o júri do Women\’s Prize for Fiction de 2021, presidido por Bernardine Evaristo, elegeu as escritoras Cherie Jones, Patricia Lockwood, Susanna Clarke, Brit Bennett, Yaa Gyasi e Claire Fuller como finalistas desta edição, sendo que o anúncio foi realizado no penúltimo dia de abril. A obra vencedora será conhecida a 7 de julho.
A shortlist, que inclui duas estreantes, foi revelada através das redes sociais. Evaristo considerou que foi mais fácil reunir os 16 livros da longlist conhecida no mês de março do que os seis que integram a lista final do prémio, porque foi necessário um maior consenso.
Para além de Bernardine Evaristo, o painel de jurados conta com a escritora e jornalista Elizabeth Day, a apresentadora de rádio e televisão Vick Hope, a escritora e colunista no The Guardan Nesrine Malik, e a apresentadora Sarah-Jane Mee.
Pelo caminho ficaram \”Detransition, Baby\”, o romance de estreia da escritora transgénero norte-americana Torrey Peters, \”Summer\”, da consagrada autora escocesa Ali Smith, e \”Because of You\”, da comediante britânica Dawn French. As restantes autoras que não chegaram à fase final são as norte-americanas Raven Leilani, com \”Luster” e Avni Doshi, com \”Burnt Sugar\”, finalista do Prémio Booker de 2020, as irlandesas Naoise Dolan, com \”Exciting Times\”, e Kathleen McMahon, com \”Nothing But Blue Sky\”, e a britânica Clare Chambers, com \”Small Pleasures\”.
“Infelizmente, tivemos de perder livros excecionais que adorámos”, realçou Bernardine, garantindo que, “no entanto, com esta lista restrita, apresentamos uma gloriosamente variada e tematicamente rica exploração da ficção feminina no seu melhor”: “Estes romances vão levar o leitor de uma Grã-Bretanha rural, esquecida, para o centro de uma comunidade em Barbados; do interior agitado dos meios de comunicação para o interior de uma família assolada pelo vício e a opressão; de uma questão racial na América, para um labirinto mental de dimensões inauditas”, resumiu.
\”A ficção das mulheres desafia a categorização e os estereótipos, e todos estes romances confrontam-se com as grandes questões da sociedade, expressas através de histórias emocionantes. Sentimo-nos apaixonados por estes enredos, e esperamos que os leitores também fiquem.\” — Bernardine Evaristo
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Abaixo, segue a lista com os livros que são finalistas:
“How the One-Armed Sister Sweeps Her House”, de Cherie Jones
Sinopse:
Em Baxter’s Beach, Barbados, a avó de Lala, Wilma, conta a história da irmã com apenas um braço, um conto de advertência sobre o que acontece com as meninas que desobedecem às mães.
Para Wilma, é a história de uma aventureira obstinada, que ignora os avisos das pessoas ao seu redor e sofre com isso.
Quando Lala cresce, ela vê que isso oferece esperança – de vida depois de perder um bebé nas mais terríveis circunstâncias e se casar com o homem errado.
E Mira Whalen? É sobre continuar viva, a tentar entender o facto de que o seu marido foi assassinado, e ela não teve a chance de lhe dizer que o amava, afinal.
“How the One-Armed Sister Sweeps Her House” é a história poderosa e intensa de três casamentos e de uma bela ilha paradisíaca onde, além das praias de areia branca e dos turistas ricos, reside a pobreza, a violência ameaçadora e a história dos sacrifícios de algumas mulheres fazem para sobreviver.
“Um romance extraordinariamente contundente e evocativo que tem um impacto tremendo com as suas repercussões de traumas geracionais, caracterizações precisas e um forte senso de lugar.” — The Daily Mail
“Passado em Barbados, este romance explora, com firmeza, a violência, o trauma e a tristeza das suas personagens, mas é escrito com total beleza e discernimento. Essas pessoas não te vão deixar tão cedo e marcam Cherie Jones como uma escritora de imenso poder.” — Stylist
Sugestão de Leitura:
Leitores residentes em Portugal:
“How the One-Armed Sister Sweeps Her House”, de Cherie Jones (Edição em língua inglesa, Headline Publishing Group, Wook):
https://www.wook.pt/livro/how-the-one-armed-sister-sweeps-her-house-cherie-jones/24331055
“No One Is Talking About This”, de Patricia Lockwood
Sinopse:
Uma mulher conhecida pelos seus textos virais nas redes sociais viaja pelo mundo para falar com os seus fãs, toda a sua existência é dominada pela internet – ou o que ela chama de ‘portal’.
Nós estamos no inferno? as pessoas do portal se perguntam. Vamos todos continuar a fazer isso até morrer?
De repente, duas mensagens da sua mãe interrompem a briga: ‘Algo deu errado’ e ‘Quando é que pode chegar aqui?’
Enquanto a vida real e as suas apostas colidem com o crescente absurdo do portal, a mulher enfrenta um mundo que parece conter uma abundância de provas de que há bondade, empatia e justiça no universo e um dilúvio de evidências em contrário.
Irreverente e sincero, comovente e deliciosamente profano, “No One Is Talking About This” é, ao mesmo tempo, uma carta de amor ao pergaminho infinito e uma meditação sobre o amor, a linguagem e a conexão humana de uma das vozes mais originais de nosso tempo.
“Uma escritora de talento formidável que pode fazer praticamente tudo o que quiser.” — The New York Times Book Review
“Eu realmente admiro e amo este livro. Patricia Lockwood é um talento completamente singular e este é seu trabalho melhor, mais engraçado, mais estranho e mais comovente.“ — Sally Rooney, autora de “Pessoas Normais”
Sugestão de Leitura:
Leitores residentes em Portugal:
“No One Is Talking About This”, de Patricia Lockwood (Edição em língua inglesa, Bloomsbury Publishing, Fnac Portugal):
https://www.fnac.pt/No-one-is-talking-about-this-LOCKWOOD-PATRICIA/a8478757
“Piranesi”, de Susanna Clarke
Sinopse:
Da autora do bestseller do The New York Times, “Jonathan Strange & Mr Norrell”, um novo romance inebriante e hipnótico ambientado numa realidade onírica alternativa.
A casa de Piranesi não é um edifício comum: os seus quartos são infinitos, os seus corredores são infinitos, as suas paredes são revestidas por milhares e milhares de estátuas, cada uma diferente das outras. Dentro do labirinto de corredores, um oceano está aprisionado; ondas trovejam escadas acima, quartos são inundados num instante. Mas Piranesi não tem medo; ele entende as marés da mesma forma que entende o padrão do próprio labirinto. Ele vive para explorar a casa.
Há outra pessoa na casa – um homem chamado O Outro, que visita Piranesi, duas vezes por semana, e pede ajuda na pesquisa de Um Grande e Secreto Conhecimento. Mas conforme Piranesi explora, evidências emergem de outra pessoa, e uma terrível verdade começa a desvendar-se, revelando um mundo além daquele que Piranesi sempre conheceu.
Para os leitores de “O Oceano no Fim do Caminho”. de Neil Gaiman. e fãs de “Circe”, de Madeline Miller, “Piranesi” apresenta um novo mundo surpreendente, um labirinto infinito, cheio de imagens surpreendentes e beleza surreal, assombrado pelas marés e as nuvens.
“Um romance que parece uma meditação surreal sobre a vida em quarentena.” — The New Yorker Magazine
“’Piranesi’ surpreendeu-me. É uma façanha milagrosa e luminosa de contar histórias, ao mesmo tempo, um mistério envolvente, uma aventura através de um novo mundo de fantasia brilhante e uma profunda meditação sobre a condição humana: sentir-se perdido e ser encontrado. Eu já quero estar de volta aos seus belos e assombrosos corredores!” — Madeline Miller, autora de “Circe”
Sugestão de Leitura:
Leitores residentes em Portugal:
“Piranesi”, de Susanna Clarke (Edição em língua inglesa, Bloomsbury Publishing, Wook):
https://www.wook.pt/livro/piranesi-susanna-clarke/23533835
\”The Vanishing Half\”, de Brit Bennett
Sinopse:
As irmãs gémeas Vignes serão sempre idênticas. Mas depois de crescerem juntas numa pequena comunidade negra do sul e fugir, aos 16 anos, não é apenas a forma das suas vidas diárias que é diferente quando se tornam adultas, é tudo: as suas famílias, as suas comunidades, as suas identidades raciais.
Muitos anos depois, uma irmã mora com a sua filha negra na mesma cidade do sul da qual ela tentou fugir. A outra secretamente passa por branca, e o seu marido branco nada sabe acerca do seu passado. Ainda assim, mesmo separadas por tantos quilómetros e tantas mentiras, os destinos das gémeas permanecem interligados. O que acontecerá com a próxima geração, quando as histórias das suas próprias filhas se cruzarem?
Tecendo vários fios e gerações desta família, do Deep South à Califórnia, dos anos 1950 aos 1990, Brit Bennett produz uma história que é, ao mesmo tempo, uma fascinante e emocionante história de família e uma brilhante exploração da história americana.
Olhando muito além das questões raciais, “The Vanishing Half” considera a influência duradoura do passado à medida que molda as decisões, desejos e expectativas de uma pessoa e explora algumas das múltiplas razões e reinos em que as pessoas, às vezes, se sentem impelidas a viver como algo diferente das suas origens.
Este romance vai ser adaptado para série de TV pela HBO e já tem a publicação assegurada pela Alfaguara Portugal em junho deste ano.
“Brit Bennett aprendeu muito com Toni Morrison – o uso de comunidades rurais estranhas no Sul/Centro-Oeste; gémeos/doppelgangers para explorar os limites extremos do sonho americano; diálogo inteligente – mas a sua lentidão requintada e paciência de tom são únicas. Uma leitura maravilhosa e carinhosa.” — Paul Mendez, autor de “Rainbow Milk”
“Uma nova e eloquente entrada na literatura sobre o mais vital dos assuntos, a identidade, \’The Vanishing Half\’ é o romance do ano.” — Time Magazine
Sugestão de Leitura:
Leitores residentes em Portugal:
“The Vanishing Half”, de Brit Bennett (Edição em língua inglesa, Little, Brown Book Group, Wook):
https://www.wook.pt/livro/the-vanishing-half-brit-bennett/23870100
\”Transcendent Kingdom\”, de Yaa Gyasi
Sinopse:
Em “Transcendent Kingdom”, o romance que se segue a “Homegoing”, Yaa Gyasi traça um retrato íntimo e profundo de uma família oriunda do Gana que se mudou para o estado do Alabama, nos EUA.
Gifty está a fazer um doutoramento em Neurociências na Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, onde estuda circuitos neuronais do comportamento de procura de recompensa em ratos, assim como circuitos neuronais relacionados com depressão e vício. O irmão, Nana, que fora um promissor basquetebolista na escola, morrera com uma overdose de heroína depois de uma lesão no tornozelo o deixar viciado em OxyContin. E a mãe, deprimida com o regresso do marido ao Gana e a morte do filho, não sai da cama.
Gifty está decidida a descobrir uma base científica que justifique o sofrimento que a rodeia. Mas quando entra no mundo das ciências exatas, tentando entender o mistério da sua família, acaba por redescobrir a ânsia espiritual que mantinha desde criança, primeiro na igreja evangélica e depois em ruptura com ela.
Em Portugal, este livro já foi publicado sob o título de “Reino Trascendente”, em outubro de 2020, pela Relógio D’Água.
“Eu diria que ‘Transcendent Kingdom’ é um romance para o nosso tempo (e é), mas é muito mais do que isso. É um romance para todos os tempos. O esplendor, o coração, o discernimento e o brilho contidos nas páginas trazem uma luz que o resto de nós pode seguir.” — Ann Patchett, autora de “The Dutch House”
“Uma dupla hélice de sabedoria e raiva retorce as linhas tranquilas deste romance. Yaa Gyasi é uma dos romancistas mais esclarecedoras da atualidade” — The Washington Post
Sugestão de Leitura:
Leitores residentes em Portugal:
“Reino Transcendente”, de Yaa Gyasi (Relógio D’Água, Wook):
https://www.wook.pt/livro/reino-transcendente-yaa-gyasi/24428957
\”Unsettled Ground\”, de Claire Fuller
Sinopse:
E se a vida que sempre conheceu for tirada de si num instante?
O que faria para recuperá-la?
Os gémeos Jeanie e Julius sempre foram diferentes das outras pessoas. Aos 51 anos, eles ainda vivem com a mãe, Dot, em isolamento rural e na pobreza. Dentro das paredes da sua velha cabana, eles fazem música e, no jardim, eles cultivam (e às vezes matam) tudo de que precisam para o seu sustento.
Mas quando Dot morre repentinamente, ameaças à sua subsistência começam a chover. Jeanie e Julius fariam qualquer coisa para preservar o seu pequeno santuário contra os perigos do mundo exterior, mesmo que os segredos da sua mãe começassem a ser desvendados, colocando em jogo tudo o que pensavam saber sobre as suas vidas.
\”Unsettled Ground\” é um romance de parar o coração, de traição e resiliência, amor e sobrevivência. É um retrato da vida à margem da sociedade que explora, com um poder emocional deslumbrante, como podemos construir as nossas vidas sobre alicerces partidos e tirar a luz das trevas.
“Uma celebração maravilhosamente escrita do mundo natural. Tão agudamente, tão absolutamente brilhante que, por várias vezes, prendi a respiração enquanto lia, deslumbrada com a maestria e a precisão de Fuller. Desde \’Um Coração Simples\’, de Flaubert, não encontrava uma narrativa que mostrasse, com uma fúria tão clara e paciente, como a vulnerabilidade de tirar o fôlego pode advir da pobreza, do orgulho e do amor familiar indefeso.” — Lauren Groff, autora de \”Destinos e Fúrias\”
\”Claire Fuller atinge o equilíbrio perfeito entre beleza e melancolia, nesta exploração relevante e poderosa do isolamento e da vida à margem da sociedade.\” — Clare Mackintosh, autora de \”Deixa-me Mentir\”
Sugestão de Leitura:
Leitores residentes em Portugal:
“Unsettled Ground”, de Claire Fuller (eBook, Edição em língua inglesa, Penguin Books Ltd, Wook):
https://www.wook.pt/ebook/unsettled-ground-claire-fuller/24697713
No ano passado, o prémio foi atribuído a \”Hamnet\”, da irlandesa Maggie O’Farrell. O romance, uma das ausências mais notadas do Booker Prize desse ano, foi inspirado na morte real do único filho de William Shakespeare, Hamnet, que terá inspirado uma das suas tragédias mais famosas, \”Hamlet\”. A obra, centrada na figura da mulher de Shakespeare, aborda temas como o luto e o preconceito.
O Women’s Prize for Fiction visa reconhecer a ficção escrita por mulheres em todo o mundo. Foi criado no ano de 1992, em Londres, por um grupo de homens e mulheres jornalistas, críticos, agentes, editores, bibliotecários e livreiros, como resposta ao facto de, no ano anterior, a lista de finalistas do prestigiado Booker Prize não ter incluído uma única mulher, situação que tem vindo a mudar nos últimos anos. A residência ou país de origem não são critérios de elegibilidade. A vencedora recebe um prémio monetário no valor de 30 mil libras (cerca de 33 mil euros).
Foto: Women’s Prize for Fiction / Divulgação
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