Depois de um julgamento que reuniu diversos depoimentos, incluindo o de Stephen King, para analisar a operação de fusão de 2,2 biliões de dólares da editora Penguin Random House com a Simon & Schuster, a juíza federal responsável pelo caso decidiu bloquear a fusão entre as duas empresas. A decisão é vista como uma vitória significativa para a administração liderada por Joe Biden.
A juíza Florence Y. Pan disse, na sua ordem jurídica, que o Departamento de Justiça já havia demonstrado que a fusão poderia prejudicar “substancialmente” a concorrência no mercado de direitos de publicação nos EUA.
Em comunicado oficial, a Penguin Random House disse que irá recorrer e chamou a decisão de “um revés infeliz para leitores e autores”.
A editora argumentou ainda que “o foco do Departamento de Justiça em avanços para os autores mais bem pagos do mundo em vez de focar nos consumidores ou na intensa competitividade no setor editorial é contrário à sua missão de garantir uma concorrência leal”.
Na sua conversa com Bodour Al Qasimi durante a Publishers Conference, na Feira do Livro de Sharjah, o CEO da Penguin Random House, comentou a decisão:
“Estou muito desapontado. A ideia de juntar a Simon & Schuster à Penguin era muito simples. Somos uma comunidade de 325 selos e trabalhamos uma história e um autor de cada vez. E nós investimos muito em distribuição, distribuição global, distribuição local distribuição para vender os nossos livros, e estávamos convencidos, desde o início, de que podemos vender mais livros da Simon & Schuster do que eles fazem hoje. por causa de nosso investimento de 250 biliões somente nos EUA nestes últimos 10 anos
na nossa distribuição”.
— Markus Dohle, CEO da Penguin Random House
Adicionalmente, Dohle também referiu que os leitores teriam beneficiado com a fusão já que, segundo ele, a Penguin vende os seus livros “através de mais varejistas do que qualquer outra” e os autores também, por conta de todos os royalties:
“E depois da fusão, seríamos menos de 20% do comércio dos Estados Unidos, enquanto a Amazon tem 50% no lado do varejo. Estou muito desapontado e acho que esta decisão está completamente errada.”
— Mark Dohle, CEO da Penguin Random House
Em contrapartida, o procurador-geral assistente Jonathan Kanter, da divisão antitruste do Departamento de Justiça argumentou que “a fusão proposta reduziria a concorrência, diminuiria a remuneração dos autores, diminuiria a amplitude, a profundidade e a diversidade de nossas histórias e ideias e, por fim, empobreceria nossa democracia”. Ele acrescentou ainda que a consolidação teria causado danos lentos mas constantes a escritores, leitores, livreiros independentes e pequenas editoras.
“A publicação deve estar mais focada no crescimento cultural e na realização literária e menos nos balanços corporativos.”
— Mark Dohle, CEO da Penguin Random House
Foto: Mark Dohle por Porter Anderson
Boas leituras!