O único escritor de língua portuguesa que venceu um Nobel de Literatura, José Saramago, é homenageado por ocasião da celebração do 7º aniversário da sua morte.
Foi no dia 18 de Junho de 2010 que as redacções do mundo inteiro noticiaram o desaparecimento do mestre Saramago. Jornalista (dirigiu o centenário Diário de Notícias), poeta, dramaturgo, cronista, contista, ensaísta, tradutor, são, sobretudo, os seus romances que o elevam a um patamar quase transcendente.
Na sua vasta produção literária que conta com aproximadamente 40 títulos, desenvolveu um estilo de escrita que quebrou todas as convenções tradicionais. Disse não às frases começadas com letra maiúscula, desistiu da utilização do travessão para indicar o início de um diálogo, adoptou uma escrita em forma de fluxo de pensamento, especialmente, nos seus romances. As suas frases longas eram apenas separadas por vírgulas.
Durante muitos anos, todos os seus livros, editados em Portugal, saíram pela Editorial Caminho, uma chancela da LeYa Portugal. Actualmente, as obras do Nobel de Literatura de 1998, são editadas pela Porto Editora.
“A jangada de pedra”, “Terra do pecado”, “Levantado do chão”, “O ano da morte de Ricardo Reis”, “História do cerco de Lisboa” ou, ainda, “O evangelho segundo Jesus Cristo”, são apenas alguns dos seus romances publicados.
Todavia, destaco dois que muito contribuíram para o reconhecimento da sua obra além-mar:
“Ensaio sobre a cegueira”, editado originalmente no ano de 1995, transporta-nos para uma viagem vertiginosa a um mundo ficcional e incógnito, onde, repentinamente e sem qualquer explicação plausível, todos começam a sofrer de uma cegueira rara e a ver o mundo totalmente branco. Um romance contundente que abre os olhos aos leitores. Um alerta preocupado, através do uso das palavras, para a degradação da sociedade. Uma prova irrefutável da sua responsabilidade cívica que não deixa por mãos alheias. Esta narrativa foi adaptada ao cinema pelo realizador brasileiro Fernando Meirelles em 2008.
“Memorial do convento”, editado em 1982, é considerado por muitos como a sua obra-prima. Há muito que faz parte das obras de leitura obrigatória para os alunos do 12.º ano em Portugal. Neste romance, no qual Saramago quis imortalizar todos aqueles que construíram o megalómano Convento de Mafra que foi mandado erguer por D. João V, é o romance entre Blimunda e Baltasar (Sete-Luas e Sete-Sóis, respetivamente), que despoleta a magia e admiração de todos os que leem esta obra. Esta relação está repleta de elementos fantasiosos, onde o Sonho é um dos temas abordados de uma forma ímpar. Esta história foi determinante para a atribuição do Nobel de Literatura de 1998 pela Academia Sueca.
Neste domingo, ao final da tarde, José Saramago é homenageado no último dia da 87ª edição da Feira do Livro de Lisboa com uma atuação do músico português Manuel Freire. Esta iniciativa especial decorrerá no espaço “Autores que nos unem” da Porto Editora.
Foto: José Saramago por Pedro Walter
Sobre o autor:
Nascido a 16 de Novembro de 1922, na aldeia de Azinhaga, José Saramago foi obrigado, devido a dificuldades económicas, a interromper os estudos secundários, tendo, a partir desse momento, exercido diversas atividades profissionais: serralheiro mecânico, desenhista, funcionário público, editor, jornalista, entre outras. O seu primeiro livro foi publicado em 1947. No entanto, só em 1976, é que passou a viver, exclusivamente, da literatura, primeiramente, como tradutor e depois, como autor. Romancista, dramaturgo, cronista e poeta, em 1998, tornou-se o primeiro autor de língua portuguesa a receber o Prémio Nobel de Literatura.
Boas leituras!