A Penguin Random House é considerada como o maior grupo editorial do mundo e, a partir de agora, passa a controlar 70% da Companhia das Letras, o grupo editorial canarinho, fundado por Luiz Schwarcz que, actualmente, detém 16 chancelas e um catálogo de autores para todos os tipos de leitores.
Em termos de língua portuguesa, fazem parte dele,no Brasil, autores como José Saramago, Mia Couto, Milton Hatoum, Carlos Drummond de Andrade, Lygia Fagundes Telles e, em Portugal, por exemplo, Afonso Cruz, João Tordo, ou Alexandra Lucas Coelho. No entanto, com este negócio, a família Moreira Salles deixou de fazer parte da sociedade.
Sabe-se que esta actualização da percentagem detida pela maior casa editorial do mundo, a qual é liderada por Markus Dohle, já era esperada e já estava prevista desde 2012, aquando da assinatura do contrato que permitiu a aquisição de 45% da Companhia das Letras. Ainda assim, e ao contrário do que muita gente possa vir a pensar, o fundador Luiz Schwarcz mantém o seu lugar como presidente da editora que fundou em 1986. O mesmo acontece com Lilia Moritz Schwarcz que continua a ser directora daquela que é a maior editora do país do samba.
Nas palavras de Markus Dohle, “É com grande admiração pela Companhia das Letras e pelo que Luiz e a sua brilhante equipa construíram que a Penguin Random House anuncia a aquisição da participação maioritária dessa editora excepcional. Eu sou grato pela permanência do Luiz, na liderança da Companhia, e estou confiante de que, a longo prazo, a situação macroeconómica brasileira vai melhorar. Agora, juntos, continuaremos a expandir ainda mais a Companhia, celebrando a força das nossas equipas locais e certificando a conciliação das dinâmicas do mercado local com o objetivo compartilhado de interligar os nossos autores com a mais rica rede de leitores brasileiros e além”.
Do lado da Companhia das Letras, o seu fundador garante que “nada mudará na vida da Companhia das Letras, assim como não mudou nos últimos seis anos”. Realçou, também que a decisão tem a ver com “visões de longo prazo em relação ao mercado livreiro”. “Ganharemos mais apoio para iniciativas importantes, como o acompanhamento em novas formas de distribuição do conteúdo literário, e para conhecermos mais os leitores, além da presença mais próxima do Markus Dohle, que conhece como ninguém o mercado internacional livreiro e tem uma visão positiva sobre o futuro do livro”, completou.
No passado mês de Outubro, o grupo Companhia das Letras completou o seu 32º aniversário. Em jeito de balanço, 32 anos depois da sua fundação, eles detêm a maior percentagem de mercado entre as editoras de livros trade no Brasil, e tem, ainda, mais de 4500 títulos ativos no seu vastíssimo catálogo.
É realmente notável observar que entre os autores da Companhia, estão 34 vencedores do Prémio Nobel de Literatura e muitos dos principais escritores de literatura brasileira, tanto ao nível da ficção como de poesia.
Relembro que foi da parceria entre estas duas casas editoriais que, em 2009, surgiu a chancela Penguin Companhia. Desde essa altura, ela é uma referência na publicação de clássicos no Brasil, expandindo, desta forma, a tradição e a excelência da Penguin na edição deste tipo de obras literárias como, de resto, se vê em vários países espalhados pelo mundo.
Boas leituras!