Numa exposição com mais de 160 obras, entre desenhos, gravuras e ilustrações e fotografia, intitulada “Pessoa. Toda a arte é uma forma de literatura”, Fernando Pessoa e outras figuras marcantes do Modernismo português chegaram ao Museu Rainha Sofia, em Madrid, no passado dia 7 de Fevereiro.
Se quiser aproveitar e ir até à capital espanhola, saiba que esta iniciativa termina, somente, a 7 de Maio, contudo, não se atrase, pois, é uma daquelas oportunidades que, raramente, voltam a acontecer.
A abertura daquela que já é, considerada por muitos, uma das exposições do ano, contou com a presença do Primeiro-Ministro Português, António Costa, e do ministro espanhol da Cultura, Ínigo Méndez de Vigo.
Com efeito, à semelhança da fachada da Casa Fernando Pessoa, também, as paredes do conceituado museu espanhol estão vestidas com as belas palavras do poeta que foi muitos, ao mesmo tempo, e que descreveu, como ninguém, a existência humana, a dor, a solidão, os sonhos e a instabilidade do nosso “eu” interior.
“Através da prolífica produção escrita dos seus mais de cem heterónimos, Pessoa criou uma vanguarda própria e converteu-se num intérprete de exceção da crise do sujeito moderno e das duas certezas, transpondo para a sua obra uma ideia múltipla do ‘outro’”, escreveu o museu espanhol, no texto de apresentação.
Exemplares de revistas modernistas, tais como: Orpheu, Portugal Futurista e Presença, sendo nesta última que, em 1936, foi publicado um poema do inigualável heterónimo Álvaro de Campos, do qual foi extraído o nome desta mostra: “Toda a arte é uma forma de literatura, porque toda a arte é dizer qualquer coisa”.
João Fernandes, actual subdirector do Museu Rainha Sofia, o mais visitado em Espanha, é o curador desta exibição. Nas suas palavras, refere-se a Pessoa, sublinhando:
“Ele é bastante lido em Espanha, mas as pessoas conhecem mal o seu percurso de vida. Foi por isso que decidimos começar esta exposição por um núcleo que cruza o plano biográfico com o heterónimo, e daí passar para as artes visuais das vanguardas em Portugal, completamente desconhecidas aqui”.
No entanto, a curadoria é dividida com a historiadora de Arte, Ana Ara.
Apesar de Pessoa ser o ponto de partida para um mergulho profundo no Modernismo lusitano, artistas como José de Almada Negreiros, Amadeo de Souza-Cardoso, Eduardo Viana, Sarah Affonso, Júlio, Sonia e Robert Delaunay, fazem sentir a sua presença com diversas obras expostas.
Para concluir, foram diversas as fontes: coleccionadores privados e instituições que contribuíram com as obras que repousam, agora, em exposição, nomeadamente, a Fundação Calouste Gulbenkian (56 obras), a Biblioteca Nacional de Portugal, Museu Amadeo de Souza-Cardoso, em Amarante, e o Centro Georges Pompidou, em Paris, entre outras.
Boas leituras!