Neste texto, Ana Beatriz Ribeiro vai trazer a sua análise sobre o muito adorado Mr. Darcy, do romance “Orgulho e Preconceito”, de Jane Austen, editado pela Editorial Presença.
A personagem de Mr. Darcy é adorada por muitas leitoras e, inclusive, é vista como um exemplo de homem. Mas de onde vem tudo isto!?
Logo que chega a Netherfield, Mr. Darcy não causa uma boa impressão aos moradores. Porque não convida mais nenhuma rapariga a dançar, a não ser as suas conhecidas, Miss Bingley e Mrs. Hurst, porque não se esforça a conviver com as pessoas e nem se apresenta, o que faz com que fique mal visto e, além disso, seja considerado arrogante e detestável.
Adicionalmente, Lizzie também não tem uma opinião positiva acerca do cavalheiro, uma vez que o ouviu a desdenhá-la e a criticá-la, quando lhe sugeriram dançar com a segunda irmã Bennett. E, a partir daí, cresce uma antipatia palpável entre eles e, prova disso, são as respostas, cheias de agudeza e de crítica, que são trocadas entre eles.
A verdade é que Mr. Darcy estava habituado a estar rodeado das atenções femininas, vindas, sobretudo, de Miss Bingley que procurava sempre o apoio dele nas suas opiniões e críticas e estava sempre à volta dele, quer estivessem a conversar quer ele estivesse a escrever cartas para a irmã mais nova.
Contudo, isso não aconteceu com Lizzie que, por se ver criticada tão rudemente, mesmo sem ele a conhecer, o desdenha de igual modo e, quase sem se aperceber, Mr. Darcy se vê interessado nela e procura estar perto dela ou observá-la.
E, aos olhos do cavalheiro, Lizzie transforma-se e o afeto que ele sente por ela vai crescendo, dando mais força às críticas que Miss Bingley dirigia à segunda filha de Mrs. Bennett apenas por uma questão de ciúmes.
Portanto, quando todos descobrem que Mr. Darcy partiu para Londres, ninguém fica triste. Muito pelo contrário. Todos o acharam arrogante e desprezível e, por isso, não lamentam a sua perda. Ainda que o mesmo não aconteça com Mr. Bingley, pois este tinha conquistado o coração de todos.
Passa-se um longo tempo até Lizzie e Mr. Darcy se encontrarem novamente. E, quando isto acontece, ela está de visita a Mr. e a Mrs. Collins e ele à tia, Lady Catherine de Bourgh.
Apesar de estarem em casas diferentes, os encontros são frequentes, independentemente de Mr. Darcy estar sozinho ou acompanhado pelo seu primo. E é o primo que desperta algum afeto por parte de Lizzie, pois é totalmente o oposto de Mr. Darcy.
No entanto, numa certa noite, tudo muda. E Lizzie, estando sozinha em casa dos Collins, por não se estar a sentir muito bem, recebe a visita inesperada de Mr. Darcy que se declara a ela de uma forma muito rude, pouco romântica e com a certeza de que ela não podia recusá-lo. Ainda assim, Lizzie fez exatamente o que ele não esperava e disse-lhe todas as razões que estavam por detrás dessa recusa. Claro que Darcy foi apanhado desprevenido e partiu completamente perdido. E, chegado a casa da tia, escreveu uma carta a Lizzie, contando a sua versão da história e mostrando que as suas ações foram justificadas. E isto acaba por mudar a forma como ela o via.
Respondendo à pergunta do início do artigo… Talvez seja o seu carácter de vilão que faça com que as leitoras se apaixonem por ele. Talvez seja a forma tão intempestiva com que se declara a Lizzie que, embora não seja a ideal, mostra que a ama profundamente. Talvez seja toda a história que cresceu entre eles, depois. Talvez seja a redenção de uma personagem, inicialmente malvista e considerada arrogante e fria, pelo amor. Mas, talvez, as fãs de Mr. Darcy possam dizer-nos a sua razão para gostar desta personagem…
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Sobre a autora:
Nasceu em 1775, em Steventon, Hampshire, no Sul de Inglaterra. Jane Austen foi a sétima de oito filhos do reverendo George Austen, o pároco local. Começou a escrever \”Orgulho e Preconceito\” aos vinte e um anos, obra que viria a ser publicada, pela primeira vez, apenas em 1813, anonimamente, tendo-se tornado um sucesso imediato junto do público. Embora todos os romances publicados em vida da autora tenham sido anónimos, Jane Austen contou desde cedo com leitores ilustres e muito devotados, entre os quais o Príncipe Regente, mais tarde rei Jorge IV, e o escritor Walter Scott. A sua escrita – apesar de ter vivido num universo quase exclusivamente confinado ao círculo dos seus relacionamentos familiares – revela uma finíssima capacidade de observação do comportamento humano, em especial o das famílias e das jovens das classes médias e alta, e um espírito arguto e satírico que a faz ombrear com os maiores romancistas da literatura universal. Da mesma autora, o leitor pode encontrar, também na coleção «Grandes Narrativas», as obras \”Sensibilidade e Bom Senso\” e \”Orgulho e Preconceito\” e \”Persuasão\”.
Sugestões de Leitura:
Leitores residentes em Portugal:
“Orgulho e Preconceito”, de Jane Austen (Editorial Presença, WOOK):
https://www.wook.pt/livro/orgulho-e-preconceito-jane-austen/15560651
Leitores residentes no Brasil:
“Orgulho e Preconceito”, de Jane Austen (Companhia das Letras, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/orgulho-e-preconceito-1-ed-2011/artigo/1204e5ad-01e1-4033-913f-dcb5de498731
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Boas leituras!