#4 – Que se resgate a figura do negro, de todo o sistema de secundarização

Será que Pai Natal (Papai Noel) é originalmente branco e com faces rosadas? E Cleópatra? Sim, aquela bela e poderosa mulher com cabelos lisos e negros, era de fato branca? E o que dizer de Alexandre Dumas? Autor de importantes obras como o “Conde de Monte Cristo” e “Os Três Mosqueteiros”, era de fato de pele branca? Trazendo as questões para terras tupiniquins, o grande escritor Machado de Assis era branco? Numa resposta simples e objetiva, a resposta é não, para todas as questões anteriores. Ficaram surpresos?

Indagações, como essas, são difíceis de se encontrar, isto para não falar da incerteza contida nas respostas. São perguntas que despertam a consciência de algo que os media, a literatura e a própria história, desde sempre, empurram e pressionam como conhecimento absoluto a respeito da pluralidade racial de grandes personalidades como as que citei, acima.

São perguntas que não deveriam soar como um gotejar intermitente, sobretudo, por culpa da enxurrada de questões que envolvem o embranquecimento racial. Entretanto, como o conhecimento que nos bate, é uma porta que não deve ser aberta à força, mas, com o cortejar de um convite, este texto será uma invocação às verdadeiras cores que deveriam preencher a nossa literatura e cultura.

Desaparecimento, silêncio, perda e exclusão, são apenas alguns dos sentimentos que podem ser empregados ao embranquecimento. Machado de Assis viveu, por meio século, com a escravidão até ela ser abolida. Filho de mãe branca e pai negro, com avós resgatados da escravatura, pouco se fala acerca das suas origens. E a grande razão surge, principalmente, da higienização social que foi imposta, a fim de clarear a população entre os séculos XIX e XX. Nesse período alargado de tempo, um negro deveria esquecer as suas raízes, ainda que aparentes, para ser reconhecido, somente, pelo que fazia. Obviamente, isso só acontecia, quando havia oportunidade. Ainda assim, é um descolamento infeliz entre o ser e o fazer. Entre o pertencer e o ser idealizado por isso. Embranqueça e seja “encaixado” e aceite.

Que se resgate a figura do negro, de todo o sistema de secundarização! Na Antiguidade, já dizia o ditado, “De a cezar o que é de cezar”. Ao negro, deixe que pertença aquilo que lhe é de direito, e dêem seus devidos feitos, aqueles que são negros!

O que acharam deste novo post? Escrevam nos comentários.
Na próxima quarta-feira, ela estará de volta!

Foto: Nabil K. Mark

Sugestões de Leitura:

Leitores residentes em Portugal:
“Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis (Relógio D\’ÁguaWOOK):
https://www.wook.pt/livro/memorias-postumas-de-bras-cubas-machado-de-assis/19203741
“O Conde de Monte Cristo” – Volume 1, de Alexandre Dumas (Relógio D’Água, Wook):
https://www.wook.pt/livro/o-conde-de-monte-cristo-i-alexandre-dumas/21187930
“O Conde de Monte Cristo” – Volume 2, de Alexandre Dumas (Relógio D’Água, Wook):
https://www.wook.pt/livro/o-conde-de-monte-cristo-ii-alexandre-dumas/21187931
“Os Três Mosqueteiros” – Volume Único, de Alexandre Dumas (Sextante Editora, Wook):
https://www.wook.pt/livro/os-tres-mosqueteiros-alexandre-dumas/21262932

Leitores residentes no Brasil:
“Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis (Companhia das LetrasLivraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/memorias-postumas-de-bras-cubas/artigo/5293e653-a0f3-463b-a5e2-b62a94842eac
“O Conde de Monte Cristo” – Edição de Bolso de Luxo, de Alexandre Dumas (Zahar, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/o-conde-de-monte-cristo-edicao-bolso-de-luxo/artigo/2056ca37-853b-4161-907b-1895efaba60d
“Os Três Mosqueteiros” – Edição de Bolso de Luxo, de Alexandre Dumas (Editora Zahar, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/os-tres-mosqueteiros-edicao-bolso-de-luxo/artigo/738ec688-36cd-43c3-9e80-a55a60df6042

Sigam-nos também no Instagram:
https://www.instagram.com/sonhandoentrelinhas/

Boas leituras!

Leave a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Scroll to Top