Neste ano de 2024, a Feira do Livro de Bogotá, na Colômbia, que decorrerá de 17 de abril a 2 de maio, terá a presença das escritoras portuguesas Lídia Jorge e Inês Castel-Branco. Além disso, o mote desta edição será a natureza e o Brasil estará presente como país convidado.
A 36.ª edição da Feira do Livro de Bogotá (FILBO), que terá lugar no recinto de feiras Corferias, na capital colombiana, contará com a participação de convidados de 22 países, num evento literário que se debruçará sobre o tema “Ler a natureza”.
Segundo a página de Instagram da FILBO, Lídia Jorge é apresentada como “uma das vozes mais reconhecidas da literatura portuguesa contemporânea”. Por outro lado, também a representar o nosso país naquela cidade, estará a autora, ilustradora e editora de livros infantis Inês Castel-Branco.
De acordo com a organização deste evento, Lídia Jorge, galardoada com vários prémios, incluindo o Grande Prémio de Literatura em Línguas Românicas da FIL (2020) e o Prémio Médicis Estrangeiro (2023), vai apresentar na feira o seu mais recente romance, “Misericórdia”, escrito após a morte da mãe.
Na sinopse pode ler-se “Misericórdia é um dos livros mais audaciosos da literatura portuguesa dos últimos tempos. Como a autora consegue que ele seja ao mesmo tempo brutal e esperançoso, irónico e amável, misto de choro e riso, é uma verdadeira proeza.
Não são necessárias muitas palavras para apresentá-lo – o diário do último ano de vida de uma mulher incorpora no seu relato o fulgor das existências cruzadas num ambiente concentracionário, e transforma-se no testemunho admirável da condição humana.
Isso acontece porque o milagre da literatura está presente. Nos tempos que correm, depois do enfrentamento global de provas tão decisivas para a Humanidade, esperávamos por um livro assim. Lídia Jorge escreveu-o.”
A participação de Inês Castel-Branco integra-se num programa intitulado “Ler a natureza a partir da literatura infantil e juvenil”, juntamente com outros autores de livros para crianças e jovens.
Outro ponto que mereceu ser assinalado pela organização foi o facto de que Inês Castel-Branco fundou a editora Akiara Books, especializada em livros para crianças pequenas, que exploram a poesia, a ciência, a filosofia, os problemas sociais, as diferenças culturais e, em geral, as grandes questões.
“Na FILBO 2024 queremos dedicar o programa cultural e académico ao mundo natural e às formas alternativas de vida que este propõe, numa altura em que a humanidade parece precisar delas”, lê-se na página oficial deste evento.
Sobre a participação do Brasil como país convidado de honra, a organização sublinha que o objetivo é colocar o foco no diálogo “sobre esse encontro de cultura e natureza numa mesma existência”, com o poder de “abrir conversas ancestrais, diversas e contemporâneas, lembrando-nos da herança dos biomas culturais”.
A Casa da América Latina recorda, na sua página, que esta é a terceira vez que o Brasil será o país convidado de honra da feira colombiana, tendo participado pela primeira vez em 1995 e a segunda em 2012.
Entre os vários autores já confirmados para o evento incluem-se nomes como os dos espanhóis Rosa Montero (“A louca da casa” e “O perigo de estar no meu perfeito juízo”), Jorge Carrión (“Livrarias” e “Contra a Amazon”) e Santiago Posteguillo, um dos autores mais lidos na Colômbia, a chilena Lina Meruane (“Sistema nervoso”), o argentino Eduardo Sacheri (“O segredo dos seus olhos”) ou a francesa Muriel Barbery (“A elegância do ouriço”).
A FILBO contará com um programa literário, cultural, académico e profissional, que reunirá todos os intervenientes da cadeia do livro, juntamente com editores, distribuidores e livreiros brasileiros, numa exposição literária, cultural e profissional completa, com a presença de 500 expositores e cerca de 2.000 atividades.
Graças ao seu programa, a FILBO, que é organizada desde 1988 pela Câmara Colombiana do Livro e a Corferias (Corporação de Feiras e Exposições), é considerada o evento cultural mais importante da Colômbia.
Sobre a autora:
Nascida em 1946, no Algarve, a romancista e contista portuguesa Lídia Jorge viveu os anos mais conturbados da Guerra Colonial em África. Foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social. É professora do ensino secundário e publica regularmente artigos na imprensa. O tema da mulher e da sua solidão é uma preocupação central da obra de Lídia Jorge, como, por exemplo, em “Notícia da cidade silvestre” (1984) e “A costa dos murmúrios” (1988). “O dia dos prodígios” (1979), outro romance de relevo, encerra uma grande capacidade inventiva, retratando o marasmo e a desadaptação de uma pequena aldeia algarvia. “O vento assobiando nas gruas” (2002) é mais um romance da autora e aborda a relação entre uma mulher branca com um homem africano e o seu comportamento perante uma sociedade de contrastes. Este seu livro venceu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores em 2003. Venceu o Prémio FIL de Literatura em Línguas Românicas 2020. Com “Misericórdia” (2022, ed. Publicações Dom Quixote), venceu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, o Prémio Urbano Tavares Rodrigues, o Prémio do PEN Clube Português, o Prémio Fernando Namora e o Prémio Médicis.
Sugestão de leitura:
Leitores residentes em Portugal:
“Misericórdia”, de Lídia Jorge (Publicações Dom Quixote, Wook):
https://www.wook.pt/livro/misericordia-lidia-jorge/27469729
Boas leituras!