Com 50 anos de carreira e quase outros tantos livros publicados, que espelham a sua multifacetada capacidade de deambular por vários géneros literários, a edição deste ano do Prémio Jabuti vai homenagear Ignácio de Loyola Brandão. Para ele, a homenagem reconhece a sua obra e justifica a sua história.
Ignácio de Loyola Brandão será a Personalidade Literária do 63º Prêmio Jabuti, organizado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL). O escritor, nascido em Araraquara, disse que a homenagem reconhece a sua obra e justifica sua história. Relembro que, em 2020, a poeta mineira Adélia Prado foi a autora homenageada.
Aos 84 anos, o autor tem 47 livros publicados. Em declarações para a edição deste mês do jornal Rascunho, ele revelou que está a trabalhar num novo romance, chamado \”Por que Deus não diz claramente o que quer?\”. O livro sucede ao livro distópico \”Desta terra nada vai sobrar, a não ser o vento que sopra dela\”, editado em 2018.
Ao longo de sua carreira, recebeu diversos prémios, entre eles, o Jabuti em cinco oportunidades. Jornalista, chegou a São Paulo em 1957. Trabalhou no jornal Última Hora até 1966. Depois, editou as revistas Claudia, Realidade, Planeta, Lui, Ciência e vida e Vogue.
O seu primeiro livro, \”Depois do Sol\”, inserido no género de contos, foi publicado em 1965. Escreveu em quase todos os géneros literário, do romance aos infantojuvenis, passando também pelo teatro e cadernos de viagem. Entre os seus livros mais conhecidos estão \”Zero\”, \”Não verás país nenhum\”, \”Bebel que a cidade comeu\”, \”Cadeiras proibidas\” e \”O beijo não vem da boca\”.
Além disso, o consagrado escritor também é membro das Academias Paulista e Brasileira de Letras, além de Doutor Honoris Causa pela UNESP Araraquara.
Foto: Ignácio de Loyola Brandão por Daniel Teixeira
Sobre o autor:
Ignácio de Loyola Brandão nasceu em Araraquara (SP), em 31 de julho de 1936. Jornalista, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras, publicou dezenas de livros, entre romances, contos, crónicas e viagens, além de ter participado de várias antologias. Filho de um ferroviário, tornou-se crítico de cinema aos 16 anos, quando soube que os críticos não pagavam para ir ao cinema. Assim enveredou pelo jornalismo. Em 1957, mudou-se para São Paulo e foi trabalhar no jornal Última Hora como repórter. Estreou com um livro de contos sobre a noite paulistana, \”Depois do Sol\”. O seu primeiro romance, \”Bebel que a Cidade Comeu\” foi publicado em 1968. Em 1974, o romance \”Zero\”, a sua obra mais conhecida, foi editado em Itália. Editado no Brasil no ano seguinte, o livro foi proibido em 1976 pelo Ministério da Justiça do governo Geisel. A obra só voltou a ser vendida a partir do ano de 1979. Em 1993, iniciou uma colaboração semanal no jornal O Estado de S. Paulo. Em 1996, submeteu-se a uma cirurgia para a retirada de um aneurisma cerebral e registou a experiência no livro \”Veia Bailarina\”, em 1997. Tendo como cenário a ditadura militar e o exílio, a sua obra romanesca faz uma crítica amarga da sociedade brasileira, mas também fala de amor e solidão. Em julho de 2001, por ocasião do seu aniversário, foi homenageado pelo Instituto Moreira Salles, com a publicação da sua vida e obra no volume 11 da série \”Cadernos de Literatura Brasileira\”. Em 2008, o romance \”O Menino que Vendia Palavras\” ganhou o Prêmio Jabuti de melhor livro de ficção do ano. Nas suas crónicas, as referências à infância em Araraquara, aos colegas de geração e ao quotidiano da cidade de São Paulo são frequentes.
Sugestão de Leitura:
Leitores residentes no Brasil:
“Zero”, de Ignácio de Loyola Brandão (Global Editora, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/zero-14-ed-2019/artigo/478a8fff-6d65-4132-80a5-9a8cc0c31da9
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Boas leituras!