Várias obras, ao longo da história, têm retratado, constantemente, o mar, quer na sua beleza, quer no seu poder e, igualmente, o respeito que lhe devemos ter. Quem não se lembra de “O Velho e o Mar”, de Ernest Hemingway, “Os Homens do Mar”, de Victor Hugo ou “Os Lusíadas”, de Camões? em 1944,foi a vez de Vitorino Nemésio, retratar, pelas suas palavras, este elemento, demasiadas vezes, subestimado, pelo ser humano.
“Mau tempo no canal” é um retrato dos ilhéus açorianos. É a história de duas famílias rivais: os Clarks e os García. Há quem o retrate como o “Romeu e Julieta” dos Açores , mas, não creio que tal afirmação seja verdadeira. O único ponto em comum é a rivalidade entre duas famílias importantes.
É verdade que há um início de romance entre João Garcia e Margarida Dulmo Clark. Contudo, a paixão não é suficiente para vencer os obstáculos, apesar de ela ganhar uma maior intensidade por parte de João. No entanto, Margarida sempre teve o desejo de viajar e aventurar-se por outras paisagens.
Margarida é uma das personagens mais femininas e interessantes da literatura portuguesa. Uma mulher independente e, ao mesmo tempo, profundamente ligada as suas origens. É bastante bondosa e aventureira e, além de tudo isso, muito próxima do seu tio Roberto, o homem com quem, o seu pai, desejava que ela se casasse. Porém acaba por unir-se André Barreto, tendo uma bonita relação com os pais deste.
O que realmente impressiona, neste romance, é o relato dos habitantes das ilhas, as suas tradições e a caça às baleias. Lembra-nos de “Moby Dick”, de Herman Melville, se bem que, esta obra, oferece-nos, somente, alguns episódios, tornando-o, dessa forma, numa narrativa única. É uma das obras mais belas da literatura portuguesa!
Boas leituras!