar com os custos disso, nem isso fez, visto que tudo foi tratado entre elas e esse tal primo. Mrs. John Dashwood, ao vê-las partir, experimentou uma sensação agridoce, dado que, por um lado, queria ver-se livre delas, mas, por outro, lamentava ficar sem as porcelanas e sem a mobília tão bonitas e que ficavam tão bem em Norland.

Contudo, nenhum dos envolvidos esperava que esta mudança fosse tão positiva como acabou por se revelar. E as Dashwoods acabaram por criar uma vida confortável e estavam sempre rodeadas de amigos que as apoiaram nessa nova vida longe da tão amada Norland.

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Sobre a autora:
Nasceu em 1775, em Steventon, Hampshire, no Sul de Inglaterra. Jane Austen foi a sétima de oito filhos do reverendo George Austen, o pároco local. Começou a escrever “Orgulho e Preconceito”  aos vinte e um anos, obra que viria a ser publicada, pela primeira vez, apenas em 1813, anonimamente, tendo-se tornado um sucesso imediato junto do público. Embora todos os romances publicados em vida da autora tenham sido anónimos, Jane Austen contou desde cedo com leitores ilustres e muito devotados, entre os quais o Príncipe Regente, mais tarde rei Jorge IV, e o escritor Walter Scott. A sua escrita – apesar de ter vivido num universo quase exclusivamente confinado ao círculo dos seus relacionamentos familiares – revela uma finíssima capacidade de observação do comportamento humano, em especial o das famílias e das jovens das classes médias e alta, e um espírito arguto e satírico que a faz ombrear com os maiores romancistas da literatura universal. Da mesma autora, o leitor pode encontrar, também na coleção «Grandes Narrativas», as obras “Sensibilidade e Bom Senso” e “Orgulho e Preconceito” e “Persuasão”.

Sugestões de Leitura:

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“Sensibilidade e Bom Senso”, de Jane Austen (Editorial Presença, WOOK):
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