\”O avesso da pele\”, de Jeferson Tenório, romance que aborda o momento em que a cor da pele determina o nosso modo de estar no mundo, chega a Portugal a 6 de abril

Quero começar por dizer que “O avesso da pele” é um forte candidato a arrecadar os principais galardões literários canarinhos neste ano de 2021. Se, por um lado, este romance tem um texto com traços líricos e poéticos, por outro, possui, também, um lado urgente, uma vez que se debruça sobre temas como a busca de identidade, o conceito de negritude, o racismo, a violência policial, os dramas familiares e o estado do ensino público na cidade de Porto Alegre, o que nos desloca para fora do eixo Rio de Janeiro e São Paulo. A edição portuguesa vai chegar às livrarias a 6 de Abril pela Companhia das Letras Portugal.

\”É necessário preservar o avesso, você me disse. Preservar aquilo que ninguém vê. Porque não demora muito e a cor da pele atravessa nosso corpo e determina nosso modo de estar no mundo.\” — Jeferson Tenório

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Sinopse:
Agora que o pai morreu, inesperada e precocemente, Pedro tem pouco mais a que se agarrar senão aos ensinamentos e às memórias deixadas pelo pai, professor de Literatura na rede de ensino público. E homem negro, num país que julga os homens e as mulheres pela cor da pele.

Esvaziado pela ausência, Pedro retraça os passos de Henrique nas ruas, procura vestígios seus nos pertences deixados no apartamento. Reduzido por vontade da mãe a uma relação intermitente com o pai, resta a Pedro a possibilidade de reconstruir ou imaginar o passado de Henrique – enquanto homem, enquanto pai – para, pelo caminho, procurar o entendimento de si próprio.

Nesta rota íntima de Pedro, Jeferson Tenório faz uma delicada investigação das relações entre pais e filhos, ao mesmo tempo que esboça um retrato poderoso de um país sulcado pela segregação e pela pobreza, em que muitos não podem mostrar – por vezes, nem sentir – o seu avesso, esse espaço onde \”entre músculos, órgãos e veias existe um lugar só seu, isolado e único\”.

Com uma sensibilidade invulgar para lidar com os matizes das relações e uma inquietante habilidade para expor a questão racial sem ser didático ou panfletário, Jeferson Tenório afirma-se neste romance como uma das vozes mais potentes e corajosas da literatura brasileira contemporânea.

Opinião de \”O avesso da pele\”: https://sonhandoentrelinhas.pt/blog/o-avesso-da-pele-de-jeferson-tenorio/
Entrevista com o autor Jeferson Tenório: https://sonhandoentrelinhas.pt/blog/entrevista-com-jeferson-tenorio-autor-de-o-avesso-da-pele/

Os elogios da crítica:
\”Não é de graça que Tenório é tão bem acolhido pelo público e pela crítica. Ele não faz turismo, safári social, na desgraça geral do país, não faz da crítica à desigualdade um truque, um atalho apelativo e barato, panfletário, para ter mais aceitação, reconhecimento. Estamos diante de um escritor que, correndo todos os riscos, sabe arquitetar uma boa trama e encantar o leitor. Eu agradeço, a literatura brasileira agradece.\”
Paulo Scott, autor de \”Marrom e Amarelo\”

\”Através de um profundo mergulho em seus personagens, O avesso da pele consegue abordar as questões centrais da sociedade brasileira.\”
Geovani Martins, autor de \”O Sol na Cabeça\”

\”Uma obra necessária, contundente, que nos humaniza ao mesmo tempo em que nos tira qualquer inocência diante da máquina racista que não para de destruir vidas das mais diversas formas.\”
Miguel Sanches Neto, Jornal de Letras

\”O autor mescla o desabafo de quem enfrenta o preconceito a uma investigação corajosa da figura paterna. (#) Uma voz talentosa e urgente da nova ficção brasileira.\”
Raquel Carneiro, Veja

\”Sucinta saga familiar negra contemporânea, O avesso da pele constrói um aguçado e potente relato sobre relacionamentos, paternidade e a existência numa sociedade forjada pelo racismo.\”
Sérgio Luz, jornal O Globo

\”Se a morte é íntima demais para caber num espetáculo – como a de George Floyd se tornou, com a reprodução massiva do vídeo de seu assassinato -, Tenório recusa, por meio da literatura, o espetáculo da violência e a necessidade de idealização do homem negro para tornar sua morte mais intolerável. Ele nos mostra que é sua vida em si mesma, marcada pelas condições mais desumanizadoras possíveis, que deveria sempre tornar sua morte injustificável – pois a grande obra dos homens negros em um mundo racista é a sua própria vida.\”
Fernanda Sousa, Folha de S. Paulo

\”Um romance que nos mostra, a cada página, que no Brasil o avesso é a norma.\”
André de Leones, Estadão

Foto: Jeferson Tenório por Diego Lopes/Divulgação

Sobre o autor:
Nasceu no Rio de Janeiro, em 1977. Radicado em Porto Alegre, é doutorando em teoria literária pela PUCRS. Estreou-se na literatura com o romance “O Beijo na Parede” (2013), eleito o livro do ano pela Associação Gaúcha de Escritores. Teve textos adaptados para o teatro e contos traduzidos para o inglês e o espanhol. É autor também de “Estela sem Deus” (2018). “O Avesso da Pele” é a sua estreia na Companhia das Letras.

Sugestão de Leitura:

Leitores residentes no Brasil:
“O avesso da pele”, de Jeferson Tenório (Companhia das Letras, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/o-avesso-da-pele-1-ed-2020/artigo/34ae205b-6f7e-47f2-9122-d782c94e26f3

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Boas leituras!

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