Quantas vezes, mesmo sem percebermos ou termos essa intenção, desvalorizamos a figura do tradutor na literatura que chega às nossas mãos, numa versão traduzida, porque, por algum motivo, não dominamos a língua original em que determinada narrativa foi escrita? Neste terceiro texto, Anna Beatriz Freitas aborda este tema, de forma clara, e demonstra que, em muitos casos o trabalho de quem traduz não é, nem precisa ser, invisível.
Se, por um lado, uma má tradução pode condenar uma obra, por outro, uma boa tradução, pode eternizá-la! Certamente, todos nós, que temos o costume de ler, já fizemos criticas em relação à tradução de certas obras. Muitas vezes, não dominamos o idioma original no qual a obra foi escrita e, por essa razão, dependemos da sua versão traduzida. No entanto, não é por isso que nos contentamos com qualquer tradução.
De facto, muitas vezes, nem notamos que o que está a incomodar é a tradução em si e, então, culpamos o autor. Dizemos, quase de imediato, “decepcionei-me com a escrita!” ou “ achei tudo muito confuso!”. Estas são algumas das frases mais comuns. Contudo, pode acontecer o contrário, e uma boa tradução pode arrebatar os nossos corações e, dessa forma, ao gostarmos muito do trabalho, damos o crédito também ao autor.
É interessante refletir sobre isso, visto que é preciso notar a importância da figura do tradutor. Nota-se que, em ambas as situações, para as pessoas que não estão atentas ao assunto “tradução”, a figura do tradutor desaparece! Ou seja: se a tradução for ruim, achamos que a obra foi mal escrita, se ela for boa, somente o autor seria aclamado. Note o quanto nós escurecemos a tradução e o tradutor sem sequer percebermos!
A minha intenção neste texto não é julgar o que seria uma boa ou uma má tradução, ou dizer que a tradução é melhor que a sua obra original ou vice-versa. O meu objetivo é apenas clarear algo que, na maioria das vezes, está obscuro nas nossas mentes. Conhecer minimamente o assunto “tradução” ajuda-nos a ter uma experiência mais proveitosa de leitura e. além disso, faz-nos ser mais precisos e justos nas nossas críticas. Nesta linha de raciocínio, podemos ver que o tal papel “invisível” do trabalho do tradutor não é assim tão invisível e, no fundo, apesar de muitos discordarem, não precisa ser!
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Boas leituras!