“Sensibilidade e Bom Senso”, de Jane Austen #2: As Dashwood

Neste texto, Ana Beatriz Ribeiro traz a sua analíse sobre a família Dashwood, do “Sensibilidade e Bom Senso”, o primeiro romance de Jane Austen, editado pela Editorial Presença.

Mrs. Dashwood casou-se com Mr. Dashwood, pai de Mr. John Dashwood, tornando-se, desta forma, a sua segunda mulher. Ela tinha a capacidade de romancear tudo e era muito impulsiva, levando Elinor, a sua filha mais velha, a aconselhá-la sobre alguns assuntos para que não reagisse intempestivamente. Por isso, não é de admirar que tenha apoiado algumas atitudes e comportamentos de Marianne, a filha mais parecida com ela, ignorando toda a prudência a que os casos de amor, sobretudo aqueles que não têm compromisso, exigem. E, quando as coisas não correm pelo melhor, vemos Mrs. Dashwood a sofrer tanto como Marianne, lamentando-se de não ter ouvido os conselhos de Elinor.

Elinor, ou Mrs. Dashwood, é a mais velha das três irmãs, desenha muitíssimo bem e é a mais prudente, sendo que todas procuram os seus conselhos, ainda que nem sempre os acatem. Ao contrário da mãe e de Marianne, Elinor ama Mr. Edward Ferrars, mas não o demonstra e acaba por sofrer, em segredo, com a distância, que a mantém separada dele e, além disso, com a falta de notícias dele. Contudo, tem plena consciência que não tem um compromisso sério com ele e, por isso, está sujeita e receia todas as transformações que podem ocorrer no coração dele, visto que o dela se mantém fiel.

Marianne é a irmã do meio, toca piano bastante bem e é a filha mais parecida com Mrs. Dashwood. Portanto, não é de admirar que não saiba nem amar nem sofrer equilibradamente. E, quando se apaixona por Willoughby, entrega-lhe imediatamente o seu coração, nã dando ouvidos aos avisados e prudentes conselhos da irmã. Aliás, Marianne julga que Elinor, por ser mais recatada nos seus comportamentos e na demonstração dos seus sentimentos, não é capaz de amar como ela e a mãe fazem. Por esse motivo, quando descobre o segredo que ela guardou, durante algum tempo, sente-se culpada e pede-lhe desculpa por aquilo que lhe disse, mudando o seu comportamento e adotando a irmã como modelo.

Margaret é a irmã mais nova e pouco sabemos dela. Ficamos a saber, apenas, que ela tenta manter a postura, mediante as variadas situações em que se encontra. Por ser a mais nova, acaba por ser mais protegida e, assim sendo, não sabe verdadeiramente o que se passa com as irmãs mais velhas. Contudo, acho-a um pouco parecida com Elinor e talvez seja como ela, sobretudo, na forma como se comporta e como consegue manter a sua postura.

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Sobre a autora:
Nasceu em 1775, em Steventon, Hampshire, no Sul de Inglaterra. Jane Austen foi a sétima de oito filhos do reverendo George Austen, o pároco local. Começou a escrever “Orgulho e Preconceito”  aos vinte e um anos, obra que viria a ser publicada, pela primeira vez, apenas em 1813, anonimamente, tendo-se tornado um sucesso imediato junto do público. Embora todos os romances publicados em vida da autora tenham sido anónimos, Jane Austen contou desde cedo com leitores ilustres e muito devotados, entre os quais o Príncipe Regente, mais tarde rei Jorge IV, e o escritor Walter Scott. A sua escrita – apesar de ter vivido num universo quase exclusivamente confinado ao círculo dos seus relacionamentos familiares – revela uma finíssima capacidade de observação do comportamento humano, em especial o das famílias e das jovens das classes médias e alta, e um espírito arguto e satírico que a faz ombrear com os maiores romancistas da literatura universal. Da mesma autora, o leitor pode encontrar, também na coleção «Grandes Narrativas», as obras “Sensibilidade e Bom Senso” e “Orgulho e Preconceito” e “Persuasão”.

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