Na edição de 2018 do Prémio LeYa, Itamar Vieira Junior, autor brasileiro nascido na Bahia, o mesmo estado que viu nascer Jorge Amado, o mais internacional dos autores brasileiros, venceu com “Torto Arado”, que se destaca “pela qualidade literária de uma escrita em que se reconhece plenamente o autor”. Por essa e muitas outras razões, e através de um conjunto de votos unânimes, o autor receberá 100,000 euros e tem assegurada, obviamente, a publicação do romance no nosso país, já no primeiro trimestre de 2019.
No comunicado lido por Manuel Alegre, o presidente do júri, os notáveis elogiaram, de forma consensual, “solidez da construção, o equilíbrio da narrativa e a forma como aborda o universo rural do Brasil, colocando ênfase nas figuras femininas, na sua liberdade e na violência exercida sobre o corpo num contexto dominado pela sociedade rural patriarcal”.
Outras das grandes diferenças é que o autor está fora do eixo Rio de Janeiro e São Paulo, dado que nasceu, no ano de 1979, em Salvador, na Bahia. Doutorado em Estudos Étnicos e Africanos pela Universidade Federal da Bahia, Itamar Vieira Junior é escritor, colunista da São Paulo Review e geógrafo.
O jornalista Paulo Werneck, um dos novos membros do júri, e que desconhecia o autor, refere: “O que chama mais à atenção é o seu domínio da técnica narrativa e todos tivemos a certeza de estar perante um autor maduro.”
A sua produção literária pauta-se, até ao momento, pela publicação de dois contos: Dias (2012) e A Oração do Carrasco (2017), sendo que este último está nomeado para o Prémio Jabuti, o mais importante galardão literário canarinho, na categoria de Contos, e foi indicado pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia.
O romance, agora, distinguido é um dos 348 manuscritos, oriundos de 13 países, que foram enviados para concorrer na presente edição do prestigiado troféu, criado em 2008, e que visa premiar um romance inédito escrito em português. Além disso, é o maior prémio para uma obra não publicada em língua portuguesa.
Relembro que, na edição do ano passado, o autor agraciado foi João Pinto Coelho, pela autoria do romance “Os Loucos da rua Mazur”. O escritor português, que é professor de artes visuais e estudou arquitectura, já tinha sido finalista do mesmo galardão em 2014, com “Perguntem a Sarah Gross”.
Boas leituras!