Um dos livros mais importantes da literatura brasileira contemporânea, “Dois Irmãos” tem vindo a conquistar gerações de leitores desde a sua publicação em 2000. Venceu o Prémio Jabuti, o mais prestigiado prémio literário do Brasil. Foi com o mesmo entusiasmo desses leitores que os premiados autores de banda desenhada Fábio Moon e Gabriel Bá, que tal como Omar e Yaqub são irmãos gémeos, embarcaram na missão de adaptar a obra de Milton Hatoum para um romance gráfico. A sua adaptação venceu um Prémio Eisner para Melhor Adaptação Literária, um Prémio Harvey para Melhor Álbum Estrangeiro e o Troféu HQ Mix para Melhor Adaptação. Quanto à edição portuguesa, editada pela G. Floy Studio, neste mês de Janeiro, é de capa dura tem 232 páginas com ilustrações a preto e branco.
Omar e Yaqub são irmãos gémeos e, ainda que partilhem as mesmas feições, são totalmente diferentes um do outro. Adicionalmente, o amor possessivo de Zana, a sua mãe, vai agitar o já difícil conflito entre ambos, até ao evento que irá, precisamente, desencadear o drama no centro deste relato…
Yaqub, o “filho bom”, é enviado do seu Brasil natal para viver com familiares no seu Líbano ancestral. Acaba por regressar, cinco anos depois, transformado, a um país que, para ele, já é estranho, e passa a conviver com um irmão que ele continua a detestar.
Estes segredos de família irão mergulhar o leitor numa saga sobre identidade, amor, perda, enganos e a destruição de laços familiares, ambientada em Manaus, na década de cinquenta.
Talvez, a distância no tempo entre a publicação do primeiro e a publicação do segundo romance possa ser vista como uma evidência do número de versões que o romance \”Dois irmãos\” mereceu, num esforço que foi recompensado, uma vez que, ainda hoje, esta narrativa é estudada nas escolas brasileiras.
“Os segredos e mentiras complexos que residem no coração desta família têm como pano de fundo paisagens e vistas quase cinemáticas. Bá e Moon representam poderosamente o dinamismo naturalista do Brasil na sua arte: formas orgânicas, fluidas, dramáticas, contrastadas com o lado angular e duro das suas personagens. A sua arte a preto e branco forte, carregada e dinâmica, consegue expressar as subtilezas da tensão quase palpável, mas muito contida, entre os membros da família, um brutal espancamento às mãos da polícia, ou o erotismo electrizante de uma dança exótica. Bá e Moon trazem para esta narrativa a sua elegância confiante e decidida, e conseguem reflectir nela as graduações de cinzentos que existem nesta tremenda saga familiar.” — Publishers Weekly
Foto: Fábio Moon (à esquerda) e Gabriel Bá; Fonte: Facebook
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Sobre os autores:
Fábio Moon e Gabriel Bá são irmãos gémeos e nasceram em 1976, em São Paulo. Publicaram o seu primeiro fanzine de BD em 1993, e em 1997 lançaram o fanzine 10 “Pãezinhos”, que venceu o prémio HQ Mix de melhor fanzine e de artistas revelação em 2000. Nestes mais de vinte anos, os dois produziram BD para o mercado brasileiro e internacional, incluindo as séries “Daytripper”, “The Umbrella Academy” (com Gerard Way, editado em Portugal pela Devir) ou Casanova (com Matt Fraction). Em 2008, “O Alienista”, a sua adaptação do clássico de Machado de Assis, recebeu o prémio Jabuti. “Daytripper” (editado em Portugal pela Levoir), estreou em primeiro lugar na lista de mais vendidos do New York Times e ganhou os prémios Eisner Award e Harvey Award (Estados Unidos), o Eagle Award (Reino Unido), o prémio de melhor BD no festival Les Utopialles, em Nantes, e entrou na seleção oficial do Festival International de la Bande Dessinée d’Angoulême 2013 (França).
Milton Hatoum nasceu, em 1952, na cidade de Manaus, capital do estado do Amazonas, no Brasil. Estudou Arquitetura na Universidade de São Paulo e a sua estreia na ficção aconteceu com “Relato de um certo Oriente”, romance publicado em 1989 e vencedor do prêmio Jabuti de melhor romance do ano. Surgiu, 11 anos depois, “Dois Irmãos”, o seu segundo romance, mais um que mereceu outro Jabuti, foi traduzido para doze idiomas e adaptado para a televisão, teatro e até Banda Desenhada. Com “Cinzas do Norte”, editado 2005, Hatoum ganhou os prêmios Jabuti, Bravo!, APCA e Portugal Telecom, sendo que este último é conhecido, actualmente, como o Prêmio Oceanos. No ano seguinte, editou “A Cidade Ilhada”, uma reunião de contos breves. Em 2008, a sua primeira novela, “Órfãos do Eldorado”, foi adaptada para o cinema, e em 2013 teve as suas crónicas reunidas em “Um Solitário à Espreita”. Em 2017, publicou “A Noite da Espera”, o primeiro livro da trilogia “O Lugar Mais Sombrio”, onde ele se propôs abordar o período da ditadura militar que assolou o Brasil. Nesse mesmo ano, recebeu o título de Officier de L\’Ordre des Arts et des Lettres, entregue pelo governo francês. Já em 2019, publicou \”Pontos de Fuga\”, o segundo volume trilogia pela Companhia das Letras.
Sugestões de Leitura:
“Dois Irmãos”, de Milton Hatoum – Adaptação: Fábio Moon e Gabriel Bá (G. Floy Studio, Wook):
https://www.wook.pt/livro/dois-irmaos-milton-hatoum/23789432
“Dois Irmãos”, de Milton Hatoum (Companhia das Letras Portugal, Wook):
https://www.wook.pt/livro/dois-irmaos-milton-hatoum/19842417
Leitores residentes no Brasil:
“Dois Irmãos”, de Milton Hatoum – Adaptação: Fábio Moon e Gabriel Bá (Companhia das Letras, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/dois-irmaos/artigo/19a8d6a6-0cc1-4a59-b9cf-87ab766aa23a
“Dois Irmãos” de Milton Hatoum (Companhia das Letras, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/dois-irmaos/artigo/9496ebae-3681-486c-b6cb-b87119a29551
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