Literatura Contemporânea: Philip Roth despede-se da vida aos 85 anos

Foi o seu agente literário, Andrew Wylie, que divulgou a notícia da morte de Roth. A causa da morte deve-se a uma insuficiência cardíaca e ocorreu, no dia 22 de Maio, em Nova Iorque.

Aclamado pela crítica como uma das maiores figuras da literatura americana, o desaparecimento do escritor norte-americano Philip Roth, aos 85 anos, deixa um vazio imensurável. Uma das suas maiores conquistas aconteceu com o romance “Pastoral Americana”, a obra com a qual venceu o Prémio Pulitzer de Ficção em 1998 e que integrou, mais tarde, a sua “Trilogia Americana”, juntamente com “Casei com um Comunista” (1998) e “Mancha Humana” (2001).

Para o comité que, na época, lhe atribuiu o prestigiado prémio, “Desde o início da sua longa e prestigiada carreira, a ficção de Philip Roth tem frequentemente explorado a necessidade humana de demolir, de contestar, de resistir, e de se separar”.

Para além das obras já mencionadas, “O Complexo de Portnoy” (1969), “O Escritor Fantasma” (1979), “Teatro de Sabbath” (1995), “A Conspiração contra a América” (2004), “Indignação” (2008),e “Nemesis” (2012), o seu último romance, são outros exemplos da sua vasta produção literária.

A cidade de Newark viu-o nascer a 19 de Março de 1933, ironicamente, nesse mesmo ano, Hitler subiria ao poder na Alemanha, o que para a sua família, cujas raízes são judaicas, nunca seria visto com bons olhos.

Ainda que se tenha assumido como ateu, a educação judaica que recebeu. fruto de ser o 2º de dois filhos dos pais judeus ligados à classe média, influenciou, de forma extremamente vincada, toda a sua obra.

Roth licenciou-se em Estudos Ingleses, em 1957, na Universidade Bucknell, uma universidade privada localizada em Lewisburg, no estado da Pensilvânia, tendo trabalhado como professor, nos seus tempos livres, para garantir o seu sustento.

Após esse período, na qualidade de crítico de cinema, colaborou com o jornal New Republic e, ao mesmo tempo, iniciou uma esforçada tentativa de se tornar escritor, o que acabou por acontecer, um par de anos depois, com a publicação de “Goodbye, Columbus” que lhe valeu, quase de imediato, um National Book Award.

Nas suas obras, abordou temas como os judeus radicados nos EUA, o desejo sexual e a autocompreensão. Depois, é importante realçar que os monólogos íntimos tornaram-se na sua marca registada, ainda que lhes tenha adicionado um humor conturbado e uma energia marcadamente histérica.

Aliás, esses traços estão bem presentes na figura de Alexander Portnoy, o protagonista de “O Complexo de Portnoy” e no narrador desta obra que catapultou o autor para uma fama global.

Outro facto de extrema importância e que demonstra o seu peso para os americanos, mas não só, é que, até ao momento, foi o único autor americano a ter suas obras completas publicadas em vida pela Library of America, que tem como missão editorial preservar as obras consideradas como parte da herança cultural americana.

Em suma, o autor escreveu cerca de 30 livros, teve aproximadamente 60 anos de carreira e o seu legado é inquestionável.

No que diz respeito a Portugal, a maioria das suas obras foram editadas pela Dom Quixote.

Boas leituras!

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