Realizada desde 1930, em Lisboa, a 90ª edição do evento foi adiada para o final do verão devido ao Coronavírus

À semelhança do que tem ocorrido com outros eventos similares, nomeadamente em Madrid (Espanha), Bolonha (Itália), Londres (Reino Unido) ou Leipzig (Alemanha), a 90ª edição da Feira do Livro de Lisboa foi adiada para o final do verão, numa decisão conjunta da APEL e da Câmara Municipal de Lisboa, devido à pandemia do Coronavírus. As novas datas devem ser anunciadas na próxima semana. Relembro que a Feira do Livro de Lisboa estava marcada para o período entre os dias 28 de Maio e 14 de Junho, no Parque Eduardo VII.

​Na quarta-feira, a Penguin Random House Grupo Editorial, onde se integram a Alfaguara PortugalCompanhia das Letras Portugal, Editora Objetiva, Suma de Letras PortugalArena EditoraNuvem de Letras e Nuvem de Tinta, tinha comunicado a sua decisão de adiar a publicação de novos livros, de forma temporária.

Convém reforçar que, nesse mesmo dia, o Grupo Leya, em Portugal, estendeu a decisão de “suspender a publicação das novidades”, aos meses de março e abril, “dadas as circunstâncias extraordinárias que o país atravessa”.

Fazem parte do grupo editorial, a casa das Letras, a Edições ASA, a Editorial Caminho, a Dom Quixote, a Lua de Papel, a Gailivro, a Oficina do Livro, a Quinta Essência e a Teorema, entre outras.

Em declarações ao Observador, uma fonte oficial adiantou que o grupo “aguardará pela normalização do mercado para retomar a publicação de novas edições”.

O Grupo Porto Editora optou pela suspensão de “todas as novidades previstas para as próximas semanas”, segundo as declarações de uma fonte ao Observador: “Quando o setor estiver outra vez a trabalhar em pleno, colocaremos as novidades no mercado.”

Deste grupo editorial, fazem parte, a Sextante Editora, a Editora Livros do Brasil, a Coolbooks, a Assírio & Alvim, a Ideias de Ler, a Albatroz, a Areal EditoresRaiz Editora, entre outras.

Uma decisão que o Edições Saída de Emergência também tomou, na última sexta-feira. Assim sendo, o lançamento de todas as novidades agendadas para as próximas semanas está suspenso por tempo indeterminado.

Num comunicado, a casa editorial anunciou: “As nossas equipas estão, desde o início da semana, em regime de teletrabalho e continuam a desenvolver o plano editorial, afim de retomar as publicações, assim que existam condições para tal.”

Entretanto, a Bertrand Editora, detentora das chancelas Bertrand, Quetzal EditoresTemas e DebatesEditora Pergaminho, Arte Plural, Gestão Plus, Contraponto, 11×17 e Verso de Kapa, decidiu paralisar a publicação de novos livros, a partir desta sexta-feira e durante todo o mês de Abril.

Segundo Paulo Oliveira, CEO da editora, afirmou num press release, que “a Bertrand Editora teve de se adaptar a esta nova realidade, repentinamente, o que nos colocou e coloca novos desafios. Os nossos processos estão ainda a ajustar-se a esta realidade transitória e, sendo esta uma actividade criativa, é fundamental não descurar a interacção humana, hoje em dia mais limitada, que tem capital importância na construção de capital intelectual”. Acrescentou, ainda: “Temos esperança de que, em breve, poderemos retomar o nosso plano editorial, assegurando que todos os lançamentos terão a dignidade e a relevância que os nossos autores merecem e que os portugueses terão acesso aos novos livros que tanto desejam.”

Por seu lado, a editora Relógio D\’Água veio juntar-se, nesta sexta-feira, ao movimento que se está a formar em “todas as editoras, livrarias e outras actividades”. Francisco Vale, editor responsável pela editora, muito elogiada pelo trabalho que faz, sobretudo, na publicação de clássicos da literatura salientar que “a pandemia actual os está a obrigar a repensar os seus projectos“, tendo em conta a inevitável quebra de vendas”.

Por esse motivo, vários lançamentos foram adiados, desde obras de clássicos, antigos ou contemporâneos, como Thomas Mann ou Marguerite Yourcenar ou obras actuais como “Os Teus Passos nas Escadas”, de Antonio Muñoz Molina, “A Era do Capitalismo de Vigilância”, de Shoshana Zuboff, “Na Terra Somos Brevemente Magníficos”, de Ocean Vuong, ou “A Escola de Topeka”, de Ben Lerner.

Um procedimento que se estende às novas edições ou reedições de autores de língua portuguesa, como Agustina Bessa-Luís, Djaimilia Pereira de Almeida, Gonçalo M. Tavares, Cristina Carvalho, Jaime Rocha, Maria Andresen e Clarice Lispector.

“A edição de todos estes livros está adiada para uma data ainda incerta. As vendas online de livros impressos, e mesmo de ebooks, só muito parcialmente podem compensar as vendas no circuito livreiro normal”, explica o editor em comunicado.

Apesar de o sector editorial da Relógio D’Água ter entrado em regime de teletrabalho, o seu sector de distribuição mantém-se activo, especialmente, no envio de obras adquiridas no site.

Francisco Vale remata, em jeito de conclusão: \”Ainda desconhecemos como ficará a paisagem editorial depois desta crise mas, desde já, a direcção da RA assegura a autores, tradutores, revisores, aos seus trabalhadores e às tipografias que fará tudo o que estiver ao seu alcance para assumir as suas responsabilidades.”

Foto: Feira do Livro de Lisboa por Nuno Pinto Fernandes

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Boas leituras!

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