Foi eleito pela revista Granta, no ano de 2012, como um dos melhores escritores brasileiros, antes dos 40 anos. E a, agora, curta carreira escritor e crítico literário, promete, dado que foi, recentemente, anunciado como o vencedor do Prémio Anna Seghers de Literatura de 2018. Para os mais desatentos, o galardão germânico foi criado há três décadas e visa incentivar os novos talentos das literaturas alemã e latino-americana. A cerimónia de entrega realiza-se a 23 de Novembro, na Academia das Artes de Berlim. Quanto ao valor do montante atribuído ao vencedor, Fuks vai receber 8 mil euros.
Nascido em São Paulo e filho de pais argentinos, Julián Fuks é, actualmente, um dos escritores mais respeitados, no cenário da literatura de língua portuguesa. Com o seu romance “A Resistência”, um livro publicado, no Brasil, pela Companhia das Letras, em 2015, e, em Portugal, pela sua filial portuguesa, em 2016, o autor arrecadou o Prémio Jabuti, ainda nesse mesmo ano, e o Prémio José Saramago, no ano seguinte. Além disso, convém realçar que a obra foi, também, finalista do Prémio São Paulo de Literatura e obteve um 2º lugar no Prémio Oceanos.
Os seus pais pisaram, pela primeira vez, o solo brasileiro no ano de 1977, um ano após o golpe militar ocorrido na terra do tango. No que diz respeito à profissão escolhida por Mario e Lucia Barbero Fuks, ambos, são psicanalistas. Se ainda não leu a premiada obra de Julián Fuks, a premissa gira, exactamente, ao redor do seu núcleo familiar e das inúmeras questões que foram retratadas naquele consultório. Adicionalmente, revelo que a narrativa foi escrita, a pedido do seu irmão, Emi.
Voltando atrás no tempo, aquando do lançamento da obra, Julián afirmou:
“A resistência” me rendeu muita coisa. Ou seja, está dando para viver disso. Ao mesmo tempo, sei que é circunstancial e passageiro. Então, tenho que buscar outras formas de sobreviver ligadas à escrita.
Existe, igualmente, um facto que merece destaque, visto que, “Histórias de literatura e cegueira” (2007) e “Procura do romance” (2012), já tinham sido finalistas dos Prémios Jabuti e Oceanos.
Curiosamente, nesta edição de 2018, aconteceu algo inédito, uma vez que foram distinguidos, dois autores. Para além de Julián Fuks, Manja Präkels, uma jovem autora berlinense, neste momento, sem qualquer obra publicada em terras de Vera Cruz, venceu com “Als ich mit Hitler Schnapskirschen aß” (“Quando eu jantei conhaque de cerejas com Hitler”, em tradução livre), o seu romance de estreia, publicado em 2017, o que lhe possibilitou, ainda, uma indicação para o Prémio da Literatura Jovem Alemã de 2018.
Por fim, em jeito de curiosidade, informo que o Prémio Anna Seghers é uma homenagem à escritora alemã de mesmo nome, conhecida por retratar experiências traumáticas da Segunda Guerra Mundial. Seghers faleceu em 1983, tendo deixado escrito, no seu testamento, um desejo: utilizar todo o dinheiro proveniente dos direitos de autor de todas as suas obras, para descobrir novos talentos da literatura.
Boas leituras!