Com traços de realismo mágico, um género divulgado, na literatura latino-americana, pelo grandioso Gabriel García Márquez, vencedor do Prémio Nobel de Literatura em 1982, Paulo Souza estreia-se na literatura, com este seu “Clarice, A Última Araújo”, uma narrativa que, segundo a Editora Penalux, é subtil, ainda que ao criar a protagonista Clarice, o autor tenha aberto um espaço para uma feroz crítica social, misturada com a tragicomédia. O lançamento decorre, hoje, a partir das 14 horas, no Empório Buongustaio.
A ideia surgiu, primeiramente, em formato de conto. Contudo ela foi crescendo e adquirindo mais robustez que, agora, é uma novela, ou seja, por outras palavras, esta é a primeira incursão, mais a sério, de Paulo Sousa, pela literatura.
Nestas 80 páginas de “Clarice, a Última Araújo”, há uma mistura que, na minha humilde opinião, quebra aquilo que é convencional na arte de escrever e que a maioria das pessoas ainda vê como algo incompatível, Obviamente, estou a falar da fusão de géneros literários que, à partida, são classificados como totalmente opostos.
Nesta trama que começou a ser escrita, mais precisamente, em 2016, o escritor, blogger e produtor cultural quis abordar um par de temas, normalmente, polémicos: A corrupção e a prostituição infantil e até uma certa vivência pessoal, vivida pelo escritor, devido, na sua própria visão, à má redemocratização do país. Aqui, o que é, talvez, inesperado, é a forma como ele desejou contar esta história.
Para narrar e captar a atenção do leitor, Paulo mescla, um pouco ao estilo do Gabo, fantasia, o realismo mágico, sem esquecer, a tragicomédia, com uma crítica social feroz, o que me leva a pensar que, muitos de nós, temos medo de arriscar e sair da nossa zona de conforto. E digo mais, citando as palavras de Màrquez, “Por mais que um assunto possa ver abordado de forma cautelosa e minimalista, ele acabará por se transformar num destaque se recorrermos à utilização do sonho e da fantasia”.
No que diz respeito à premissa que sustenta este livro, ela parte de alguns acontecimentos ocorridos na vida de Clarice, uma menina que vive numa pequena cidade localizada no interior do Ceará.
Numa conversa que com o autor, pois, sou seu amigo e tenho acompanhado, mesmo que à distância, a sua trajectória, ainda que eu viva em Portugal e ele em Brasília, ele confessou-me que a influência de Gabriel García Márquez, durante o processo desta novela, foi bastante grande.
O realismo mágico, nesta novela, aparece quando uma maldição familiar, relacionada com a chuva, que há muito tempo não cai por aquelas paragens. cai sobre a família Araújo e, depois, estende-se por toda a obra.
A linguagem que percorre as páginas é, maioritariamente, coloquial e aproximada à que é utilizada, no dia-a-dia, pelos cearenses, incluindo, claro, alguns regionalismos, o que ajuda a ambientar, ainda melhor, as personagens.
Por fim, para o próximo ano, Paulo Souza pretende lançar o seu primeiro romance. O livro, segundo ele, já está escrito e espera apenas por alguns ajustes.
Lançamento de “Clarice – A última Araújo”, de Paulo Souza
Preço de capa: R$ 35,00
Data: 15 de Setembro (sábado)
Local: Empório Buongustaio (Quadra 205, lote 02, Águas Claras)
Horário: 14 horas
Quem puder, compareçam e prestigiem a literatura brasileira e os novos autores!