Originalmente publicada em 1829, de forma anónima, “O Último Dia de um Condenado”, de Victor Hugo que, à data, tinha 27 anos, possui um cunho vincadamente político. Ainda que este livro não seja tão conhecido como, por exemplo, “Os Miseráveis” ou “Nossa Senhora de Paris”, fala de um tema que, nos dias de hoje, continua a gerar polémica: A pena de morte. Ainda assim, a Yellow Star Company decidiu levá-lo à cena, no Teatro Armando Cortez, até dia 28 de Janeiro de 2018, de quinta a sábado, às 21h30, e aos domingos às 18h00, por ocasião da comemoração dos 150 anos da abolição da pena de morte em Portugal, sendo que Virgílio Castelo encarna o papel de condenado nesta peça.
Durante a sua existência, Victor Hugo assistiu, devido às várias tentativas de revoluções que aconteceram no seu país, a França, a um grande número de execuções com recurso à utilização da guilhotina.
Com efeito, foi durante a visita a um antigo castelo medieval, convertido em prisão no século XVIII, que foi testada, pela primeira vez, a máquina de cortar cabeças do Dr. Guilhotin, mais tarde conhecida como guilhotina, e onde ele se inspirou para escrever “O Último Dia de um Condenado”.
Na peça de teatro, Virgílio Castelo dá vida a um condenado à morte, sobre quem não se sabe o nome nem o crime que cometeu e, isso é algo que acontece deliberadamente, pois, o autor, desta forma, faz com que aquele homem represente todos os condenados, independentemente do crime que tenham cometido.
No entanto, para Victor Hugo, nada justifica o tipo de castigo que lhes é aplicado. Ele defende mesmo que não é com a execução que se vai resolver o problema.
Em todo o texto estão explícitos, não só, todos os estados de espírito do condenado, como também, acompanhamos os seus pensamentos, angústias, dilemas, reflexões, o sofrimento físico e, por vezes, o renascer de alguma esperança na sua libertação em alguns momentos.
Embora, seja um monólogo interior, no qual, são narradas as suas últimas sei semanas de vida, não é, de forma nenhuma, um diálogo sempre no mesmo tom, ou seja, monocórdico, muito pelo contrário.
Nas palavra do actor, a invocação de vários personagens com quem o protagonista se relaciona, criam momentos que variam entre o cómico e o dramático.
A verdadeira autoria desta obra só foi revelada, 3 anos depois da publicação original, visto que Hugo acrescentou um prefácio, escrito por si mesmo, a uma nova edição que foi publicada.
Com esta adaptação baseada na obra homónima de Victor Hugo, Paulo Sousa Costa o encenador, pretende chegar ao maior número de pessoas que é possível, pois, acredita que este é um tema ao qual, dificilmente, ficamos indiferentes.
Com esse objetivo em mente, está prevista uma digressão do espetáculo por vários locais do país no próximo ano.
O Sonhando Entre Linhas deseja-lhe um excelente espectáculo!