“4 3 2 1”, o mais ambicioso romance de Paul Auster, está prestes a chegar ao Brasil

Finalista da última edição do Man Booker Prize, ao lado de obras de George Saunders, Ali Smith ou Arundhati Roy, o romance “4 3 2 1”, de Paul Auster, marca o regresso de um dos maiores autores norte-americanos da actualidade. A sua longa ausência é, facilmente, compreendida, depois de lermos esta magistral narrativa que possui mais de 800 páginas. na edição brasileira, que será publicada, a 24 de Junho, pela Companhia das Letras.

Com esta obra desconcertante, Paul Auster desafia o nosso pensamento, mostrando-nos um lado, seu, mais filosófico, mais profundo. Deixa perguntas intrigantes no ar sobre a vida, sobre as escolhas que fazemos e daquilo que muitas vezes abdicamos.

“O que verdadeiramente nos motiva?”, “O que nos leva a optar por um caminho em detrimento de outro?” e “De que futuros abdicamos pelo simples facto de termos apenas uma vida para viver?”, são algumas das perguntas que ele nos dirige.

O protagonista deste romance, Archibald Isaac Ferguson, é filho único de Rose e Stanley Ferguson. É uma criança, à qual são dados 4 caminhos totalmente distintos. Cada um deles, leva-nos a uma personalidade diferente.

Isso nota-se pelas diferentes relações que ele constrói com a família, as suas paixões intelectuais que percorrem todo o seu ser. E também, o gosto por revisitar vários acontecimentos históricos da América durante o século XX. Sem esquecer, contudo, as quatro vidas paralelas que vive, mercê das circunstâncias, do destino e das suas escolhas.

Além disso, o facto de a personagem se desdobrar em várias, não é novo para mim. Como português que sou, faz-me lembrar de Fernando Pessoa, poeta magistral e autor de mais de uma centena de personagens, com data de nascimento, morte, signo, profissão e até mesmo, uma biografia.

Como dizia James Brown, mesmo o mundo sendo um lugar de homens, isso não significa nada, se não houver uma mulher. Com imensa maestria, Auster introduz na narrativa, um sentimento comum a todos os “Fergusons”, a paixão pela mesma mulher, Amy Schneiderman.

E como não seria de esperar outro comportamento, sendo eles, personagens distintas, cada um dos seus relacionamentos com Amy é único.

Desta forma, o autor dá-nos o privilégio de sermos testemunhas de todos os momentos de prazer, dor e do avançar imparável da vida, rumo ao inevitável fim de todas as vidas.

Boas leituras!

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