O centenário de três autores latino-americanos, Clarice Lispector, Olga Orozco e Mario Benedetti, é assinalado, neste neste mês de novembro, com o ciclo “Três vezes Cem”, pela Casa da América Latina (CAL), em Lisboa, segundo o que foi divulgado no dia de ontem pela organização.
Entre os dias 23 e 27 deste mês, realizar-se-á o ciclo “Três vezes Cem” com curadoria do conselheiro cultural na embaixada de Portugal em Bogotá, Pedro Rapoula.
A começar pelo dia 23, o ciclo abre, pelas 18h, com leituras de obras dos três autores por Emília Silvestre, Francisco Gomes e Filipa Leal, acompanhados por Carla Algeri no bandoneón. De 24 a 26, a proposta passa por “conversas virtuais” sobre a obra dos três autores, a partir da página da Casa da América Latina (CAL), transmitidas no Facebook.
Entre outros, nestas conversas participam o norte-americano Benjamin Moser, autor de “Porquê Este Mundo – Uma Biografia de Clarice Lispector”, que lhe valeu o Prémio Itamaraty de Diplomacia Cultural, concedido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros do Brasil, a investigadora Clara Rowland, da Universidade Nova de Lisboa, a cantora uruguaia Diane Denoir, que foi amiga de Mario Benedetti, o escritor Rafael Courtoisie, jornalista e poeta uruguaio, vencedor do Premio Casa de América de Poesía Americana em 2014, e a escritora Hortênsia Campanella, autora de “Mario Benedetti, um mito discretíssimo”.
A moderação das três conversas está a cargo de Pedro Rapoula, da poetisa Raquel Marinho e da jornalista Ana Sousa Dias.
O ciclo termina com uma conversa com o autor argentino Alberto Manguel, nascido há 72 anos. Atualmente, com a nacionalidade canadiana, ele prepara a doação da sua biblioteca pessoal a Lisboa, para um futuro Centro de Estudos de História da Leitura (CEHL). A conversa será conduzida pelo jornalista Pedro Santos Guerreiro, que dirigiu o Jornal de Negócios e o semanário Expresso.
No que diz respeito ao trio de homenageados. tendo Clarice Lispector (1920-1977), como ponto de partida, ela era de ascendência judia, nasceu na Ucrânia naturalizou-se brasileira e escreveu toda a sua obra em português. Segundo o Instituto Ling/Centro Cultural de Porto Alegre, no Brasil, que celebrou o centenário da autora de “A Hora da Estrela”, Clarice Lispector “mudou os rumos da narrativa moderna com uma escrita singular, passando por diversos géneros, do conto ao romance, da crónica à dramaturgia, da entrevista à correspondência e, também, pelas páginas femininas”. No âmbito do centenário da autora de “A Paixão Segundo G.H.”, a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, do Brasil, tem ativo um projeto “online”, até 10 de dezembro próximo, no YouTube.
Seguidamente, temos a argentina Olga Orozco (1920-1999) que teve a sua estreia literária, em 1946, com o livro “Desde Lejos”. Entre outros galardões, recebeu o Prémio de Literatura Latino-americana Juan Rulfo, em 1998, e o Premio Konex de Honor, em 2004. O seu legado é preservado pela Casa-Museu Olga Orozco, em Toay, na província de La Pampa, no interior da Aegentina, a cerca de 630 quilómetros de Buenos Aires. Desta autora está publicado em Portugal “Cantata Sombria e Outros poemas” (1998), com tradução e notas de Fernando Pinto do Amaral.
Por último, quanto ao uruguaio Mario Benedetti, ele nasceu em Paso de Los Toros, no ano de 1920, e faleceu em maio do ano passado. Fez parte do denominado movimento cultural “Geração 45”, ao lado de nomes como Idea Vilariño e Juan Carlos Onetti. Este autor foi distinguido com o Prémio Jristo Botev, da Bulgária, em 1986, pelo conjunto de sua obra, pelo Prémio Ibero-americano José Martí, em 2001, e também pelo Prémio Internacional Menéndez Pelayo, em 2005, entre outras distinções. Em Portugal, da sua autoria, estão traduzidos, entre outros títulos, “A Trégua” (2007), “Obrigado pelo Lume” (2008) e “A borra do café” (2016). Está também representado na coletânea “Contos de Futebol” (2002).
Foto: Raul Martinez
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