Man Booker Prize 2017: “4 3 2 1”, de Paul Auster, e “Outono”, de Ali Smith, estão entre os seis finalistas

O norte-americano Paul Auster e a escocesa Ali Smith, autores responsáveis pelos romances “4 3 2 1” e “Outono”, respectivamente, integram a lista de 6 nomeados para o Man Booker Prize 2017. A lista foi divulgada ontem, todavia, o vencedor só será conhecido a 17 de Outubro.

Estes é o grupo de seis finalistas para o Man Booker Prize:

1. “4 3 2 1”, de Paul Auster (Estados Unidos da América), editado pela Faber & Faber (com tradução portuguesa da Edições ASA);

2. “History of Wolves”, de Emily Fridlund (Estados Unidos da América), editado pela Weidenfeld & Nicolson;

3. “Exit West”, de Mohsin Hamid (Paquistão), editado pela Hamish Hamilton;

4. “Elmet”, de Fiona Mozley (Reino Unido), editado pela JM Originals;

5. “Lincoln in the Bardo”, de George Saunders (Estados Unidos da América), editado pela Bloomsbury Publishing (com tradução portuguesa da Relógio D’Água;

6. “Autumn”, de Ali Smith (Reino Unido), editado pela Hamish Hamilton (com tradução portuguesa da Elsinore).

Esta quinta feira, logo pela manhã, ficamos a conhecer os seis finalistas do Man Booker Prize. Dos seis autores que passaram à fase final, três deles são norte-americanos. Chamo a vossa atenção que esta nomeação contém algumas surpresas. Desde logo pela ausência de “Underground Railroad”, de Colson Whitehead, uma obra que muitos consideravam ser um dos potenciais vencedores. Saliento ainda que “O Ministério da Felicidade Suprema”, da indiana Arundhati Roy, uma das convidadas do FIC – Festival Internacional de Cultura 2017 e vencedora do mesmo prémio em 1997, com “O Deus das Pequenas Coisas”, também ficou de fora da lista.

Por outro lado, Paul Auster vê “4 3 2 1”, o seu primeiro romance, sete anos após a publicação de “Sunset Park” em 2010, entrar para este restrito grupo, Note-se que o autor é um estreante, no que diz respeito a este prémio. Isto acontece, somente, 3 dias depois da presença deste magnífico autor no Festival Internacional de Cultura, um evento que decorre em Cascais até ao próximo dia 30 de Setembro. Aproveito a oportunidade para endereçar os meus sinceros parabéns à LeYa, que publica as obras de autor, em Portugal, através da Edições ASA. No mais longo romance da lista acima transcrita, Paul Auster, presentemente, um dos maiores nomes da literatura contemporânea americana, oferece-nos uma incrível viagem à America do início do século XX através da história de Archibald Isaac Ferguson. O protagonista é filho único de Rose e Stanley Ferguson, todavia, esta criança recebe 4 caminhos ficcionais.

Emily Fridlund, de 38 anos, apresenta-nos “History of Wolves”, no qual narra a vida de Linda, de 14 anos, que vive numa comunidade que está a morrer, sendo ela e os seus pais praticamente os únicos habitantes. Um dia, chega uma família ao lado oposto do lago onde vive e com quem se começa a relacionar.

Segundo o Daily Mail, “a escrita de Emily Fridlund é viva: as suas descrições naturais provocam um excelente senso de lugar”.

A temática dos refugiados e da imigração em massa, causada pelas guerras são dois temas que continuam actuais e que estão implícitos no romance do autor paquistanês Mohsin Hamid. Em “Exit West”, uma obra publicada pela Hamish Hamilton, enquanto Nadia é uma jovem sensual, gentil e bastante independente, Saeed é, definitivamente um jovem mais conservador. Quando se conhecem, embarcam numa prematura relação amorosa, repleta de intimidade, apesar de viverem numa cidade onde o início de uma guerra civil está iminente. Assim que o confronto começa, as ruas que, outrora, emanavam um ambiente calmo e, diria mesmo, familiar, tornaram-se num cenário de constante expulsão de bombas.Repentinamente, começaram a ouvir sussurros por trás das portas e, à medida que a violência ia crescendo,para sobreviver a tudo aquilo, só tinham uma opção: Deixar a sua terra natal, as suas velhas vidas para trás, encontrar uma porta e fugir dali.

Exit West conta-nos uma história inesquecível sobre amor, lealdade, coragem que é, completamente, acerca do nosso tempo e para todo o tempo

Avançando na lista, a, igualmente, estreante Fiona Mozley, de 29 anos, que trabalha na The Little Apple Bookshop, uma livraria localizada na cidade história de York, em Inglaterra, Começou a escrever o seu romance “Elmet” há cerca de quatro anos.

Nesta sua primeira narrativa, ela comenta, recorrendo a uma escrita poética, a sociedade inglesa contemporânea, retratando a vida de uma família em condições precárias, bem como uma exploração profunda de até onde a relação entre pai e filho pode chegar.

Outra das grandes surpresas é George Saunders, um estreante na escrita de ficção com “Lincoln in the Bardo”, o seu primeiro romance. É de assinalar, também, a sua ligação à reconhecida revista New Yorker, como colaborador literário na década de 90. Antes de se aventurar na escrita da sua primeira obra de ficção, Saunders escreveu as premiadas colectâneas de contos CivilWarLand in Bad Decline (1996), Pastoralia (2000), In Persuasion Nation (2006) e Dez de Dezembro (Ítaca, 2016), que motivaram rasgados elogios por parte de Zadie Smith, curiosamente, uma das autoras que concorreu, este ano, ao Man Booker Prize com “Swing Time”. Este romance foi editado, no passado mês de Junho, pela Dom Quixote, outra chancela da LeYaOnline.

Já, Ali Smith pode ser considerada uma veterana nestas andanças, pois, já é a quarta nomeação que conquista para este prémio, fazendo com que “Outono” se junte a: Hotel World (2001), Accidental (2005) e How To Be Both (2014). É absolutamente notável, observar que todas estas obras chegaram ao grupo de finalistas nas edições dos referidos anos. Outra das curiosidades é que esta escritora nasceu em Inverness, um cenário bastante especial para os fãs de Diana Gabaldon e da saga “Outlander”. É apontada, inclusive, por Sebastian Barry, reconhecido escritor irlandês e autor de “Dias Sem Fim”, um romance, editado pela Bertrand Editora, que esteve na longa lista de obras nomeadas para este prémio, como uma potencial futura vencedora de um Prémio Nobel de Literatura.

Quanto a “Outono”, é o primeiro livro de uma tetralogia que vai abordar “o estado da nação inglesa”, sendo que cada um dos livros terá o nome de uma estação do ano. Surpreendentemente, foi escrito de forma rápida durante o período do referendo do Brexit.

De acordo com o respeitado The Guardian, Outono é uma belíssima e pungente sinfonia de memórias, sonhos e realidades efémeras; a “interminável triste fragilidade” das vidas mortais.»

Para o júri da edição deste ano, os seis finalistas são “originais” e “inovadores”, e transmitem uma força única que faz com que seja impossível esquecê-los.

A crítica literária Lilam Azam Zanganeh que, este ano, integra o júri deste prestigiado prémio, exprime sem a sua admiração para com as seis obras seleccionadas: “Os seis livros são extraordinários e acima de tudo ousados e adoro o que fazem com a literatura. Tentam empurrar os limites relativamente ao que significa um romance e o que um romance diz sobre o mundo atual”.

“Com seis livros únicos e audazes que colectivamente pressionam as fronteiras da convenção, a lista curta deste ano reconhece autores estabelecidos e introduz novas vozes na cena literária. Jocosos, sinceros, inquietantes, ferozes: aqui está um conjunto de romances de tradição, mas também radicais e contemporâneos. O alcance emocional, cultural, político e intelectual destes livros é notável, e as formas como desafiam o nosso pensamento são um testemunho do poder da literatura”, considerou Lola Young, a presidente que, juntamente com a escritora Sarah Hall, o artista Tom Phillips e o presidente da Real Sociedade Literária britânica, Colin Thubron, completam o grupo de notáveis que avaliaram os manuscritos submetidos.

O prémio Man Booker, no valor de 50 mil libras (mais de 56 mil euros), distingue anualmente um livro de ficção escrito em inglês e publicado no Reino Unido no ano do galardão, independentemente da nacionalidade do autor. Relembro que o vencedor vai ser anunciado no dia 17 de outubro.

Em 2016, o norte-americano Paul Beatty foi o primeiro autor dos EUA a vencer o cobiçado prémio, com “O Vendido”, um romance, editado em Portugal, pela Elsinore no passado mês de Maio.

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