Ontem, a plataforma de subscrição de ebooks, audiobooks e podcasts Kobo Plus que, até agora só exisitia em países como a Bélgica, Holanda e o Canadá, passou a estar disponível em Portugal, através de uma parceria entre a Kobo e o Grupo LeYa Portugal. No entanto, para além das chancelas do grupo já mencionado, o catálogo já conta com a participação de outras editoras como a Saída de Emergência, Guerra & Paz, Fundação Francisco Manuel dos Santos, Alma dos Livros, Harper Collins, Harlequin, Aletheia, Relógio d’Água e Atlântico Press.
No Dia Mundial do Livro, o grupo editorial LeYa Portugal divulgou um novo serviço online de audiolivros, livros eletrónicos e podcasts, em parceria com a plataforma nipo-canadiana Kobo. O serviço chama-se Kobo Plus e está disponível em Portugal, desde ontem, com mais de 8 mil ebooks em português de Portugal e mais de 700 conteúdos áudio também em português (audiolivros, podcasts e conteúdos originais em parceria com o jornal Público, o site Fumaça e a RTP, entre outros).
A oferta estende-se igualmente a cerca de 600 ebooks e 94 mil audiolivros em inglês, espanhol, francês, português do Brasil e outras línguas. A plataforma encontra-se no endereço kobo.com/pt e terá novidades todos os meses, prometem os responsáveis. O preço dos planos de subscrição disponíveis varia entre 5,99 e 7,99 euros por mês, sendo os primeiros trinta dias gratuitos.
“Em muitos casos, o que falta para termos mais pessoas interessadas é precisamente haver oferta de qualidade e também oportunidade para que os leitores possam experimentar.” — Michael Tamblyn, Diretor Executivo da Kobo
Durante uma conferência de imprensa via Zoom, ao início da tarde de ontem, organizada pela Leya e pela Kobo, o mesmo responsável acrescentou: “O acesso aos audiolivros tem sido muito limitado em muitos mercados, incluindo o português. Não tem havido muitos títulos disponíveis ou títulos de autores que interessam ao público. Quando há, os preços são muito altos, o que constitui um obstáculo.”
Por isso, através do Kobo Plus “é possível começar a construir este mercado”, até porque “quando as editoras começam a ter retorno, investem mais nos audiolivros”, apontou Michael Tamblyn.
No mesmo sentido, Pedro Sobral, reconheceu que, em Portugal, “o audiolivro não teve muita adesão” no passado mas, agora, existe “a oportunidade” de “construir um mercado do zero”.
“Neste momento, o perfil de consumo de conteúdos áudio em Portugal é grande, há uma audiência que procura conteúdos de qualidade, capazes de aportar valor e utilidade. Do ponto de vista editorial, temos grandes conteúdos que podem alinhar com a audiência.” — Pedro Sobral, Diretor-Geral da LeYa Portugal
Catálogo extenso vai além dos livros da LeYa
No Kobo Plus Portugal há livros e autores publicados pelas chancelas do grupo LeYa, mas também obras de outras casas editoriais e a expetativa é que, em breve, cheguem novos livros e novos autores.
Atualmente, no que diz respeito aos autores portugueses, é possível ouvir livros de Alice Vieira, António Lobo Antunes, Francisco Moita Flores, João Pinto Coelho, Lídia Jorge, Manuel Alegre, Mia Couto, Rodrigo Guedes de Carvalho, assim os clássicos de Miguel Torga, Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós ou Gil Vicente.
No que toca à ficção traduzida, a oferta passa por autores como Elena Ferrante, Virginia Woolf ou Dostoievski, Arturo Pérez-Reverte, Salman Rushdie e Agatha Christie, ou ainda Chimamanda Ngozi Adichie, Zadie Smith, Philip Roth ou Paul Auster.
No domínio dos podcasts, há reportagens áudio do site Fumaça, da Bruá Podcasts ou da Eleven Sports ou ainda “multifacetados conteúdos áudio” da RTP. O resumo de obras populares de não-ficção, como forma de aguçar a curiosidade do público, é outra das opções, através de objetos em formato de áudio da autoria dos jornalistas Joana Stichini Vilela, Patrícia Barnabé, Dulce Garcia e Paulo Farinha.
Finalmente, as gravações dos mais de 40 encontros e debates realizados entre 2015 e 2017 no Festival Internacional de Cultura, em Cascais, com criadores como David Grossman, Caetano Veloso, Arturo Pérez-Reverte, Arundhati Roy ou Paul Auster também estão disponíveis.
Competir com as séries, redes sociais e jogos
Na visão do diretor executivo da Kobo, “o futuro da leitura passa por podermos ler como quisermos e por explorarmos autores, histórias, géneros e ideias de uma maneira que seja tão imediata como acontece com o streaming de séries”. Michael Tamblyn salientou que vivemos na era “da economia da atenção”, pelo que o mercado livreiro disputa o tempo dos leitores com serviços tão populares como a Netflix, o Facebook ou o Instagram.
“A questão não são os livros eletrónicos versus os livros em papel ou uma livraria versus a outra livraria. Estamos a lutar pelo tempo de leitura versus redes sociais, serviços de streaming de vídeo, jogos e todas as outras experiências que competem pelo tempo de lazer das pessoas”, sublinhou o empresário canadiano. “Criar um serviço robusto por assinatura, que permite saltar de um livro para o outro e experimentar livros que nunca nos interessariam, é uma forma imprescindível de reivindicarmos o nosso lugar nesta economia da atenção.” — Michael Tamblyn, Diretor Executivo da Kobo
A parceria com a Leya, é a principal novidade da chegada a Portugal da Kobo Plus, segundo Michael Tamblyn, já que a colaboração das editoras na produção de conteúdos áudio é “um dos grandes desafios” de um serviço como este. Ter “os parceiros certos” é um dos critérios da empresa para criar o Kobo Plus em países específicos.
A Kobo foi fundada no ano de 2009 no Canadá e comprada em 2012 pela japonesa Rakuten (que é também conhecida pela aplicação de telemóvel Viber). A Rakuten Kobo Inc, como hoje se desgina, descreve-se como “a única empresa do mundo exclusivamente dedicada aos livros digitais”, com 38 milhões de utilizadores reportados em todo o mundo.
“Já conseguimos lançar em alguns países o Kobo Plus, que é um serviço por subscrição em que um valor mensal dá acesso a uma enorme variedade de livros. Nos países onde o Kobo Plus não existe, as pessoas podem comprar livros à unidade, como numa livraria, e lê-los através da nossa aplicação ou dos nossos aparelhos de leitura. É a mesma diferença que existe entre comprar uma canção avulso ou assinar um serviço de streaming de música como o Spotify.” — Michael Tamblyn, Diretor Executivo da Kobo
Foto: Divulgação
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Boas leituras!