Primeiro romance de uma autora brasileira a ser publicado no Brasil, em 1859, “Úrsula” carrega a visão de uma mulher negra sobre a escravidão presente no século XIX, ainda que seja através de um ponto de vista ultrarromântico. Abolicionista e oriunda do Maranhão, Maria Firmina dos Reis vai ter o seu livro de estreia, responsável pela inauguração da literatura afro-brasileira, publicado nos EUA, pela Center for Portuguese Studies and Culture / Tagus Press – UMass Dartmouth, a editora que pertence à Universidade de Massachusetts.
A casa editorial que publica autores como Jorge Amado, Rubem Fonseca, Cristovão Tezza, J. P. Cuenca e Luiz Ruffato vai adicionar, ao seu catálogo, uma das obras mais importantes da literatura brasiliera do século XIX.
“Úrsula”, de Maria Firmina dos Reis, foi publicado, pela primeira vez, sob o pseudónimo de “Uma Maranhense”, em 1859, pela Typographia do Progresso, na cidade de São Luís, capital do Maranhão.
Quanto à premissa desta obra, reeditada pela Companhia das Letras, em Novembro de 2018, Tancredo e Úrsula são jovens, puros e altruístas.
No entanto, com as suas vidas marcadas por perdas e decepções familiares, eles , desde o momento em que se aproximam, devido aos laços do destino, apaixonam-se. Obviamente, acabam por se deparar com um empecilho para concretizar seu amor.
Ao mesclar este enredo ultrarromântico com uma abordagem crítica à escravidão, Maria Firmina dos Reis compõe Úrsula, um dos primeiros romances brasileiros de autoria feminina. Por dar voz e acção a personagens escravizados, é considerada, ainda hoje, a obra primogénita da literatura afro-brasileira.
Através dela, a autora retrata homens autoritários e cruéis, demonstra atos inimagináveis, de cunho marcadamente patriarcal e senhorial num sistema que não lhes impõe limites.
A tradução para a língua inglesa ficou a cargo de Cristina Ferreira Pinto Bailey e edição terá a assinatura de Peggy Sharpe. Mesmo sem uma data oficial, a previsão do lançamento é ainda neste ano de 2020.
Foto; Maria Firmina dos Reis
Sobre a autora:
Nasceu na Ilha de São Luís, no Maranhão, a 11 de março de 1825. Foi registrada como filha de João Pedro Esteves e Leonor Felipe dos Reis e era prima do escritor maranhense Francisco Sotero dos Reis, por parte da mãe. Em 1830, mudou-se com a família para a vila de São José de Guimarães.
Viveu parte de sua vida, na casa de uma tia materna, melhor situada economicamente. Em 1847, concorreu à cadeira de Instrução Primária, nessa localidade, e, depois de ter sido aprovada, exerceu a profissão, ali mesmo, como professora de primeiras letras, de 1847 a 1881.
Negra e bastarda, enfrentou a barreira dos preconceitos e publicou, em 1859, o romance “Úrsula”, considerado o primeiro romance abolicionista do Brasil e um dos primeiros escritos produzidos por uma mulher brasileira.
Sugestões de Leitura:
“Úrsula”, de Maria Firmina dos Reis (Companhia das Letras, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/…/3cc09879-e223-4d5b-8c63-38366…
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