Publicado, originalmente, em 1985, o romance “The Handmaid’s Tale”, da escritora Margaret Atwood, voltou a dar que falar, depois da adaptação para série televisiva por parte da Hulu. O lançamento mundial da sequela da distopia, iniciada há mais de três décadas, aconteceu na Waterstones, na célebre praça Piccadilly Circus, em Londres, a 9 de Setembro deste ano. Depois desta narrativa ter arrecadado o The Booker Prizes de 2019, ao lado de “Girl, Woman, Other”, de Bernardine Evaristo, Bertrand Editora, que publica as obras de Atwood, em Portugal, desvendou que o livro será publicado no mês de Março de 2020.
Decidi começar este texto, justamente, com uma declaração de Atwood sobre as origens da inspiração para escrever este seu novo romance:
“Caros leitores: Tudo o que vocês me perguntaram sobre Gilead e seu funcionamento interno é a inspiração para este livro. Bem, quase tudo! A outra inspiração é o mundo em que vivemos.” — Margaret Atwood
Voltando à premissa de “The Handmaid’s Tale”, relembro que o romance distópico é ambientado num Estado teocrático e totalitário em que as mulheres são vítimas preferenciais de opressão, tornando-se propriedade do governo, e o fundamentalismo fortalece-se como força política.
No regresso ao universo aterrorizador de Gilead, com um enredo que está deslocado no tempo, para ser mais exato, 15 anos depois do desenlace do primeiro livro, Atwood dá-nos uma obra igualmente genial, que responderá às perguntas que não saíram das nossas cabeças, desde que a porta da van se fechou, e levou Offred para um destino imprevisível.
Todavia, desta vez, teremos três narradoras que, por meio dos seus testamentos, vão apresentar-nos mais detalhes sobre o mundo que existe do lado exterior dos muros de Gilead. Acenderão as luzes de espaços obscuros que revelam mais do que podemos imaginar sobre um regime ditatorial e sobre as pessoas que sustentam a sua estrutura.
Ainda que continuem a ocorrer inúmeras tentativas de desestruturação, o regime da República de Gilead permanece de pé, o que não invalida que existam sinais de que os seus pilares comecem a apresentar fissuras. É nesse ambiente, precisamente, que a vida de três mulheres se entrelaça.
Agnes, filha de um comandante, que foi criada dentro da elite e envolta num mundo de privilégios. É através do seu olhar que vamos conhecer como as jovens são preparadas para cumprir com suas obrigações, especialmente, enquanto desempenham o papel de esposas dentro do regime totalitário. Ela faz parte da primeira geração a chegar à maioridade dentro da nova ordem mundial.
Nascida no Canadá, Daisy consegue manter uma vida normal, quando vive longe de Gilead. Vai às aulas e trabalha, a tempo parcial, na loja de roupas usadas, gerida pelos pais. Apesar de experimentar a liberdade, um direito que é negado às mulheres que vivem a milhares de quilômetros dali, não está ausente daquilo que acontece no lugar que um dia foi chamado de Estados Unidos da América e, por isso, participa de protestos contra os horrores praticados além da fronteira.
Por fim, Tia Lydia é uma das executoras do regime e exerce a sua autoridade implacável por meio da acumulação e da manipulação de segredos de Estado que podem ameaçar todas as estruturas do poder. Segredos dispersos, que estão há muito enterrados, são capazes de unir essas três mulheres, fazendo com que elas encarem quem realmente são e decidam até onde podem ir em busca do que acreditam.
No Brasil, “Os Testamentos” chegou a 9 de Novembro de 2019, às livrarias de todo o país.
Foto: Margaret Atwood por Arthur Mola
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Sobre a autora:
Margaret Atwood nasceu em Otava em 1939. É a mais celebrada autora canadiana e publicou mais de quarenta livros, de ficção, poesia e ensaio. Recebeu diversos prémios literários ao longo da sua carreira, incluindo o Arthur C. Clarke, o Booker Prize, o Governor General’s Award e o Giller Prize, bem como o prémio para Excelência Literária do Sunday Times (Reino Unido), a Medalha de Honra para Literatura do National Arts Club (EUA), o título de Chevalier de l’ Ordre des Arts e des Lettres (França) e foi a primeira vencedora do Prémio Literário de Londres. Está traduzida para trinta e cinco línguas. Vive em Toronto com o escritor Graeme Gibson.
Sugestões de Leitura:
Leitores residentes em Portugal:
“The Testaments” (Edição em língua inglesa), de Margaret Atwood (Vintage Books, WOOK):
https://www.wook.pt/livro/the-testaments-margaret-atwood/22687250
“A História de uma Serva”, de Margaret Atwood (Bertrand Editora, WOOK):
https://www.wook.pt/livro/a-historia-de-uma-serva-margaret-atwood/15091936
“Chamavam-lhe Grace”, de Margaret Atwood (Bertrand Editora, WOOK):
https://www.wook.pt/livro/chamavam-lhe-grace-margaret-atwood/22007455
“Semente de Bruxa”, de Margaret Atwood (Bertrand Editora, WOOK):
https://www.wook.pt/livro/semente-de-bruxa-margaret-atwood/20914892
“O Coração é o Último a Morrer”, de Margaret Atwood (Bertrand Editora, WOOK):
https://www.wook.pt/livro/o-coracao-e-o-ultimo-a-morrer-margaret-atwood/18896574
“A Odisseia de Penélope”, de Margaret Atwood (Elsinore, WOOK):
https://www.wook.pt/livro/a-odisseia-de-penelope-margaret-atwood/22307511
“Ressurgir”, de Margaret Atwood (Relógio D\’Água, WOOK):
https://www.wook.pt/livro/ressurgir-margaret-atwood/22245878
Leitores residentes no Brasil:
“Os Testamentos”, de Margaret Atwood (Editora Rocco, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/os-testamentos/artigo/3d31ef0c-3f9a-44b2-b5c1-cc72193f2eed
“O Conto da Aia”, de Margaret Atwood (Editora Rocco, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/o-conto-da-aia/artigo/3aa294c6-7fef-4927-aa4c-4e1b0d526a33
“O Conto da Aia” (Graphic Novel), de Margaret Atwood (Editora Rocco, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/o-conto-da-aia-graphic-novel/artigo/39b8cde1-96a5-4d75-988f-0be25e8ca31b
“Vulgo Grace”, de Margaret Atwood (Editora Rocco, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/vulgo-grace/artigo/6618505f-2fd7-4c31-aefa-37bba97ea3f1
“O Ano do Dilúvio”, de Margaret Atwood (Editora Rocco, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/o-ano-do-diluvio-2-ed-2011/artigo/14bf3840-3c20-47f7-9d5a-0cc5327fa716
“Olho de Gato”, de Margaret Atwood (Editora Rocco, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/olho-de-gato/artigo/ed30b72a-95c7-4a6b-bd27-416279a77c45
“Semente de Bruxa”, de Margaret Atwood (Editora Morro Branco, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/semente-de-bruxa/artigo/51fc2fc5-de82-4e56-8924-042f595cf5a8
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Boas leituras!