Existem livrarias que têm ótimas coleções de livros e, depois, há aquelas livrarias que não se resumem a desempenhar o papel comercial de lojas, somente. Vão muito para além disso e transformam-se em autênticas casas para os escritores. Um desses exemplos é, sem qualquer dúvida, a Shakespeare & Company, a célebre livraria de Paris que já foi frequentada por nomes incontornáveis da literatura, nomeadamente, Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald, T. S. Eliot e James Baldwin, entre outros. Contudo, o lado cruel da pandemia mundial de Covid 19 pode fazer com que ela feche as portas.
De acordo com o “Lonely Planet”, a livraria enviou um email aos seus clientes admitindo a difícil situação em que se encontra. A queda nas vendas de livros é superior a 80 por cento desde março, mês em que o novo coronavírus se começou a sentir em força na Europa. Com as contas a acumularem-se, a livraria pode fechar portas já no próximo dia 1 de dezembro.
O espaço original foi fundado no ano seguir à Primeira Guerra Mundial, em 1919, por Sylvia Beach, e chegou a ser visitado por autores como F. Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway, TS Eliot e James Joyce. Em 1951, chamava-se Le Mistral e, nessa época, a livraria recomeçou a sua vida, pelas mãos de George Whitman, um norte-americano radicado em Paris.
Em 1964, ano em que se celebrava a passagem de 4 séculos depois do nascimento de William Shakespeare, Whitman decidiu alterar-lhe o nome como forma de prestar tributo não só à figura maior das letras, mas também à antiga proprietária da loja. Sylvia, aliás, foi mesmo o nome que deu à sua filha.
A partir dali, a Shakespeare and Company tornou-se um espaço que acarinhou autores como poucos. Allen Ginsberg, William Burroughs, Anaïs Nin e James Baldwin estão entre os visitantes da loja na sua reabertura.
O sítio ficou igualmente conhecido por ter um sofá que serviu de guarida a vários convidados. O ator Ethan Hawke e o realizador Darren Arronofsky estão entre as figuras que nele pernoitaram. A estadia foi paga com trabalho na loja, arrumando prateleiras.
Após o falecimento de George, foi a sua filha, Sylvia Whitman, quem tomou conta da loja. No email aos clientes, a proprietária detalha algumas formas simples de como os clientes podem ajudar. A livraria está a vender sacos de pano e além de livros podem-se comprar vouchers para usar futuramente.
Adicionalmente, a loja tem também em curso uma subscrição especial que dá acesso a um ano de leitura: são 12 os livros que as pessoas vão receber, um por mês durante um ano, com a curadoria dos títulos a ficar a cargo da equipa de livreiros.
O espaço tornou-se um lugar não só para amantes das letras mas, também, um espaço pitoresco, que costuma receber a atenção de turistas que chegam a Paris à procura de pequenos esconderijos da cidade.
Foto: Interior da livraria Shakespeare and Company, em Paris, por Eamonn McCabe
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Boas leituras!