Mia Couto e o seu desejo de internacionalizar o Prémio Camões

É, sem sombra de dúvida, um dos autores mais consagrados da literatura de língua portuguesa e um dos grandes embaixadores contemporâneos da nossa literatura, com obras absolutamente fantásticas que, invariavelmente, recriam uma África de sonho. Foram as milhares de histórias que ouviu, em criança e adolescente, a sua maior fonte de inspiração para as narrativas que escreve. Todavia, embora defenda que o Prémio Camões é uma grande iniciativa, reconhece-lhe falta de prestígio por esses mares fora. E, por isso, acha imprescindível que este galardão, o maior da literatura em português, seja dinamizado de forma a obter o reconhecimento que lhe falta.

Instituído em 1988, simultaneamente pelos Governos de Portugal e do Brasil, o Prémio Camões visa distinguir aos autores que tenham contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua portuguesa. Entre os autores já laureados estão nomes como: Miguel Torga, João Cabral de Melo Neto, Vergílio Ferreira, António Lobo Antunes, Sophia de Mello Breyner, Lygia Fagundes Telles, Raduan Nassar Rachel de Queiroz, Jorge Amado, José Saramago, entre outros. Recordo que na última edição, mais precisamente, em 2017, o vencedor foi Manuel Alegre.

Vencedor do célebre galardão em 2013, tendo este sido entregue a 27 de Maio daquele ano, no Rio de Janeiro, Mia Couto, autor de romances como “Terra Sonâmbula”, “A Confissão da Leoa”, “Vinte e Zinco” ou, ainda, da trilogia “As Areias do Imperador”, composta pelos volumes: “Mulheres de Cinza”, “A Espada e a Azagaia” e “O Bebedor de Horizontes”, defendeu no passado mês de Janeiro, durante o seu discurso, enquanto convidado do no ciclo Camões dá que falar, a importância da dinamização do prémio para que seja reconhecido fora de portas.

O autor salientou, também, que até dentro da comunidade lusófona, o galardão tem pouca divulgação. Nas suas palavras, é necessário que os organizadores, os vencedores e todos aqueles que fazem, ou fizeram, parte dos consecutivos júris, ao longo dos anos, pensem, juntos, numa estratégia de promoção diferente.

Mia sugere, nomeadamente, que deve haver um maior investimento financeiro dos PALOP, visto que, actualmente, os fundos são disponibilizados, em partes iguais, pelos governos de Portugal e do Brasil. E, ainda assim, no país das novelas, do futebol, do samba e do carnaval, ele quase não existe. Já para não falar dos países africanos quer, geralmente, é destaque, somente, se for um africano a receber o referido prémio.

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