Em virtude da comemoração da publicação da obra \”Não verás país nenhum\”, de Ignácio Loyola Brandão, há quatro décadas atrás, a Global vai trazer-nos uma nova edição desta narrativa de cariz distópico com um novo projeto gráfico, material de apoio e um texto do próprio autor que explica como surgiu a ideia do conto \”O homem do furo na mão\” que, depois, viria a dar origem a este livro.
Nesta sua proposta de narrativa, ambientada num futuro não determinado, a água é um produto de luxo, o calor está insuportável e o ser humano assiste ao desaparecimento de áreas verdes e rios, e o que resta são flores artificiais e montanhas de lixo. Além disso, há controle de informação, a população cresce desenfreadamente, a polícia atrapalha mais do que ajuda e a alienação parece ter-se transformado em regra.
Qualquer semelhança com a realidade de hoje não é mera coincidência. Na capa de \”Não verás país nenhum\” há um QR Code que leva o público a um vídeo exclusivo, no qual Ignácio comenta as sinistras previsões de sua obra e tudo o que acabou por se concretizar, dado que a ONU anunciou que os danos ao meio ambiente são irreversíveis.
É importante salientar que este romance é o segundo de uma trilogia iniciada por \”Zero\” (1975) e concluída com \”Desta terra nada vai sobrar, a não ser o vento que sopra sobre ela\” (2018). Ainda que os livros não tenham continuidade entre si, eles conversam por meio de uma pena pouco confiante em relação ao futuro da humanidade.
Foto: Ignácio de Loyola Brandão por André Conti
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Sobre o autor:
Ignácio de Loyola Brandão nasceu em Araraquara (SP), em 31 de julho de 1936. Jornalista, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras, publicou dezenas de livros, entre romances, contos, crónicas e viagens, além de ter participado de várias antologias. Filho de um ferroviário, tornou-se crítico de cinema aos 16 anos, quando soube que os críticos não pagavam para ir ao cinema. Assim enveredou pelo jornalismo. Em 1957, mudou-se para São Paulo e foi trabalhar no jornal Última Hora como repórter. Estreou com um livro de contos sobre a noite paulistana, \”Depois do Sol\”. O seu primeiro romance, \”Bebel que a Cidade Comeu\” foi publicado em 1968. Em 1974, o romance \”Zero\”, a sua obra mais conhecida, foi editado em Itália. Editado no Brasil no ano seguinte, o livro foi proibido em 1976 pelo Ministério da Justiça do governo Geisel. A obra só voltou a ser vendida a partir do ano de 1979. Em 1993, iniciou uma colaboração semanal no jornal O Estado de S. Paulo. Em 1996, submeteu-se a uma cirurgia para a retirada de um aneurisma cerebral e registou a experiência no livro \”Veia Bailarina\”, em 1997. Tendo como cenário a ditadura militar e o exílio, a sua obra romanesca faz uma crítica amarga da sociedade brasileira, mas também fala de amor e solidão. Em julho de 2001, por ocasião do seu aniversário, foi homenageado pelo Instituto Moreira Salles, com a publicação da sua vida e obra no volume 11 da série \”Cadernos de Literatura Brasileira\”. Em 2008, o romance \”O Menino que Vendia Palavras\” ganhou o Prêmio Jabuti de melhor livro de ficção do ano. Nas suas crónicas, as referências à infância em Araraquara, aos colegas de geração e ao quotidiano da cidade de São Paulo são frequentes.
Sugestão de Leitura:
Leitores residentes em Portugal:
“Não verás país nenhum”, de Ignácio de Loyola Brandão (Ulisseia, Wook):
https://www.wook.pt/livro/nao-veras-pais-nenhum-ignacio-de-loyola-brandao/10892571
Leitores residentes no Brasil:
“Não verás país nenhum”, de Ignácio de Loyola Brandão (Global Editora, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/nao-veras-pais-nenhum-29-ed-2021/artigo/b7e50abd-e216-49a8-a8bf-b29d8ddcc45a
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Boas leituras!